Análise – Battletoads

Rash, Zitz e Pimple voltam depois de uma longa hibernação, será que os icônicos sapos da Rare ainda conseguem usar suas longas e rápidas línguas direito? É isso que eu vou te responder agora!

Release Date
20/08/2020
Desenvolvido por
Dlala Studios
Publicado por
Rare
Só para deixar bem claro, são sapos e não pererecas, sabendo disso vamos conversar um pouco sobre o ressurgimento dessas figuras. Battletoads foi uma franquia ligeiramente famosa da geração 8/16 bits, seus jogos eram bem conhecidos pela dificuldade nada amistosa, gráficos interessantes e pelos pés gigantes do Rash.

Durante um bom tempo a franquia foi negligenciada pela Rare, que passou por fases turbulentas, deixando a Nintendo e sendo acoplada ao escopo da Microsoft, e com a ascensão do Kinect, sobrou pra Rare desenvolver jogos pro acessório, até voltar de forma competente, só que mais uma vez turbulenta, em Sea of Thieves.

Mas eis que o tempo, aquele que cura tudo, nos presenteia com um novo game desses sapos cheios de marra, não pelas mãos da Rare, mas sim pelo pequeno estúdio indie Dlala Studios. Um estúdio independente de pouca bagagem, mas com muita personalidade e potencial.

Armas lasers, armas medievais ou cusparadas, a escolha é sua!

Sapo cururu, da beira do rio…

Não vou me alongar muito aqui e vou bater a real, eu adoro Beat ‘em up, era um dos estilos que eu mais jogava na infância, e já crescidinho, quase um senhor, ainda me divirto andando em cenários da esquerda pra direita, alguns títulos mais recentes fizeram minha cabeça, como o não tão recente assim Castle Crashers, e o novíssimo Streets of Rage 4, então, era de se esperar uma certa ansiedade minha quanto a esse novo Battletoads.

Até joguei ele na BGS (e odiei como a maioria), mas como todo bom beato do estilo, resolvi esperar, e não me arrependi, parece que os desenvolvedores ouviram nossos feedbacks e nos trouxeram um jogo com uma jogabilidade muito esperta, bons requintes de produção (dentro das limitações orçamentárias dele) e um charme irresistível, mesmo que em alguns momentos lhe cause estranheza, a essência de Battletoads, e dos jogos dos anos 80/90, estão todas aqui.

Dash de fraldinha é a coisa mais engraçada que você vai ver hoje

Brincando com seu próprio legado

Battletoads ressurge de um grande hiato, e o jogo faz piada disso logo no começo. Nosso heróis foram esquecidos em um bunker por longos 20 anos, e perderam toda e qualquer relevância que tinham após derrotar sua grande vilã, a Dark Queen, e se lançarem no estrelato. De volta ao mundo real, tiveram que ganhar a vida e se sujeitar a empregos normais, uma verdadeira tragédia para sapos porradeiros, principalmente para o Rash, com toda a sua marra e estilo de superstar.

O jogo tem um jeito próprio de contar sua história, oscilando entre cenas animadas com alguns diálogos, as vezes até bem extensos para esse estilo de jogo, e também durante as batalhas, com balõezinhos no estilo dos quadrinhos. O senso de humor do jogo é bem peculiar, a Dlala Estudios fez questão de dar ao Sapos um humor sarcástico irresistível, combinando piadas constrangedoras com leves conotações sexuais, nada que saia muito de uma segurança infanto-juvenil, mas suficiente pra arrancar algum sorriso do pessoal mais velho. Eu fiquei feliz com essa abordagem, já que o estilo gráfico ousado só combinaria com personagens mais extravagantes.

Do auge da fama à boca do lixo

Falando em gráficos, aqui o sapo não morre pela boca (ou o peixe, sei lá)

Falar dos gráficos talvez seja um dos pontos mais polêmicos desse jogo, claro que por parte de alguns jogadores, fica a decepção pela escolha artística, muitos esperavam gráficos foto realistas, como os vistos no Rash do Killer Instinct, ou quem sabe um requinte visual de cores mais apurado, puxando para jogos como Ori.

O ponto é, pessoas que ainda não viram o jogo rodando no videogame, ou simplesmente viram apenas por foto, dificilmente vão conseguir julgar de forma correta toda essa escolha visual proposta para o jogo. E não, ele não parece um jogo feito no flash, não parece um jogo de navegador e está longe de ter gráficos ruins.

O visual do jogo é muito agradável, a escolha artística é acertada com o tom proposto pelo conjunto do game, e as animações, tanto dos personagens como dos inimigos, foram absurdamente bem trabalhadas, a fluidez dos movimentos dos sapinhos mostra que houve um trabalho muito bem apurado em realçar os golpes exagerados que já eram existentes nas versões antigas. Fica um destaque para as animações fora do jogo, com um colorido em cores chapadas irresistível, com aquela carinha de chiclete dos anos 80 que adoramos, um ponto muito acertado.

Os cenários também são bem legais, muito bem desenhados, algumas fases possuem diversas camadas de trabalho visual, mesmo nos Turbo Tunnels, que são mais simples, é possível ver um capricho.

O Rash usando o dash

No som, nada de galinha pintadinha

Outro ponto muito bem acertado neste game é a excelente trilha sonora, eles não esqueceram dos elementos nostálgicos que permeiam o jogo, e trazem a música tema de volta com novos arranjos, guitarras nervosas e tudo o que se tem direito. A trilha sonora de alta qualidade não salta pra fora em nenhum momento, dando todo o tom e personalidade que esse jogo precisa.

Na parte dos efeitos, algumas surpresas, eles casam muito bem com jogo, você não vai cansar de ouvir a locomotiva de Pimp, ou a pesada de Rash na cara dos inimigos. Vale destaque também para as vozes dos sapinhos, todas hilárias e muito bem interpretadas, algo importante em um jogo em que diálogos não faltam.

Desafio de menos

Os antigos Battletoads eram infernais, a Rare tinha na época designers de fases absolutamente sádicos, que agulhavam cachorrinhos filhotes na calda enquanto ouviam sons de giz sendo arranhados, eles eram absolutamente difíceis, ainda mais para crianças, como a maioria de nós na época.

Mas parece que os desenvolvedores quiseram criar um produto mais acessível, com três níveis de dificuldade, Battletoads até entrega momentos mais difíceis, como as fases que envolvem velocidade, mas nada quem um rápido aprendizado decoreba não resolva, sendo que o modo Girino, equivalente ao fácil, eu só recomendaria caso você queira jogar com o seu filho. No modo mais difícil, é possível encontrar um desafio, mas ainda sim fica longe do que víamos nas versões 8 e 16 bits.

Esse desafio mais brando é uma faca de dois gumes, se por um lado o jogo acaba ficando mais acessível para a maioria das pessoas, ele também encurta a duração do jogo, que não é lá das maiores, o que é também um dos pontos mais discutíveis do game.

Alguns minigames são hilários…

Diversão de mais

Esse novo Battletoads é um jogo peculiar, apesar de ser considerado um beat´m´up, boa parte do jogo você não passará dando porrada em inimigos esquisitos, o jogo tem diversos minigames durante a jornada, eles trazem uma quebra na repetitividade, mas podem frustrar quem só queria socar tudo pela frente.

Confesso que me diverti com os minigames inusitados que o jogo traz, e eles são bem variados e distintos, sendo ainda mais engraçados jogando com 1 ou 2 amigos, muitos deles exigem cooperação, timing e entrosamento.

Quanto a mecânica durante as lutas, ela funciona bem, conseguiram dar ao jogo uma certa complexidade na mecânica de golpes, podendo emendar combos trocando de um sapo pro outro, além de golpes de puxão, sequências aéreas de golpes fortes e fracos e também uma esquiva rápida. É notável que o jogo ficou bem mais rápido que o visto em demos antigas, e no meio da confusão dos inimigos, agilidade para escapar de investidas vira uma arma essencial. Ainda que não tenha o refino técnico de jogos no mesmo estilo, como o já citado Streets of Rage 4, no final fizeram um bom trabalho, que poderia ser desastroso.

Que tal usar a pia de casa contra um sorveteiro megalomaníaco?

Nem todo sapo é príncipe

Apesar de ter adorado o jogo, Battletoads está longe de ser um game perfeito, alguns pormenores acabam por deixar a experiência com uma sensação de que podia ser muito melhor. Na parte narrativa, apesar do jogo ser bem conduzido, ela corre algumas vezes de forma abrupta demais, como se faltassem partes da história. Em alguns momentos eu ficava sem entender do quê eles estavam correndo, de quem eles estavam falando e por que estavam enfrentando um bicho enorme.

Outro ponto questionável no jogo é a inadmissível falta de um coop online, é de se entender que seja um game de baixo orçamento, mas poxa, estamos falando de uma franquia, cujo a dona é uma das maiores empresas do mundo, então essa escolha me parece injustificável, e espero que algum patch corrija antes do jogo ficar frio que nem pele de sapo.

Um terceiro ponto a se falar é o fator replay do jogo, apesar de haver um certo desafio em coletar as esmeraldas do jogo, a campanha principal é muito curta. Nos modos de dificuldade girino e sapo, é possível concluir o jogo em pouco mais de 3 horas, mais uma vez isso bate na tecla do baixo orçamento, e no fim fica só aquela vontade de jogar mais dessa belezinha, algo que se acaba depois de terminar todos os níveis de dificuldade.

 

Uma aventura irresistível

Battletoads ressurge das cinzas (ou do bunker mágico como preferir) de forma absolutamente crocante, um jogo muito divertido, colorido e carismático, que veio sem dúvidas para alegrar, de forma diferente, crianças e adultos. Alguns pormenores devido ao baixo orçamento não comprometem a experiência no final, mas deixam um gostinho de mosca no céu da boca.

Se você é fã da franquia original, JOGUE. Se não é fã, jogue também, você vai amar esses sapos, só não pegue na mão do Rash.

Battletoads foi lançado dia 20 de agosto de 2020 para Xbox One e Windows 10.
Análise – Battletoads
Conclusão
Battetoads retorna com uma personalidade irresistível e gráficos super animados. Um Beat´m´Up cheio de personalidade que merece fazer parte da sua biblioteca.
Gráficos
8
Som
9
Jogabilidade
7.8
Diversão
9
Replay
6
Prós
Personalidade única
Jogabilidade variada e acertada
Trilha sonora matadora
Rash, Zitz e Pimple
Contras
Falta de um Co-op Online
Curta duração
Cortes abruptos na narrativa
8
Viciante
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[…] Uma coisa que me chamou a atenção quando joguei o novo Battletoads foi o uso do analógico direito para atirar com a nave. Caro leitor, se você ainda não jogou o novo game dos sapos porradeiros ou se tem alguma dúvida se vale a pena, tem uma análise ótima aqui no site sobre ele, para ler basta clicar aqui. […]