Na minha opinião The Falconeer é uma obra de arte em formato digital, pelo menos no aspecto gráfico. O estilo artístico adotado pelo desenvolvedor é de saltar os olhos e o resultado fica mais impressionante quando levamos em consideração que o game foi feito por apenas um homem.
Uma obra de arte tende a suscitar opiniões diferentes e isso depende de como a pessoa interpreta a obra em questão. The Falconeer é um jogo, que ao meu ver, terá pessoas que vão amar e outras que vão odiar. Tomas Sala é o artista por trás do título, já a publicação ficou a cargo da publisher Wired Productions.
Quero compartilhar com vocês a minha experiência com o jogo e os conflitos internos que tive na medida que eu avançava no game.
Um mundo em conflitoA história do game se passa no Great Ursee, um mundo de oceanos agitados e de céus tempestuosos. Onde uma guerra está em andamento, colocando em perigo a estabilidade econômica e política do lugar.
As cidades foram construídas em pequenas porções de terra, sendo a sua maioria grandes montanhas. Os povos são divididos em facções e a tensão política é o que move aquele mundo.
As facções são: Mancers, Freebooters, Imperium, Civilians e Rogue Pirates. Cada uma delas com seus próprios interesses, objetivos, pontos fracos e fortes. A mais poderosa é a Mancer, que detém a maioria da tecnologia daquele mundo.
No meio do oceano há um lugar místico, conhecido como a grande falha. Um lugar que misteriosamente tem uma fenda que separa as águas de uma maneira mágica, deixando uma parte do oceano em seco.
A estrutura da história e os personagensO game é dividido em capítulos, sendo que em cada um deles selecionaremos um personagem diferente. A ideia é assumirmos lados opostos da história, tendo a possiblidade de vivenciar uma parte do conflito por outra perspectiva.
Eu achei interessante essa parte, lembra um pouco o seriado Game of Thrones, mas durante o gameplay percebi que não ficou legal. Ao meu ver, não há informação suficiente para nos conectarmos com o nosso personagem, muito menos para entendermos as suas motivações e opinião com relação ao que está acontecendo. Depois de uma série de missões a sensação que tive era de estar controlando o mesmo personagem, mesmo trocando de capítulo.
Outro ponto que me desapontou foi o relacionamento entre jogador e falcão. Ele é praticamente inexistente. O animal está ali, para nos levar para qualquer lugar daquele mundo, e mesmo assim, a nossa relação com ele se baseia em apenas modificações e upgrades.
Uma outra coisa que me incomodou foi a explicação das missões. Toda vez que iniciamos uma quest um ou mais personagens explicam o que devemos fazer, de fundo fica o mapa, onde um estandarte muda de posição, movendo-se de acordo com a explicação do personagem. Eu vi essa tela tantas vezes, que chegou um hora que comecei a pular ela. Eu acredito que seria melhor recebermos as instruções enquanto estamos nos dirigindo ao objetivo, porque temos que cobrir longas distâncias com os nossos falcões.
Domando o seu falcão
O prólogo serve de tutorial e também fornece uma pincelada sobre os rumos da história. Com relação aos controles, eles são simples e respondem muito bem aos comandos. É muito relaxante sobrevoar o oceano controlando o nosso falcão.
Com o analógico esquerdo controlamos o animal, com o analógico direito controlamos a câmera, podendo olhar ao redor. Se colocarmos o direcional para a direita/esquerda e pressionarmos o botão LB o animal executará uma rolagem lateral. Além disso, se pressionarmos apenas o botão LB o falcão ganhará velocidade. Isso só será possível se a barra de fôlego não estiver esgotada.
Na parte inferior da tela temos duas barras: a laranja é a barra de vida, a outra azul é a do fôlego do animal. Para recuperarmos as nossas energias teremos que pescar. Essa mecânica é simples, direcione o seu falcão para o mar, dando um rasante em algum local que tenha peixes pulando. Assim que o animal pegar um, pressione o botão RB para consumi-lo. Para recuperarmos o fôlego será necessário direcionar o seu pássaro para baixo. Na medida que descemos a barra vai enchendo.
Sendo bem sincero, as escolhas para recuperação das duas barras são muito ruins. Já imaginou fazer isso no meio de um combate? Então, eu estava no meio de uma luta, o bicho tava pegando, de repente surgiu uma espécie de Kraken, fiquei bem empolgado com a situação, mas o meu nível de energia estava baixo, me forçando a buscar um local seguro para “pescar”. Resolvi ficar atrás de uma pequena montanha. Quando terminei de fazer isso, o Kraken havia desaparecido, na verdade, pelos sons, ele tinha sido derrotado pelos meus companheiros. Isso me deixou extremamente aborrecido.
Em outros momentos me vi obrigado a descer diversas vezes para tentar encher a barra de fôlego a tempo, porque eu não estava conseguindo mais executar as rolagens laterais, pois os inimigos não paravam de atacar. A cada tiro que eu tomava, a irritação/frustação me tomava. Como vencer os inimigos dessa forma? Existem upgrades que poderão ajudar, mas na boa, a escolha para esse tipo de mecânica que será usada constantemente em um combate deixou a desejar.
Outro ponto que precisa ser comentado são as opções de recarga das nossas armas, que na minha opinião, também não ficaram legais. Isso só é possível de duas formas:
- Tempestades: durante o trajeto encontraremos pequenas tempestades e se você voar próximo a elas, perceberá que os raios emitidos serão capturados pelo equipamento instalado nas costas do animal.
- Bolas de energia: outra maneira são as bolas de energia que caem dos inimigos. Elas ficam flutuando na água, para recarregar o nosso armamento, basta se aproximar delas.
Um mundo grande e aberto
O game tem um mundo enorme e aberto. Se você quiser seguir as missões principais, fique a vontade. Se quiser seguir somente as secundárias, sem problemas. Não quer fazer nenhuma das duas, só ficar explorando o ambiente, também é possível.
Great Ursee é gigante e no início a vontade que dá é de explorar cada cantinho daquele mundo. Mas essa vontade vai diminuindo ao longo do tempo, porque não há muitas coisas que estimulem ou ajudem o jogador a fazer isso. Por exemplo, não há checkpoints ou pontos de viagem rápido. Com certeza esses dois itens ajudariam em muito no deslocamento, visto que o fôlego do animal acaba e você tem que ficar dando rasantes no oceano para preenchê-lo. As vezes o próprio jogo pergunta se queremos nos deslocar para um ponto mais próximo da nossa missão. Mas isso não acontece a todo momento, sendo necessário muita das vezes voar por um longo caminho.
Como senão bastasse, as missões começam a ficar repetitivas em um curto período de tempo. Elas basicamente se dividem em: escoltar alguém, levar algo ou explorar determinado lugar. Fora que elas são lineares demais, vá do ponto A ao B, depois do ponto B ao C.
Um pouco decepcionante
Minha expectativa com o jogo estava bem alta. Infelizmente na medida que eu avançava na história, o meu ânimo com o game diminuía. Para alguns pode ser que funcione, no meu caso não. Logo que iniciei o jogo tive dificuldade de enxergar os menus, por conta disso, tive que ir nas configurações e aumentar o tamanho da letra. Não ficou ideal, tanto na TV, como no monitor. Posso afirmar que ficou aceitável.
Com relação ao nível de dificuldade, eu achei que o jogo não está bem balanceado. Há situações que parecem ser complexas, mas que se resolvem em poucos atos. Mas há casos que são simples e se tornam difíceis, principalmente no início. A impressão que tenho que o nível não progride aos poucos, ele simplesmente dá uns picos do nada. E isso me frustrou várias vezes.
Agora os gráficos são lindos e foi o que mais me motivou a tentar prosseguir no game. Os sons do oceano e todo ambiente são perfeitos. Já a parte da música é pouco inspiradora. Eu torço para que o jogo receba algum tipo de atualização de melhoria.
Esta análise só foi possível graças a Wired Productions que gentilmente nos disponibilizou uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança. The Falconeer já encontra-se disponível para toda família Xbox One e família Xbox Series e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.