Análise – Röki

LANÇAMENTO
23/07/2020
DESENVOLVIDO POR
Polygon Treehouse
PUBLICADO POR
Polygon Treehouse

Um conto infantil sobre Golens e família.

Mitologias nórdicas e escandinavas nunca foram tão bem exploradas nos games até pouco tempo atrás, mas isso mudou depois que Hellblade e God of War foram lançados. Esses dois games ajudaram a popularizar a rica mitologia dos povos gelados, que já davam sinais de que iam bombar após o desenvolvimento de THOR no universo de filmes da Marvel. De maneira geral, produções que se baseiam em mitologia não são adaptações fiéis de contos antigos, mas sim referências e inspirações daquele universo, e não tem nada de errado nisso, já que isso é comum em outros trabalhos envolvendo mitologia grega por exemplo.

Röki é um game que leva também pra esse caminho, utilizando uma estética de conto infantil, o jogo te coloca no papel da pequena Tove, uma garotinha que parte em uma jornada fantástica para resgatar seu irmão mais jovem Lars, e reatar um laço de família depois de um trágico acontecimento. E tudo isso acontece quando ambos são transportados para um mundo paralelo, cheio de personagens da mitologia escandinava, em um universo totalmente em desequilíbrio, onde a pequena jovem deve resolver problemas e dilemas para quem sabe chegar ao seu desafortunado irmão, que foi sequestrado por uma rainha má e por uma criatura gigantesca que leva nome ao jogo, e que também guarda segredos.

Bater um rango em um lugar tão frio é de lei.

Conforme você avança, percebe que o jogo é muito mais sobre a família de Tove e Lars, sobre traumas recentes, sobre relação familiar e arrependimentos, levando assim o contexto fantástico mais como um elemento de ação mesmo, que é sensivelmente combinado com histórias que se passam na mente da Tove. Sim, é aquela velha história de uma jornada fantástica que te leva para algo mais realista e pessoal.

Um indie puramente point and click

Uma das coisas que mais chama a atenção em Röki é a escolha de mecânicas do jogo, assim como os clássicos jogos de apontar e clicar dos anos 90, o jogo aqui se livra de questões como barras de energia, risco de morte e até estamina, para entregar uma experiência completamente raiz, onde seu único objetivo é resolver determinados puzzles combinando objetos e utilizando em lugares específicos.

Pobre Tove, vai passar boa parte do jogo esperando a irmãzinha.

E apesar de uma mecânica batida, até antiquada, a maneira lógica de se resolver esses puzzles coloca Röki em um bom patamar de qualidade, já que não existem aqui soluções mágicas ou abstratas para se resolver as coisas, é tudo muito prático. Por exemplo, existe uma rachadura no chão, e no topo do local existe um sino pendurado com uma corda, e a solução é simples, você precisa de algo afiado o bastante pra cortar essa corda e fazer o sino cair.

Esse tipo de situação é comum o jogo todo, adicionando um ou outro elemento mais complexo, no fim o jogo não dá muita chance pra abstrações, o que por si só, em um mundo de point and click com soluções absurdas pra certos puzzles, Röki acerta muito nesse ponto.

Ainda sim, um dos elementos negativos de todo esse contexto fica na limitação de movimentos da personagens, alguns puzzles exigem idas e vindas constantes pelo cenário, e a movimentação da garotinha, principalmente subindo e descendo escadas, pode ser um pouco cansativo em alguns puzzles (quem chegou na parte da aranha pode concordar comigo). E apesar desses momentos não estragarem a experiência, podem irritar o jogador que estava acostumado com algumas passagens agradáveis da história.

Ainda falando de idas e vindas, é bom frisar que o jogo coloca alguns elementos, como recursos de tele transporte, para facilitar esse trâmite entre os cenários, um ponto positivo.

Nada como uma mamãe de peito peludo pra animar seu coração.

Arte não tão inspirada

A questão gráfica é um ponto que talvez eu consiga alguma polêmica com amigos. Entenda, Röki não é um jogo feio, ou mal acabado, ele é bonitinho, e tem personagens bem desenhados no geral. Mas em um mundo com indies cada vez mais bonitos, alguns inclusive com desenhos pintados à mão, como o recém analisado por mim Spiritfarer, a verdade é que todo o trabalho de paleta de cores, movimentação, cenários e composição fotográfica simplesmente não me chamou a atenção. O jogo caminha muito entre o bonitinho e medíocre, e talvez isso seja uma característica de grande parte dos indies de baixo orçamento.

Esse ponto pra mim, foi um pouco frustrante, pois quando soube de Röki, e de sua temática, imaginava mundos mais fantásticos, com cores sinuosas e algumas extravagâncias, principalmente em termos de escalas. E apesar do jogo ter os seus momentos, em alguns cenários mais interessantes, não me comoveu a ponto de considerar um jogo bonito.

Sobre o som, Röki também fica ali no meio, o jogo tem composições bem sóbrias, pra criar o ambiente mesmo, e mesmo em momentos de cutscenes, elas continuam dando o tom. São composições bonitas, mas longe de uma trilha marcante de grande interesse.

Vale falar que o jogo também não tem dublagem, sendo assim a Tove só solta algumas poucas falas ocasionais, até um pouco repetitivas pra falar a verdade.

É tanto vai e vem que a menininha ficou até desanimada.

E aí? Roki vale a pena?

Uma coisa é fato, fãs do gênero precisam experimentar Röki, o jogo é um bom exemplo de um gênero que já não produz grandes títulos. Ainda sim, acredito que ele foi lançado na época errada, se Röki tivesse surgido ali em 2014/2015, poderia de certa forma se destacar em um mercado de jogos indie que ainda estava em ascensão. No momento, Röki é um bom título que entregar um bom pacote, mas que não se destaca em um mercado com indies maravilhosos e inovadores, o que coloca esse singelo jogo em um painel de pouco destaque no cenário.

Finalizando, Röki é um pacote justo, que traz uma história não complexa, mas bem amarrada, que talvez agrade mais um pequeno público mais velho do que necessariamente crianças, que podem de certa forma perder o interesse no jogo principalmente por causa de sua mecânica mais arrastada e sua história melancólica. Por fim, o jogo transita nessa área cinzenta, e pode ser pra você ou não, vale a cautela.

Esta análise só foi possível graças a Polygon Treehouse, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – Röki
Conclusão
Um sólido jogo de clicar e apontar, que entrega uma intimista história sobre família em um mundo fantástico do folclore escandinavo. Vale muito para fãs do gênero, com algumas ressalvas.
Gráficos
6
Som
6
Jogabilidade
7
Diversão
7
Prós
Puzzles justos e criativos, que não zoam com a inteligência do jogador
História sensível e cativante
Personagens interessantes
Contras
Arte do jogo é pouco marcante
Mecânica limitada e simples demais
Faltou orçamento para vozes, cenários e cutscenes
7
Bom
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