Análise – DIRT 5

Lançamento
06/11/2020
Desenvolvido por
Codemasters
Publicado por
Codemasters

Se a Rockstar é uma referência na produção dos jogos de mundo aberto, com certeza a Codemasters é a maior referência na produção dos jogos de corrida.

A história da Codemasters começa lá no fim dos anos 80 e começo dos anos 90 com a produção de diversos estilos de jogo, porém os primeiros lampejos da franquia DIRT começam a aparecer com 1998 com o excelente Colin McRae Rally, lançado para PC, Playstation e Game Boy Color. Muitos associam outro grande jogo da Codemasters, TOCA Touring Car, como precursor da série DIRT, porém na verdade a franquia TOCA vai culminar em outro grande jogo da Codemasters, a série GRID, mas isso é assunto para outro artigo.

A partir dai foram lançados diversas continuações, quatro jogos para ser mais exato, até que em 2007 finalmente o nome DIRT foi introduzido com o lançamento de Colin McRae DIRT. Desde então o que vemos foi uma evolução constante dos jogos, alguns não tão bons, olá DIRT 4, mas em sua grande maioria foram ótimos jogos. Como parte desta evolução tivemos uma “divisão” da franquia em 2015 com DIRT Rally.

Tudo começou em 1998 com Colin McRae Rally, joguei muito no PC.

Esta divisão agradou boa parte dos fãs, por muito tempo a série DIRT ficou conhecida por flertar dois estilos de condução, o ARCADE e a SIMULAÇÃO, conhecido publicamente como SIMULCADE. Porém acabava por nem sempre agradando a todos, com essa divisão os jogos da série DIRT Rally firmou suas bases como um simulador de rally e a franquia DIRT consolidou como um jogo arcade.

Se você já leu alguma das minhas análises de jogos de corrida (confira minha análise do F1 2020) deve saber que eu tenho uma leve preferência pelo simuladores, como diz o mestre Bruno Micalli “Telmo você é um entusiasta, curte um bom simulador”. Serei sincero, no início DIRT 5 não empolgou (preconceito é uma merda rs), porém conforme fui jogando e avançando o jogo me surpreendeu, positivamente.

Vem conferir minha análise de DIRT 5, o jogo da franquia DIRT mais ambicioso já feito pela Codemasters!

Organização e simplicidade

No início DIRT 5 parece ser um jogo sem conteúdo, o menu principal é compacto e apresenta poucas opções nos modos de jogo, porém quando navegamos pelo menu a impressão inicial cai por terra. As opções são amplas e apresentam diversas variantes para customização das partidas, carros, perfil etc. A grande verdade é que o layout foi muito bem organizado e mostra os conteúdos de forma clara e simples, parabéns a equipe responsável pelo design da UI e UX, fizeram um ótimo trabalho.

DIRT 5 oferece quatro modos de jogo, são eles: Carreira, Online, Arcade e Playgrounds. Em todos os modos as possibilidades de customização são gigantescas, é possível determinar a localidade da corrida, a classe dos carros, o tipo do clima, horário da prova, número de voltas e corredores etc. Ainda no menu principal temos mais dois itens, a Garagem e o Perfil do jogador. Na Garagem é possível navegar por todos as classes e carros disponíveis no jogo, também é possível desbloquear outros carros, customizar os padrões de revestimento, cores, adesivos etc. O perfil do jogador, como o nome sugere, mostra um card com suas informações, nível do piloto, sua reputação e também pode ser customizado (inclusive rende uma conquista fikdik).

Qual a receita do sucesso?

Na minha opinião o sucesso de um jogo de corrida depende de dois fatores primordiais, variedade de carros e uma jogabilidade agradável, e nestes dois pontos DIRT 5 brilha como uma estrela cadente de natal. Começando pela GARAGEM, temos uma enorme variedade de marcas e carros, todos divididos em treze classes ao longo de sete décadas diferentes de história automotiva. Entre as principais montadoras destacam-se algumas com um histórico vencedor na categoria como Ford, Lancia, Mitsubishi, Subaru e Volkswagen.

O catálogo de carros também é extenso, são mais de 60 máquinas para você voar baixo nas pistas acidentadas de DIRT 5. Eu elaborei uma lista com alguns carros históricos que fiz questão de testar durante a jogatina para escrever a análise: M1 Procar Rally (BMW), Escort RS Cosworth (FORD), Impreza S4 Rally (Subaru), Lancer Evolution VI (Mitsubishi) e o épico Stratos (Lancia). Todos os carros, sem exceção, possuem uma modelagem de primeira linha, reproduzidos fielmente em cada detalhes, externamente falando. Internamente não temos o mesmo capricho, os carros tem um painel digamos “genérico”, porém com todos instrumentos básicos necessários para a condução interna.

A BMW M1 Procar Rally é um dos meus favoritos, muita potência e ótima para drifts.

Saindo da garagem chegamos ao cockpit, afinal de contas o que adianta ter todas estas máquinas a disposição se você mal consegue fazer a primeira curva? a jogabilidade funciona muito bem dentro da proposta arcade de DIRT 5. Os carros não possuem uma diferença muito grande na condução, obviamente você sente que uma Ford F-150 Raptor é mais pesada do que um Ford RS200, principalmente na hora de entrar numa curva em alta velocidade.

Porém é preciso destacar que a jogabilidade de modo geral é muito boa, mesmo não tendo o DNA do nosso eterno ídolo Ayrton Senna em sua estrutura molecular, você sempre vai sentir o controle do carro na ponta dos dedos. Eu testei o jogo em várias situações climáticas, pistas e carros, utilizando tanto o gamepad quanto o volante. Diferentemente dos simuladores, onde o uso do volante pode render preciosos segundos em uma volta rápida, em DIRT 5 não temos um ganho tão significativo.

Infelizmente o interior dos carros tem um visual mais “genérico”, porém não compromete a diversão.

Dentro da proposta de um jogo de corrida arcade podemos afirmar que o objetivo da Codemasters foi atingido. Qualquer pessoa pode pegar o controle e se divertir sem muito esforço ou stress. Mesmo que você retire algumas das ajudas de condução a jogabilidade continua sendo prazerosa, de fato DIRT 5 é um jogo GOSTOSO de jogar.

Menos é mais

DIRT 5 oferece quatro tipos de modo de jogo, pode parecer pouco, porém a expressão popular “menos é mais” faz todo o sentido. Cada modo de jogo possui características únicas mas que tem um objetivo comum, divertir. O primeiro modo de jogo é o já conhecido Carreira, nele o jogador é apresentado a um “evento” de corridas em série onde é necessário vencer as corridas dos eventos e cumprir objetivos dos patrocinadores para avançar. Conforme você avança são liberados também os confrontos que são corridas únicas que podem render uma boa grana e reputação. No modo carreira também temos os patrocinadores, que nada mais é do que um incentivo ao jogador para cumprir novas metas, objetivos etc.

No modo carreira é possível participar de eventos, confrontos e escolher o seu patrocinador.

O modo Carreira recebeu uma atenção especial em diversos trailers, sempre estimulado como um dos maiores destaques do jogo, contando inclusive com nomes de peso, como Troy Baker e Nolan North. Essas participações criaram expectativas, principalmente sobre prováveis novidades. Porém as pretensas expectativas não se confirmaram e o resultado final desta integração não acrescenta absolutamente nada ao jogo. Basicamente se resume a diálogos simples entre os eventos contextualizando o que está acontecendo, nem mesmo uma cutscene especial é apresentada, absolutamente nada.

O segundo modo de jogo é o Online, onde conforme sugere o nome, você enfrenta outros jogadores a nível mundial. Neste modo é possível convidar até 4 amigos para acirradas corridas em grupo ou então apenas se divertir com jogos temáticos ao melhor estilo Olimpíadas do Faustão. Caso queira apenas correr você também pode partir para o lobby aberto onde o jogo busca sessões de outros jogadores. Porém em praticamente todos os dias em que eu joguei para escrever a análise dificilmente encontrei outros jogadores, raramente o jogo encontrava outros jogadores para realizar as partidas. Não vou dizer que é um problema do jogo porque o NAT da minha rede geralmente está como MODERADO e como bem sabemos isso restringe bastante a conexão com outros jogadores.

Quem é que não curte aquela treta local no famoso multiplayer de sofá?

O terceiro modo é o Arcade, talvez um dos modos mais comuns nos jogos de corrida, lá você vai encontrar o Jogo Livre onde é possível explorar praticamente tudo que DIRT 5 tem para oferecer. E quando eu digo TUDO é tudo mesmo, DIRT 5 conta com 9 localidades sendo que cada localidade conta com pelo menos 4 tipos de estágios a serem explorados, você pode correr pela densa floresta da tijuca no Rio de Janeiro ou então se aventurar nas pistas congeladas sob a ponte do Brooklyn. Ainda no modo Jogo Livre, além de escolher a localidade, é possível selecionar o tipo de evento que por sua vez tem ligação direta com os carros, ou seja, cada tipo de evento tem classes específicas de carros a serem utilizadas. Você também pode escolher outras configurações como número de voltas, quantidade de corredores, condição climática e muito mais. Para finalizar temos a cereja do bolo, no modo Arcade é possível jogar uma partida local entre dois jogadores com a tela dividida, o famoso multiplayer de sofá.

Partimos para o quarto e último modo de jogo, o melhor e mais divertido de todos (na minha opinião) o Playgrounds. Para fins de comparação, é como se fosse um Mario Maker de corrida, onde os jogadores podem criar seus trajetos e desafios em um completo e intuitivo construtor. Você escolhe inicialmente uma das três localidades disponibilizadas para dar início à construção, onde é possível criar as pistas de acordo com o evento escolhido, eles podem ser: Gate Crasher, onde o jogador precisa passar por todos os pontos de controle no tempo mais rápido possível; Smash Attack, onde o objetivo principal é esmagar os objetos para receber pontos e alcançar a pontuação máxima no tempo definido; Gymkhana, estilo de corrida criado pelo lendário Ken Block onde é preciso realizar truques e acrobacias dentro do menor tempo possível para ter a pontuação máxima, algo semelhante a nossa conhecida Gincana, porém com carros.

Crie e compartilhe suas pistas e desafios no modo Playgrounds.

Porém o modo Playgrounds vai além da criação de trajetos e desafios, os jogadores também podem navegar e descobrir criações de outros pilotos. Também possível classificar outros circuitos e seus criadores, acompanhar a popularidade das suas criações junto a comunidade, quantas vezes foram percorridas, as avaliações e muito mais. O playgrounds tem tudo para ser o modo com maior fator replay, mantendo os jogadores sempre conectados com a comunidade.

Considerações técnicas

Falando um pouco sobre a parte técnica, posso afirmar que DIRT 5 é visualmente muito bonito, o cuidado da Codemasters em criar ambientes mais densos e incrementados de detalhes é de encher os olhos. Além disso tem a questão da ambientação orgânica da pista, desde uma simples poça de lama até a maravilhosa aurora boreal é representada com perfeição. Adicione ao pacote as mudanças climáticas e você vai ter uma combinação praticamente infinita de possibilidades dentro da mesma pista. Por muitas vezes eu me distrai no meio da corrida apenas por observar os belíssimos cenários, e nesta hora meu amigo é impossível não pausar o jogo e contemplar a beleza natural com o Modo Foto.

A questão sonora em DIRT 5 é algo que me deixou um pouco frustrado, não que seja ruim, longe disso, mas você sente que poderia ser melhor. Começando pela contextualização (bate-papo) que rola entre as corridas, Troy Baker e Nolan North aqueles supracitados nos trailers ficam conversando como se fosse um podcast, tentando recriar algo parecido com as rádios de Forza Horizon. A dublagem brasileira ficou a cargo do estúdio brasileiro “Sound In Words” e cá entre nós ficou muito boa. Porém em momento algum a ideia da contextualização se encaixa, muito pelo contrário incomoda, confesso que desliguei os comentários após 2hs de jogo.

Confesso que parei diversas vezes para contemplar a Aurora Boreal, lindo demais!

O ronco dos motores segue o padrão “genérico” do interior dos carros, não brilha, mas também não compromete. É bem verdade que existem diferentes roncos dependendo da classe do carro, seria muita imprudência dizer que é tudo igual, mas repito poderia ser melhor.

Agora vamos falar um pouco de algo que me surpreendeu, a trilha sonora de DIRT 5. Geralmente jogos de corrida arcade tem boas trilhas sonoras, a velocidade dos carros praticamente implora por boas músicas que criem um clima de competitividade e adrenalina. Infelizmente por questões de orçamento nem sempre é possível licenciar artistas famosos e boas músicas, felizmente DIRT 5 não tem este problema. A trilha sonora de DIRT 5 traz mais de 40 hits dos melhores e mais brilhantes artistas de todo o mundo, tornando-se uma parte fundamental da imersão. Bandas icônicas do rock como The Killers e Pearl Jam; bandas recentes como Sports Team, The Mysterines e YUNGBLUD; lendas da música eletrônica como The Chemical Brothers e The Prodigy assinam esta trilha sonora eclética e escolhida a dedo.

Vale a pena?

Após o FIASCO de DIRT 4 a Codemasters opta por voltar as raízes que fizeram o jogo ser um sucesso, principalmente em DIRT 2 e DIRT 3. O famoso Arroz com Feijão é o que, na maioria da vezes, agrada as pessoas. A Codemasters com certeza percebeu isso e fez um jogo que não revoluciona, mas entrega aquilo que todos querem, diversão. Tirando alguns deslizes na parte da contextualização entre as etapas do modo carreira, o painéis internos “genéricos” e alguns efeitos sonoros fracos, DIRT 5 é um ótimo jogo de corrida e VALE A PENA!

Esta análise só foi possível graças a Codemasters que gentilmente nos disponibilizou uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança. DIRT 5 já encontra-se disponível para Xbox One, Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – DIRT 5
Conclusão
DIRT 5 é um jogo que não trás muitas inovações, mas faz a lição de casa entregando o arroz com feijão.
Não é o melhor DIRT de todos os tempos, mas consegue entreter por ser um jogo acessível e super divertido, recheado de conteúdo para explorar, principalmente se você tiver paciência no modo Playgrounds.
Gráficos
9.5
Som
8.5
Jogabilidade
10
Diversão
10
Prós
Ótima ambientação, pistas super detalhadas e densas
Jogabilidade acessível e robusta
Ótima trilha sonora, do rock ao eletrônico
Contras
A contextualização em forma de Podcast entre as etapas do modo Carreira é totalmente desnecessário
9.5
VICIANTE
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[…] 5, que aliás eu fiz a análise, não inovou, mas voltou as suas origens entregando muita diversão e conteúdo para os jogadores. […]