É notório que o Souls-like ganhou seu espaço entre os jogadores, nos últimos anos. Apesar de não ser regra, o gênero não é conhecido por enredos elaborados e nem pelo primor gráfico, mas sim por sua dificuldade acentuada.
Hellpoint é um caso de péssimas primeiras impressões, que não geram muitas expectativas. Contudo, se o jogador der uma chance pode se surpreender positivamente. Porém, para mim está claro que ele não é um título que vai agradar a todos.
Graficamente abaixo da média
Você começa o jogo com um personagem, que além de ser muito semelhante com o cantor Vitas, parece ligeiramente desproporcional em anatomia quando comparado com um humano comum. Como o personagem não é necessariamente humano, é perdoável, mas o desconforto que a imagem gera vai existir até você encontrar uma armadura que o cubra por inteiro.
Além disso, todos os personagens, bem como o próprio cenário, apresentam problemas com textura. É tudo muito datado, lembrando gráficos da geração passada. Além do mais, alguns elementos do cenário chegam a ter textura de 6ª geração e já estamos caminhando para a 9ª.
A movimentação dos personagens também não é nenhum primor. Desde o balançar de capas, que não são naturais, até a movimentação de alguns inimigos, que muitas vezes parecem bonecos girando no próprio eixo, sempre há alguma coisa que incomoda a visão. No meu tempo jogando, notei que esses problemas são mais notórios a medida que o elemento é maior.
A questão de luz e sombra também não passa despercebido por um olhar mais atento. Simplesmente não há sombra para os elementos móveis do jogo. Além do mais, em determinadas partes do jogo, a luz que seria emanada por uma janela quando aberta, já está lá antes mesmo de abri-la, essa iluminação prévia, sem fonte de origem, não chega a incomodar mas certamente será notado pelos jogadores mais graficamente exigentes.
A trilha sonora não faz falta
Outro problema do jogo é a trilha sonora que é fraca e chata e simplesmente não acrescenta nada na jogatina, não é incômoda, mas também não ajuda na ambientação. Um ponto de ressalva é a música dos chefes, apesar de não cair bem com o momento que toca, ela seria de ótima ambientação para os momentos intermediários da jornada.
Início confuso
O Início da jornada é um tanto quanto confuso, não pelos movimentos, pois eles são simples de aprender e dominar. É fácil entender a dinâmica de combate na primeira meia hora do jogo. Contudo, a dinâmica de desenvolvimento do personagem, de utilização do inventário e atributos deixam muito a desejar.
Aliás, aqui cabe uma ressalva, espalhado pelo jogo há diversos botões que vão explicando os detalhes do gameplay. A minha crítica reside no fato das primeiras dicas focarem no que faz cada botão do controle, o que pode ser descoberto sem ajuda, e não na utilização do inventário o que tornaria o gameplay mais dinâmico.
Gameplay surpreendente
Se você chegou até aqui e ainda não desistiu do título, devo dizer que a partir daqui vou destrinchar alguns elogios. Após um tempo apanhando e morrendo diversas vezes, você verá que Hellpoint tem seus méritos.
Começando pelo gameplay, após dominadas as técnicas de esquiva e contra-ataque você perceberá que as batalhas ficam mais divertidas. As batalhas contra os chefes e alguns inimigos de nível superior, serão épicas e conseguem proporcionar, quando vencidas, uma sensação de melhoria de habilidade do jogador, e não que a luta foi vencida porque o personagem ficou mais forte.
Falando nisso, é possível farmar inimigos para ganhar XP e evoluir o herói, mas na “hora do pau”, como diria Benjamin Grimm, é os reflexos e o domínio da estamina que farão a diferença. Logo, em nenhum chefe se tem a sensação de ficar mais forte que o mesmo, só mais habilidoso. Quando derrotei o primeiro chefe, sem perceber, dei um sorriso e levantei o punho em sinônimo de vitória, não é todo jogo que faz isso com a gente.
Um fato que é notório em Hellpoint, são as ideias que ajudam o título a não ser mais do mesmo. A mais marcante dela são os eventos extras devido a rotação do satélite. Explicando melhor, o jogo se passa em um satélite, chamado de Irid Novo, que orbita um buraco negro, chamado de Sagitário-A, Irid novo está em constante movimento. Dependendo da posição do satélite com relação a Sagitário-A, eventos aleatórios acontecem, portas se abrem, inimigos mais fortes, ou hordas de monstro aparecem em pontos específicos.
Outra boa ideia, é o uso do fantasma. Espalhado pelo cenário, ou obtido derrotando inimigos, existem os Axions, que são a moeda do jogo utilizado para elevar o nível do seu herói, aumentando os atributos que desejar. Porém, caso seu herói morra sem utilizar os Axions, os mesmos ficam com o seu fantasma, que por seu lado, fica te aguardando no local onde você morreu. Para recuperar seus Axions, você deverá enfrentar e derrotar o seu fantasma. Caso tenha morrido para um inimigo poderoso, no local estará o inimigo e o seu fantasma para você enfrentar, que divertido, não?
Essa dinâmica só não é repetida com os chefes, que já são difíceis por si só. Mas eles oferecem tudo de bom que um boss pode oferecer, exploração dos pontos fortes e fracos, boa durabilidade de luta, diversão. Sem dúvida alguma, os chefes são o ponto alto do jogo.
Afinal, Vale a pena?
Hellpoint tem seus problemas, são notórios e chamativos. Todavia, esses problemas, mesmo aqueles que podem ser corrigidos com uma atualização, não são algo fora do esperado em um jogo de baixo orçamento com ambições grandiosas. Apesar de, infelizmente, não ter condições de concorrer com seus pares de gênero mais famosos, o título ganha seu espaço entre aqueles que desejam ganhar experiência no SoulsLike, porém ainda não estão preparados para a experiência masoquista que esses jogos exigem.
Se você é um jogador que tem pretensões de ser um gamer Souls-Likeano mas ainda não acredita ter condições de habilidade para tal desventura, dê uma chance a Hellpoint.