Memórias de um jogador: o primeiro fliperama

A minha história com jogos se iniciou muito cedo, quando eu tinha 7 anos de idade. Esse fato aconteceu em uma de minhas idas a mercearia do seu Manuel. Era um estabelecimento simples, pequeno, daqueles comumente vistos na periferia.

Era naquele lugar que comprávamos pão, leite e outros tipos de itens. Em um certo dia, ao buscar o leite para o café da manhã, me deparei com um aparelho gigante em um canto do estabelecimento. Ele tomava um espaço considerável do ambiente.

No centro daquela caixa havia uma TV, pelo menos era o que parecia para mim, que não parava de exibir uma espécie de desenho animado. Me aproximei daquilo e fiquei encantado. Não demorou muito para o primeiro jogador do dia chegar. Eu não o conhecia, mas ele se dirigiu ao seu Manuel e disse:

– Seu Manuel, me dá uma ficha.

Eu não tinha ideia do que era a tal da ficha. O que sei, que ele pegou aquela moeda estranha e a inseriu naquele aparelho. A partir daquele momento o garoto passou a controlar o desenho animado. Aos poucos fui entendendo que aquele treco (joystick e os botões) na frente da tela controlava o guerreiro da imagem.

Sai extasiado daquele lugar. Tomei o meu café rapidamente, comentei com minha mãe que iria brincar na rua e desci correndo novamente para a mercearia. Haviam outros no local, todos disputando espaço para ver o que rolava na tela.

Quando a internet ficou mais acessível, pude pesquisar sobre o tal game da minha infância. Não fazia a mínima ideia do nome, na verdade eu lembrava apenas de um homem com um escudo preso a uma linha. Outra coisa que vinha a minha mente era a forma como ele jogava o escudo na direção dos inimigos.

Depois de muita pesquisa, acabei descobrindo o nome do game: Rygar.

O herói usava uma roupa vermelha e branca

O tal jogo

Rygar foi desenvolvido pela Tecmo e lançado originalmente em 1986 no Japão. Segundo o manual do jogo, controlamos o guerreiro lendário portador do Diskarmor. Essa arma era uma espécie de escudo ligada a uma corrente.

O título se passa no mundo de Argur, dominado pelo maligno Ligar. Rygar, o guerreiro lendário que estava morto, foi ressuscitado para livrar o mundo desse grande mal.

A história do titulo era simples e na época não fazíamos ideia do que se tratava. O inglês era um grande obstáculo para a molecada que frequentava aquele lugar. O importante mesmo era a diversão, embora seja irônico dizer que alguém se divertia com aquilo, pois o game era extremamente difícil.

O inglês era um grande obstáculo para a molecada nos anos 90

Eu nunca vi ninguém fechar o Rygar, na verdade, aquilo era um verdadeiro devorador de ficha. O que vi foram acessos de fúria, gritaria e até briga por causa do jogo. O título foi tão marcante para mim, que foi a partir dele que passei a me interessar por jogos.

Depois de alguns anos, descobri que a empresa lançou versões desse jogo para vários consoles, dentre eles o NES. Era um port estranho, que tive a oportunidade de jogá-lo.

Imagem do manual do arcade (fliperama)

O de fliperama (o correto é arcade, mas vou manter a forma que chamávamos na época), era um jogo de ação e plataforma, com rolagem lateral (sidescrolling). Já o de NES era uma mistura estranha de jogo de ação e mundo aberto.

Tela de transição de estágios

O jogo foi bem recebido na época do seu lançado, tanto a versão de fliperama, como a de NES, tiveram um relativo sucesso. Hoje se eu pedir para alguém experimentar, vai dizer que o Rygar é datado.

Ele é realmente antigo, com controles datados para a nossa época, mesmo assim, é um título importante para a história dos videogames e também para a minha história gamer, pois foi o primeiro jogo que conheci. Logo abaixo tem um vídeo com alguns minutos de gameplay do Rygar.

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juliano Luiz Monteneri

Assistindo agora o vídeo do jogo Rygar minha memoria me transportou de volta para 1987 . época de ouro em minha vida. gastei muitas fichas mas muitas mesmo para me tornar o Rei do Rygar em Ribeirão Preto/Sp . Quem for de Ribeirão Preto/Sp vai se lembrar do fliperama da Alvares Cabral e do Ribeirão Shopping . Quantas vezes Zerei este Jogo depois de gastar muitas fichas para domina-lo. Me lembro quando eu entrava no fliperama ouvia os sussurros baixinho dizendo esta chegando o Juliano o Rei do Rygar ele zera o jogo.
Obrigado pela bela lembrança deste jogo e pela volta ao meu passado de ouro.
Que tempos bons que infelizmente não volta mas o mais importante esta guardado em minha lembrança

Andre Alves

juliano, também frequentei o fliperama da alvares cabral em 1991/92, passa seu facebook pra nos relebrar-mos algumas coisas e pessoas. eu era o rei do Street Fighter 2. rsrs