Análise – Double Kick Heroes

DESENVOLVEDOR
Headbang Club
A partir de 28/08/2020

Heavy Metal é um estilo musical adorado nos games, desde as corridas frenéticas de Rock ´n Roll Racing até as batalhas insanas de Brutal Legend, o gênero musical sempre foi bem representado. Será que Double Kick Heroes mantém firme esse legado?

Para começar, vou falar um pouquinho sobre a proposta de Double Kick Heroes, que é um jogo rítmico , jogos desse estilo ganharam bastante popularidade com o avanço dos smartphones, por sua mecânica descomplicada, focando principalmente na habilidade de apertar um ou mais botões na sequência da música , geralmente seguindo uma esteira de comandos.

Pois bem, Double Kick Heroes aposta nesse estilo, acrescentando uma pitada de shooter, com trilha sonora com músicas de Heavy Metal, você deve pegar sua banda, entrar em seu Cadillac e  enfrentar hordas de inimigos estranhos como zumbis, vampiros, demônios, galinhas, líderes de seitas, ovelhas, tubarões, porcos, dinossauros, KKKs, palhaços, urubus e mais uma infinidades de bichos indecifráveis apertando os botões do bumbo do baterista logicamente no ritmo da música, enquanto olha pela estrada para saber onde deve atirar e não deixar seus inimigos encostarem no carango, tudo isso ao mesmo tempo!

Ficou confuso? Bom, então senta aí que a coisa piora, você deve viajar pelo mundo (através de um cenário em forma de tabuleiro, semelhante a clássicos 16 bits, como Super Mario World), encontrando no caminho diversos personagens Metaleiros, e no meio disso tudo, sua banda deve sobreviver e decifrar uma conspiratória trama apocalíptica.

Esse é um jogo pro Headbanger raiz, fã do Super Nintendo, e que gosta de jogar guitar hero no controle…

Cachorros zumbis aqui não dão sustos, pode se vingar à vontade…

Espírito headbanger, alma nostálgica

Com gráficos em “pixel art” bem estilizados , DKH tenta conversar com o público do Heavy Metal das antigas, uma geração moldada pelas estruturas POP dos anos 70/80/90. Até por isso, o jogo apela pra essa nostalgia em seus gráficos, nas suas músicas e na estética narrativa.

A parte gráfica é bonita, com personagens bem desenhados e um visual agradável. É impossível não rir dos inimigos , com uma variedade muito maluca e movimentações bem interessantes, fica um destaque também pros personagens, cada um com sua característica marcante, temos aí todos os clichês do gênero: o guitarrista virtuoso, a grouppie ruiva, o baterista esfomeado… Enfim, o jogo se esforça na sua estética e entrega um resultado bem competente no visual.

Erguei as mãos, e dai glória a DIO…

Na parte sonora, o brilho do jogo, temos uma infinidade de músicas próprias, houve um esforço da desenvolvedora em trazer em cada faixa uma referência musical diferente, dentro do universo do Heavy Metal, temos músicas mais melódicas, outras mais pesadas, passando por estilos diversos, como trash, industrial, nu metal e até beach music. É interessante que mesmo mudando de estilos em cada fase, os timbres e arranjos são bem parecidos, claramente editados com algum filtro old School, lembrando placas sonoras de videogames 16 bits, mas é um meio termo, inclusive algumas músicas tem até vocal, com competente qualidade sonora.

As músicas do jogo passam por diversas referências dentro do rock, do grunge ao trash, do industrial ao nu metal…

O pôr do sol sob a luz de tentáculos é tão lindo…

O desafio é pauleira…

O jogo se divide em dois modos de jogo semelhantes, temos o modo Arcade, focado basicamente em passar pelas músicas divididas por grupos de capítulos (quem jogou Guitar Hero vai recordar) e um modo campanha, onde você deve fazer algumas coisinhas além de sair esmagando os botões por aí. Além disso, o jogo conta também com alguns extras, contendo músicas adicionais para quem tiver paciência e perseverança, esses adicionais possuem até um repertório interessante , com músicas um pouco mais conhecidas no cenário (Gojira está na trilha).

Falando em desafio, Double Kick Heroes possui alguns de descabelar até o metaleiro mais cabeludo do pedaço, são 5 modos de dificuldade , e aí, um ponto de crítica ao jogo, eles são completamente desbalanceados, já que o primeiro modo “ROCK”, é extremamente fácil, apenas com uma linha de comando, mas do segundo modo “ROCK PESADO” em diante a coisa complica demais, sendo que um modo balanceado para bons jogadores menos experientes no gênero é inexistente. Aqui é 8 ou 80 filhão!

Sendo assim, eu só desejo sorte para quem tentar vencer este game nos modos mais avançados, pois além de acertar sequências alucinantes de comandos, é preciso tomar cuidado para desviar o Cadillac de perigos na estrada. Sério, quem fez esse jogo não entendeu que a anatomia humana tem dois olhos, já que ele pede um terceiro olho pra olhar a ação na parte de cima.

Dificuldade desbalanceada pode te colocar em um verdadeiro pesadelo

Ovelhas demoníacas! É isso mesmo produção?

…mas a campanha é pior do que comer morcego!

Tudo começa com uma banda de rock em um dia corriqueiro de show, eis que a platéia subitamente se transforma em zumbis comedores de gente. Então, o líder da banda pega seu Cadillac e seus integrantes seguem em uma viagem tortuosa pelos quatro cantos do mundo até o inferno.

O modo campanha de Double Kick Heroes me aparentava promissor, uma curta mas interessante animação inicial mostra que teremos uma aventura interessante, mas tudo se perde logo na primeira hora de jogo. Diálogos tediosos, personagens esquecíveis e uma tentativa frustrada de combinar uma história despretensiosa, ainda sim tentando desenvolver reviravoltas para tentar encaixar vilões e conspirações malucas que no meio do jogo se tornam quase que um martírio de acompanhar.

Pra piorar a situação, o modelo de campanha não funciona bem , como mencionei, você tem um mapa de fases a seguir, mas em pausas esporádicas na ação, você deve conversar com alguns personagens em cenários fixos, como em jogos de point´n´click, vai ser comum você parar nesses cenários e não saber com quem conversar, tentar seguir em frente, cumprir fases e voltar para esses cenários fixos, é preciso deduzir sua volta a esses locais, pois o jogo não faz questão de te explicar isso. Além da obrigatoriedade dos diálogos, é bom lembrar que eles não são bons, são linhas e mais linhas de diálogo com pouco nexo, piadinhas sem graça, referências óbvias e algumas linhas que beiram o mau gosto. Vale destacar que o jogo está traduzido para o PT-BR, aparentemente bem traduzido, ainda sim isso não salva as péssimas linhas de diálogo, sério, nenhum personagem ali se salva na chatice.

Ainda sim, parece mesmo que os produtores pensaram nisso, é possível passar todas as músicas do jogo pelo modo Arcade, esse modo é basicamente o modo campanha sem mapa e sem diálogos , e isso salva o game de uma experiência quase tão ruim quanto ter suas vísceras comidas por zumbis e carneiros ensandecidos.

Conversar em Double Kick é um verdadeiro SACO!

Eu tenho tanto pra te falar…

 

Não sou Metallica, mas também não sou Massacration

Double Kick Heroes no conjunto da obra não é um jogo péssimo , ele consegue, da sua maneira, mesmo com baixo orçamento, entregar bons momentos para quem tem saudade de jogos musicais, a ideia criativa de desenvolver um jogo rítmico com toques de shooter é louvável, ainda mais vindo de uma produtora novata.

Ainda sim, existem problemas conceituais graves aqui, que comprometem a diversão e no final o pacote é sim um pouco indigesto. Caso você seja um fã de heavy metal, e tenha dedos rápidos como de um guitarrista fritador, vale a pena se aventurar no game principalmente no modo arcade. Caso esse não seja o seu perfil, guarde seu dinheirinho suado para games mais frufruzinhos, como simuladores de fazendas de slime, ou coisas do tipo.

 

Esta análise só foi possível graças a ajuda da Plug In Digital que gentilmente nos disponibilizou uma cópia de avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança.

Double Kick Heroes será lançado dia 28 de agosto de 2020 para Xbox One, Playstation 4 e PC (Steam/Epic).
Análise – Double Kick Heroes
Não é tão ruim, mas também não é tão bom
Double Kick Heroes é um jogo curioso e as vezes divertido. Com boa trilha sonora e gráficos interessantes, o jogo desafina com uma dificuldade desbalanceada e uma campanha tediosa.
Gráficos
6
Som
7
Jogabilidade
4
Diversão
3
Prós
Jogo totalmente traduzido em português
Boa variedade de músicas
Gráficos em Pixel arte bonitos
Contras
Níveis de dificuldades desbalanceados
Campanha enfadonha, com diálogos tediosos
Jogabilidade confusa
5

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