Análise – Little Nightmares II

LANÇAMENTO
11/02/2021
DESENVOLVIDO POR
Tarsier Studios
PUBLICADO POR
Bandai Namco

O mundo dos sonhos é um lugar maluco e solitário, na maioria das vezes não tem muita lógica, resumindo-se apenas a recortes do cotidiano. Mas isso não se aplica aos pesadelos, que costumam ser sufocantes, aterrorizantes e imprevisíveis, muitos deles acompanhados de perseguições, figuras indefinidas e também de escuridão.

E essa mazela da vida humana não passa batido pela arte, durante séculos artistas de diversas técnicas retratam sonhos ruins em obras de arte, artistas como Goya e seu Saturno devorando crianças, ou mesmo Edvard Munch com seu famoso O Grito, ou mais explicitamente o Polonês Zdzisław Beksiński, obras assim são inspiradas pelo contexto obscuro do horror dos pesadelos, algo que foi expandido na Cultura Pop com livros, filmes de terror e finalmente por games.

E a franquia Little Nightmares é isso, um ambiente de sonhos perturbador e opressivo, onde o medo se esconde através da figura singela e fofinha do protagonista, que precisa sobreviver em um mundo muito maior que ele, em meio a um ambiente de escuridão e medo. E essa dualidade entre a inocência e o terror, é a base de Little Nightmares, um jogo que esconde na visão da infância a mais aterrorizante das realidades, o lado obscuro dos sonhos.

Pesadelos são constantemente retratados em obras de arte, como nas pinturas de Zdzisław Beksiński

Correr, pensar e se esconder

Assim como no primeiro jogo, Little Nightmares II é uma aventura linear, onde basicamente você deve progredir resolvendo pequenos puzzles, fugindo de perigos e usando da discrição para não ser abatido. O diferencial desta nova sequência fica na inclusão de um novo personagem, uma misteriosa menininha que fará companhia para o seu solitário personagem durante boa parte da aventura, e acredite, existe muito o que descobrir na relação dos dois, e no sentimento de proteção de ambos, algo que me lembrou muito o clássico ICO, inclusive com sua mecânica de “pegar na mão do personagem”. Ainda citando outras referências, vemos também muito de Limbo aqui, ainda que o jogo não foque na tentativa e erro, erros sempre acabam mal e mortes não são punitivas, apostando em checkpoints generosos.

É preciso colaboração da dupla para passar alguns desafios.

Medo e desolação

Entenda, Little Nightmares não é um jogo para crianças, apesar do fascínio de alguns menores pela atmosfera do jogo, é preciso cuidado, o jogo não pega leve, tendo referências macabras à temas como suicídio, abuso infantil, violência e assassinatos. Durante o jogo, é possível coletar SOMBRAS, geralmente expostas a situações de suicídio e melancolia, além disso, esses traços são recorrentes durante sua aventura pela cidade abandonada, cidade com o qual o jogo conta a história do lugar, sejam nos objetos, nos abandonos ou nos personagens vivos, esses representados por bonecos mascarados, com aspectos de pano com porcelana e articulações.

Vale nota também para a iluminação do jogo, já que todo o jogo se passa em um ambiente noturno, a iluminação dos ambientes dita o tom da atmosfera. Luzes apagam e acendem, cantos escuros contrastam com pequenos fachos de luz, enfim, temos um jogo onde a luz é um elemento importante na construção dos cenários.

Quando se é pequeno, o medo e o perigo espreitam em todos os lugares.

Maiores cenários, ou quase isso

Little Nightmares II não mexe na mecânica do já consagrado primeiro jogo, mas adiciona detalhes que melhoram a atmosfera do jogo, uma delas é a dimensão dos cenários. Agora maiores, é comum a visita em áreas bem abertas, com uma falsa sensação de liberdade, eu digo falsa pois o jogo mantém sua linearidade, levemente disfarçada por cenários com maior profundidade de campo.

Outra ponto muito positivo é a variedade de cenários, estando agora em uma cidade, nossos heróis agora visitam diversos ambientes bem distintos, isso dá um dinamismo pro jogo, que dificilmente fica cansativo. Algumas partes são absolutamente estonteantes, com uma estética assombrosa belíssima, claramente inspirada no mundo dos sonhos, com prédios distorcidos, objetos delicadamente pendurados e luzes disformes, o jogo brilha na sua ambientação.

É bom falar também que o jogo pensa um pouco nos colecionistas, é preciso ficar atento no cenário para coletar diversos chapéus espalhados pelo jogo, que podem inclusive ser utilizados pelo pequeno protagonista.

Cenários maiores dão um tom nessa nova aventura.

Curto mas memorável

Como no primeiro jogo, Little Nightmares II não se estende muito (ainda que seja maior que o anterior), é possível terminar o jogo em menos de 6 horas. Ainda sim esse tempo é suficiente pra desenvolver a ideia dos produtores e entregar um trabalho incrivelmente belo. O som cumpre seu papel, sendo soturno e assustador em alguns momentos, e também tenso em momentos chave, onde os efeitos simulam as batidas do coração para criar uma atmosfera de urgência e perigo.

Assim como outros jogos indies similares, nada aqui é explicadinho, e parte do roteiro fica na interpretação e julgamento do jogador, que deve se atentar aos elementos do cenário e também às atitudes e motivações do personagens, e sim, o final é acachapante.

Finalizando, vale citar alguns probleminhas, o jogo sofre um pouco com sua mecânica de colisões, nada que atrapalhe a jogatina, mas notado principalmente quando se manipula objetos. Sobre a jogabilidade, é bom se atentar a algumas coisas, o jogo é constantemente bem coeso nos comandos, mas pode ser frustrante em algumas partes, em uma especifica, no meio do jogo, alguns podem ter uma certa dificuldade de prosseguir pois o game vai exigir um certo timing para passar o desafio, entenda, não sou um jogador excelente, mas tenho experiência, e mesmo assim me senti frustrado por ter que repetir certas partes algumas vezes a mais do que o necessário, beirando a frustração. E isso é uma inconstância, pois o jogo apresenta um desafio no máximo mediano pra baixo em boa parte da aventura, apenas destoando em alguns trechos.

É bom ficar atento ao nível de brilho de sua TV também, alguns puzzles exigem olhares atentos ao cenário, e por vezes tive que mexer no brilho da TV para encontrar esse elementos, então fique de olho.

No final das contas, temos uma ótima sequência e evolução do primeiro game, e deve agradar bastante os fãs da franquia. Não espere revoluções ou grandes mudanças, ainda sim a nova personagem e o salto no nível gráfico e na dimensão dos cenários vai agradar. E lembre-se, não reclame mais da sua professora de infância.

Esta análise só foi possível graças a BANDAI NAMCO, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – Little Nightmares II
Conclusão
Little Nightmares 2 entrega uma boa dose de terror em uma aventura coesa do começo ao fim. Com boas cenas de perseguição e puzzles, o jogo brilha na parte artística, mas não trás tantas novidades assim.
Gráficos
9.5
Jogabilidade
8.5
Som
9
Diversão
8
Prós
Parte artística impecável
Aventura empolgante com ótimas perseguições
A parte sonora é maravilhosa e nostálgica
Contras
Alguns glitches de colisão
Dificuldade desbalanceada em alguns momentos
8.5
Viciante
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