Like a Dragon: Infinite Wealth é o segundo título de RPG da saga Yakuza/Like a Dragon, desenvolvido pela Ryu Ga Gotoku Studios e publicado pela SEGA. O novo título trás novamente Ichiban Kasuga como personagem principal, além de dividir holofotes com o clássico herói da saga, Kazuma Kiryu. Além dos amados herois da saga, os personagens jogáveis do título anterior também estão de volta, com a adição de dois rostos novos e novas opções de classes.
A história do jogo começa mostrando como está a vida dos personagens três anos após os eventos do jogo anterior, onde eles estão tentando ajudar a reintegração de membros da Yakuza na sociedade após a grande dissolução dos clãs Tojo e Omi. Até que uma Vtuber famosa difama os heróis postando um vídeo com informações falsas e manipulando a narrativa para fazer parecer que eles estão cometendo crimes em segredo.
Em meio a essa confusão, que fez com que eles perdessem seus empregos, Ichiban recebe um pedido para ir para o Havaí encontrar sua mãe biológica. Em meio a uma viajem conturbada, Ichiban encontra Kiryu, que o ajuda a colocar a situação de volta nos trilhos e revela que por alguma razão também está atrás do paradeiro da mãe biológica de Ichiban.
Logo de início temos a cidade Ijincho de Yokohama retornando, mas boa parte do jogo se passa no Havaí, e uma pequena parte se passa em Kamurocho. Ao todo são 16 capítulos de história, e alguns deles se dividem entre os dois protagonistas, alternando pontos de vista e acontecimentos simultâneos.
O combate de turnos melhorou bastante no título atual. O que era interessante, porém limitado no título anterior, se tornou completamente único e divertido no título atual. Dito isso, a primeira mudança interessante no combate é a adição da movimentação no combate. Agora é possível se mover dentro de uma área de alcance do personagem. E isso ajuda a aproveitar coisas do cenário para utilizar como armas, empurrar inimigos para pontos específicos e atacar inimigos por trás, causando dano crítico. Além disso, foram adicionados muitos indicadores visuais novos para saber qual é sua área de movimentação, para qual direção o inimigo vai ser jogado com seus ataques, etc.
E por falar em jogar inimigos com ataques, não só ficou mais fácil jogar um inimigo em cima do outro, como seus amigos não sofrem mais danos quando um inimigo é jogado neles. Ao invés disso eles reagem com um ataque em sequência, e dependendo do seu nível de afinidade é possível que eles ainda corram para chutar o inimigo no chão. Explorando bem essa mecânica, é possível atacar com três personagens utilizando o turno de um só.
Mas as interações entre aliados não param por aí, pois também existem ataques duplos caso o jogador inicie um ataque perto o suficiente de um aliado, fazendo ambos atacarem ao mesmo tempo, cada um aplicando o dano elemental ou estatus de arma no mesmo ataque. Mas vale lembrar que isso também depende do seu nível de vínculo com os personagens, então será necessário focar em aumentar sua amizade com todos e fazer suas parcerias de copo como no jogo anterior. E com as parcerias de copo alguns ataques especiais em dupla são desbloqueados também. Todos eles pegam em área e alguns tem atributos elementais.
Novas classes foram adicionadas, formando um total de 27 classes. Entre as classes novas temos: Aquanauta, Astro de ação, Pistoleiro, Pirodançarino, Kunoichi, Governanta, Geodançarina, Defensor (DLC), Ás do Tênis (DLC), Herdeira e Taxista (ambas exclusiva de personagens específicos).
Assim como no jogo anterior, cada classe é bem única, mas desta vez tem muito mais golpes elementais ou golpes que adicionam atributos da arma equipada. O sistema de herança de habilidades entre classes foi retrabalhado, ao invés das habilidades com bolinha verde serem acessíveis para outras classes, agora é possível escolher qualquer habilidade de qualquer classe para herdar, tendo uma lista cujo o tamanho depende do seu nível de vinculo com os personagens. Outro detalhe sobre a lista é que é possível herdar apenas uma habilidade de essência, que são aprendidas no level 24 e 30 de classe. Algumas classes demoram um pouquinho para desbloquear devido aos requisitos delas, mas isso não é um problema muito sério, tendo em vista que as classes únicas de cada personagem são muito boas.
Um ponto fraco da parte de trocar de classes é na verdade a disponibilidade de armas. Como é necessário ter armas específicas para classes específicas, nem sempre você vai ter uma arma tão eficiente para aquela classe que você está de olho, e isso custa dinheiro… tipo, muito dinheiro mesmo. O jogo até ajuda, tendo muitas oportunidades de ganhar armas iniciais de cada classe que podem ser modificadas na oficina, mas como eu disse, é toda uma questão de investimento, e nada no Havaí é barato, mas vou falar sobre isso mais a frente.
O mais interessante da oficina, é que agora toda arma que você compra em lojas é praticamente só uma base, e na oficina você pode usar materiais para adicionar atributos a ela, como propriedade elemental ou a chance de causar estados negativos em inimigos. Também é possível evoluir as armas usando material, aumentando seus atributos e dependendo do nível é possível fazer engastes que melhoram ainda mais as armas.
Por falar em combate e classes, um grande destaque dessa parte é o Kiryu, que tem também mecânicas novas, que fazem referência aos jogos clássicos da franquia. Ao jogar com Kiryu é possível alternar entre seus 3 estilos clássicos: Brigão, Acelerado e Bestial. O Brigão é o mais balanceado e permite que Kiryu execute ações especiais perto de lugares ou objetos específicos, como nos jogos anteriores, o que conhecemos como “heat actions“.
O Acelerado é bem literal, Kiryu fica mais rápido e com menos defesa, mas em compensação tem uma área de movimentação maior e a possibilidade de dar duas sequências de ataque por turno. O Bestial ao contrário do Acelerado é bastante focado em Ataque e Defesa, além de transformar o ataque do Kiryu em agarrão, podendo quebrar a defesa de inimigos, além de causar dano em área. Dependendo do seu nível de vículo com Kiryu, esses estilos vão melhorando e ganhando propriedades que melhoram ainda mais seus ataques básicos e a defesa. Além disso tudo, Kiryu ainda tem um modo de frenesi exclusivo, que muda o gameplay de RPG para beat em up por um curto período de tempo, onde é possível sentar a porrada nos inimigos á moda antiga e causa quantidades massivas de dano.
A exploração de mapa também é algo muito importante na série e Like a Dragon: Infinite Wealth não deixa a desejar em quase nenhum ponto deste quesito. Existe uma boa quantidade de itens espalhados pela cidade, além de muitas atividades e minigames. As duas coisas ruins é que tem uma quantidade absurda de ícones de atividade no mapa (estilo Assassins Creed) e de inimigos nas ruas, o que pode se tornar chato bem rápido, apesar do combate ser uma das coisas mais divertidas do jogo.
O balanceamento do jogo está mais justo e não é necessário ficar farmando inimigos na rua, mesmo porque existem pontos do jogo onde dungeons específicas para farmar level serão apresentadas, e lá também é onde dá pra conseguir algumas das melhores armaduras do jogo e muito material de crafting. Embora eu não recomende farming de level, fica aqui minha recomendação de completar os andares disponíveis para seu level atual dessas dungeons específicas, até pelo menos conseguir a armadura especial de cada personagem.
Existe praticamente uma loja específica para cada tipo de arma de classe, o que ajuda muito na busca de itens específicos, e muitas lojas especializadas em armaduras, mas pesquisar preço nas lojas faz você se sentir um turista duro no Havaí. Porque tudo é absurdamente caro, e embora existam formas de fazer dinheiro rápido, a quantia que é possível juntar com atividades específicas é muito mais demorada do que no jogo anterior. Então gastar com itens de cura, restaurante, equipamentos, crafting… tudo isso vai fazer seu dinheiro ir embora rapidinho.
Outro ponto forte da exploração pra mim são os mini games, e os novos minigames são muito bons. A começar pelas novidades no fliperama, como Virtua Fighter 3 tb, SEGA Bass Fishing, e Spikeout: Final Edition, que foi um dos primeiros jogos de beat em up 3D da SEGA, criado por Toshihiro Nagoshi, criador de Yakuza.
Além dessas lendas da maravilhosa Model 3 da SEGA, tem um minigame de entregas super divertido chamado Crazy Eats, misturando Uber Eats com Crazy Taxy. É um minigame que consiste em pegar itens pelo cenário como o minigame de catar lixo, e depois entregar a comida para os clientes. Só que é um minigame tão maluco que é preciso fazer manobras radicais de bicicleta para aumentar a pontuação e satisfação do cliente, além de ter em alguns pontos no mapa uma mola de Sonic que impulsiona Ichiban para um caminho vertical para pegar itens aéreos. Além dessas novidades que se destacaram, ainda temos os clássicos Koi Koi, Mahjong, Poker, Dardos e etc.
Outro minigame novo é o da Ilha Dondoko, que é super viciante. Na ilha Dondoko o gameplay muda, transformando o jogo em uma espécie de Animal Crossing. O objetivo é limpar áreas da ilha que estão cobertas de lixo e fazer com que aquela área seja interessante para turistas visitarem a ilha. Depois de limpar as áreas, é possível colocar itens nelas, que vão desde objetos pequenos até prédios gigantescos.
É possível craftar todo tipo de item na bancada de criações se você tiver os materiais pra isso. A medida que o level de construção aumenta, mais itens vão ficando disponíveis. E o material para construir os itens é achado pela ilha, destruindo pilhas de lixo, pedras, arvores, pescando ou capturando insetos. Existem também missões diárias que ajudam a ter uma noção do que fazer e que traz recompensas na moeda da ilha, que podem ser gastas para melhorar suas ferramentas, comprar mobilhas exclusivas, ou você pode guardar para converter em dólares mais tarde.
Também foi adicionado um minigame que faz uso dos Sujimons, que é praticamente uma batalha de Pokemons, com muitas referências. Por exemplo, é preciso ir ganhando pontos na liga para desafiar os líderes de ginásio e ganhar a insígnia do ginásio específico. O minigame é bem mais simples que Pokemon em si, cada Sujimon tem um tipo (planta, fogo, água, etc) e existe um sistema de fraquezas entre os tipos. Tem também um sistema de evolução de sujimon, onde é possível aumentar o nível deles e até fundir similares para consegui uma evolução mais forte. Ao desbloquear esse minigame, é possível capturas sujimons no mapa após algumas batalhas.
Outro destaque do jogo é a sua trilha sonora que é uma das melhores já vistas na série. Além de trazer músicas clássicas como Baka Mitai e Butterfly no Karaoke, ainda tem um recurso de player de música, que pode ser tocado em qualquer ponto do mapa, que já vem com Koi no Disco Queen e Friday Night. Mas é possível conseguir músicas de Hokuto no ken, Sonic Adventure, Persona, Virtua Fighter, Shin Megami Tensei, Phantasy Star Online 1 e 2, entre outras franquias da Sega.
Embora Like a Dragon: Infinite Wealth não tenha o tão amado minigame Dragon Kart, tem muita coisa pra fazer no jogo e tudo nele é super viciante. É um jogo muito divertido em todos os seus aspectos, apesar de ter uns defeitos aqui e ali, os pontos positivos ofuscam os negativos e fazem com que esse seja não só um dos melhores jogos da série, como um dos melhores RPGs já feitos.
E para quem gosta e acompanhou a saga desde o seu começo, existe referências aos outros títulos da série, até mesmo aos spin-offs. Muitos personagens icônicos aparecem novamente, até mesmo alguns que ficaram esquecidos, então esse jogo é uma carta de amor aos fãs da saga do Kiryu, com muitos momentos que fazem os olhos suarem.
Esta análise só foi possível graças a SEGA/THEOGAMES que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para o Xbox One, Xbox Series X|S e PC (Windows), podendo ser adquirido por meio do nosso link afiliado ao final desta análise.