Essa versão 2023 de Layers of Fear é uma remake dos 2 jogos anteriores da franquia, transformados em um único game, utilizando uma terceira história para poder mesclar as 2 anteriores.
Feito pela Bloober Team, responsável pelo sucesso The Medium, especialista em jogos de terror, esse game recria e melhora as experiências dos jogos originais, mas peca em ser um jogo bom com isso. Sua fórmula de transformar histórias separadas em uma única torna o jogo longo de mais, o que com seu gameplay cansativo e repetitivo vira um martírio ao final. Venha entender o porque disso nessa análise.
Jogabilidade
Layers of Fear pode ser considerado um walking simulator, onde você anda pelos cenários e interage com objetos para resolução de quebra cabeças e escapar de inimigos mortais. Sua jogabilidade é simples com um direcionado para andar, outro para mover a câmera, um botão para interagir com os objetos, outro para usar sua lanterna (a arma do jogo) e um botão para se abaixar. Simples como o estilo pede, mas mesmo assim ele comete alguns deslizes nesses controles, quando você segura um objeto e precisa move-lo, você utiliza o mesmo direcional da câmera, o que pode causar situações estranhas e incomodas que você deixa de visualizar com o que estar interagindo pelos comandos se sobreporem, era fácil de resolver usando uma câmera fixa nesses momentos, mas não o fizeram.
Mas num geral os controles funcionam bem, o que não funciona tão bem é a forma como o gameplay é dosado, sua jogabilidade repetitiva em conjunto com o clima tenso, deixa o jogo cansativo e monótono, as poucas situações em que você tem um pouco de ação, que se resume a fugir, as vezes são frustrantes por não ficar claro como você deve fazer, o que acaba virando um ciclo de tentativa e erro irritante. Na primeira história que é a do pintor a divisão dos capítulos e o ritmo de jogo ainda é melhor, na 2ª história, a da Atriz, o ritmo é mais lento e cansativo, com um gameplay mais chato o que deixa o jogo extremamente arrastado e você só quer que tudo acabe logo.
Parte artística
Refeito totalmente na Unreal Engine 5, Layers of Fear tem um visual incrível, cenários cheio de detalhes, muitos efeitos de luz e sombra que ajudam a dar o clima de terror para a história. A ambientação na mansão da primeira história e no farol que faz o papel de interlúdio entre as histórias são excelentes, ricas em detalhes e te fazem querer explorar tudo, no barco da segunda história a qualidade dos gráficos é ótima, mas os detalhes não são tão caprichados e você se cansa da repetição mais que na mansão.
As movimentações dos personagens e objetos dos cenários são muito bem feitas, os efeitos sonoros são caprichadíssimos, o jogo utiliza áudio binaural o que aumenta a sensação de imersão em níveis estratosféricos. Na parte artística é onde esse jogo mais se destaca.
História e narrativa
A história começa com você controlando uma escritora que vai para um farol tentar resolver seu bloqueio criativo e cumprir seus prazos para entregar suas obras contratadas, neste farol ela busca inspiração para contar as histórias que já conhecemos de Layers of Fear 1 e 2. A primeira história contada é a do pintor perturbado que após o que parecia uma vida perfeita, com um casamento com uma incrível musicista e o nascimento de sua filha, tudo começa a dar errado, com acidentes na família, perca do foco criativo e muito mais. Você vai jogar com esse pintor andando pela mansão que esta abandonada e destruída, passando por um tipo de trauma dele a cada capítulo até que tudo se feche e você entenda tudo que ocorreu naquela casa e com aquela família. Existem vários momentos perturbadores, onde você questiona sua própria sanidade, porque o que você acabou de ver já não esta mais lá e você começa a duvidar se realmente viu aquilo. O jogo consegue te passar muito bem esse clima de terror e perturbação mental, sendo um ótimo thriller psicológico.
Na história que era contada no segundo jogo, você controla um atriz que vai para um navio gravar um filme, mas além da forma que a história é contado ser com um ritmo diferente e cadenciado demais, o tema não causa o impacto que o anterior causou o que gera uma grande queda na experiência do jogo. Após concluir ambas as histórias você automaticamente conclui a história da escritora também. Se quiser mais aventuras, após concluir a primeira história o jogo libera para jogar outras 2 histórias de um capítulo, mas eu não estava com paciência para jogar.
Considerando a ótima narrativa do primeiro game e a narrativa arrastada e cansativa do segundo, juntar os 2 em único game me parece um erro, que consegue fazer com que todo o brilho da primeira parte se apague pelo cansaço gerado pela segunda.
Modos de jogo e valor replay
Sendo Layers of Fear um jogo baseado em narrativa, o modo de jogo dele é único, mas você pode jogar os capítulos que já fez novamente depois, sem comprometer seu save, cada história principal tem 5 capítulos e 3 finais possíveis, além de vários colecionáveis, o que pode aumentar o fator replay para quem gosta de completar 100% o jogo.
Se você não liga para colecionáveis e finais variados, é um jogo para você jogar uma vez, terminar e nunca mais voltar.
Vale a pena?
O mix de sentimentos que o jogo traz, de um terror psicológico fascinante, para algo madorrento no final, faz com que a experiência no todo seja ruim, ele cria uma expectativa boa e no final te entrega algo muito fraco.
Esta análise só foi possível graças a Bloober Team que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox Series X|S, podendo ser adquirido por meio do nosso link afiliado ao final desta análise.