Análise Ghostrunner

Release Date
27 de outubro de 2020
Desenvolvido por
One More Level, 3D Realms, Slipgate Ironworks
Publicado por
All In Games, 505 Games

Jogos de ninja não são uma novidade para o gamer mais atento, antigos clássicos como Ninja Gaiden e Shinobi já apaixonavam os fãs desses malucos de preto que saem por aí na ponta dos pés fatiando outros malucos que ousam cruzar o seu caminho. E hoje, apesar dos ninjas sumirem um pouco dos holofotes, ainda possuem espaço em ótimos jogos como Nioh ou em indies incríveis como The Messenger e Katana Zero.

Mas o que faz um jogo de ninja bom? Gameplay intenso? Jogabilidade rápida? Boa história? Pois Shadowrunner tenta se encaixar como um autêntico representante desses jogos, e tenta acertar em todos esses quesitos, será que conseguiu?

Meio ninja, meio besouro, meio morto, meio vivo.

Subindo a torre

Neste game você é Ghostrunner, um ninja cyborg fodão em um mundo distópico cyberpunk industrial, onde as pessoas vivem amontoadas em uma cidade em formato de torre, chamada Torre Dharma. Esta torre é comandada por Mara, uma poderosa líder de uma cruel facção, que elimina os opositores do seu sistema sem dó nem piedade, e cabe a seu protagonista, no caso você, um guerreiro que é o último de uma linhagem de rebeldes.

Na aventura você conta com a ajuda de uma voz na sua cabeça, o grande arquiteto, que foi traído por Mara, e agora utiliza do seu poder letal (e de sua persistência) para tomar o controle da torre de volta e acabar com a tirania de Mara.

Ghostrunner não tem lá uma narrativa espetacular, ela serve mesmo como pano de fundo para os desafios constantes do game, isso não é tão grave (em partes) pois estamos tratando de um jogo com orçamento reduzido, o que realmente limita a maneira como a história é contada, que é basicamente por diálogos soltos no meio do gameplay, tornando o enredo por si só quase irrelevante.

O primeiro cenário do game é bem bonito

Viver é uma corrida, morrer é uma lei

Bom, para começo de conversa, vou deixar claro pro leitor que não sou o jogador mais hardcore aqui da Xbox Mania, sou um verdadeiro fã do estilo casual de ser, me deliciando com jogos party com a família, jogando um fifinha ou até mesmo curtindo uma boa história na dificuldade normal, mas ainda sim esporadicamente me aventuro em jogos mais difíceis, principalmente quando minha gastrite está controlada (obrigado Omeprazol).

Mas por qual motivo estou dizendo isso? Bom, é que Ghostrunner é aquele tipo de jogo que não foi feito para jogadores casuais. Ele é cruel, difícil e desumano. Tudo nesse jogo vai ter matar, e não é brincadeira, um passinho pra trás e você morre, um pulo aleatório mal executado e você morre, espirrou? morre, piscou o olho pra lubrificar a retina? Morre. A verdade é que Ghostrunner é um game desafiador, com um estilo de progressão baseado em tentativa e erro, lembrando muito um joguinho de um pedaço de carne do começo da geração passada (Super Meat Boy, é você?). Os inimigos são um caso a parte também, pois eles possuem uma mira exemplar, e pra piorar, seu ninja apesar de modificado, não aguenta mais do que um tiro por vez, isso torna a necessidade de se movimentar e executar movimentos de ataque ainda mais precisos.

A dificuldade por trás do jogo tem um motivo claro, que é o estilo dele, assim como jogos como Celeste e Super Meat Boy, ele pressupõe que conforme você vai errando, você vai evoluindo a sua maneira de passar aquele desafio, seja tentando novas rotas ou executando o movimento da maneira correta. Esse tipo de abordagem de gameplay é adorada por muitos, graças principalmente a satisfação que o jogo trás ao cumprir um desafio.

Ainda sim, senti que algumas partes do jogo são excessivamente difíceis, a ponto da frustração ganhar o papel da vontade de ser desafiado, isso é comum em trechos mais avançados e também nas dificílimas fases com chefes.

Outro problema é o sistema de checkpoint, ele é até bem generoso, te colocando muito perto do ponto que você morreu, mas apesar disso, caso você saia do jogo no meio de um desafio que não conseguiu passar e por acaso vá se distrair em outro game, é lamentável que você tenha que jogar a fase que estava totalmente do zero. Esse é um problema que vai afetar bastante jogadores do Xbox One, e que só vai ser sanado usando o Quick Resume dos novos consoles.

Tá vendo essa tela vermelha? Pois então, é a tela que você mais vai ver no jogo.

Não é fruit ninja, mas é uma salada mista

Ghostrunner puxa muitas referências no seu modelo criativo. É um game com dificuldade nos estilo “tentativa e erro”, como os já citados Celeste e Super Meat Boy, e é importante citar Celeste, pois apesar de histórias e estilos gráficos totalmente opostos, Ghostrunner também é um jogo de escalada de torre com movimentos que prezam a memória de reflexos do jogador. Tirando essas semelhanças, é bom lembrar de outras referências importantes, como na fluidez de movimentação em primeira pessoa da engine de Doom Eternal, a mistura de plataforma e FPS com saltos duplos como em Titanfall, o parkour desenfreado de Mirror´s Edge ou as dashs seguidas de rasteiras como em Vanquish, é possível conferir referências até mesmo na janela de melhorias do personagem, onde é preciso encaixar habilidades como em peças de Tetris, que também é reverenciado em trechos do jogo.

Mas essa salada de inspirações também tem seu custo na diversão, o jogo quebra um pouco o ritmo da matança em alguns trechos dentro da mente do arquiteto, onde o cenário industrial dá lugar para um terreno cibernético neuromental colorido. Essas partes do jogo se baseiam em alguns puzzles, muitas vezes enfadonhos, que vão te fazer implorar para voltar para a Torre Dharma, claramente uma escolha equivocada de quebra de gameplay que não me agradou.

O som do jogo também não decepciona, com diálogos bem interpretados e uma trilha sonora de música eletrônica de ótima qualidade, composta pelo renomado DJ Daniel Deluxe.

Fases de plataforma são constantes em Ghostrunner

Gráficos afiados

Pra um jogo Indie, Ghostrunner é bem bonito, joguei em um Xbox One X e ele roda suavemente a 60 quadros, com cenários bem detalhados, os efeitos luminosos na espada são bem impactantes e o jogo brilha na ambientação. É um jogo tecnicamente bem impressionante pro seu orçamento.

Apesar disso, o jogo não varia muito seus cenários,  pois a maioria são baseados em depósitos industriais complexos com esporádicas luzes de neon, isso não chega a ser um defeito, pois o jogo em si não é longo o suficiente para enjoar de sua ambientação, mas não espere muita variedade de cenários durante sua jornada.

É bom ressaltar também a pouquíssima interação com o cenário. Em uma era com jogos com cenários destrutíveis e físicas avançadas, ghostrunner não te oferece muitas possibilidades, como fatiar cenários com sua espada, limite-se a seguir o roteiro.

É engraçado a falta de apego em certos detalhes, como por exemplo ao fatiar inimigos, o sangue pode voar na tela (se você habilitar esse recurso), mas ao olhar o personagem cortado, ele parece mais um presunto já maturado do que necessariamente uma pessoa que acaba de ter seus vasos sanguíneos dilacerados, no mínimo curioso.

 

Esta análise só foi possível graças a 505 Games que gentilmente nos disponibilizou uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança.

 

Análise Ghostrunner
Conclusão
Mesmo com algumas falhas comuns em jogos de menor orçamento, Ghostrunner oferece uma boa experiência em seu pacote, um jogo para poucos, que vai desafiar seus nervos e te fazer pedir penico em diversos momentos.
Gráficos
8
Som
8.5
Jogabilidade
7.5
Diversão
6
Prós
Boa ambientação e Gráficos bem estilosos
Dificuldade intensa mas na maioria das vezes justa com o jogador
Jogabilidade responsiva e bem acertada
Contras
História desinteressante e narrativa tediosa
Voltar ao começo da fase ao sair do jogo é frustrante
Fases e puzzles fora da Torre Dharma não são legais
7.5
BOM
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