Análise – Call Of The Sea

Lançamento
10/12/2020
Desenvolvido por
Out of the Blue
Publicado por
Raw Fury

O trabalho de H. P. Lovecraft é polêmico, por diversos motivos. Contudo, tão certo quanto controverso, é a influência da sua obra na cultura contemporânea. Hoje, você consegue ver referências Lovecraftianas em jogos de RPG, Games, filmes,  livros e até os mais diversos memes, afinal, todos sabemos quem é Cleitinho, não?

Em toda sua obra, mais do que criar contos que, em diversas vezes, se interligam. Lovecraft criou uma mitologia própria, que impressiona a muitos, até hoje.

Call of The Sea, não só bebe um pouco dessa mitologia, o título se embriaga com todo o universo de Lovecraft, deixando em diversos momentos, às vezes de forma sutil às vezes esfregando na cara do jogador, explícito que o game se passa dentro do universo de Lovecraft.  Sendo  assim, é óbvio que o game é obrigatório para qualquer fã da respectiva obra.

Todavia, é esperado que, assim como eu, nem todo mundo seja fã ou conheça profundamente o trabalho de H. P. Lovecraft. Logo, fica a pergunta: Para essas pessoas, o título é indispensável?

Aventurando-se na ilha deserta

Norah chega de canoa à ilha, que têm fama de ser amaldiçoada. Por isso, nesta aventura, ela não pode contar com ninguém além de sí mesma.

No jogo, controlamos Norah Everhart, mulher que sofre de uma doença desconhecida e está atrás do seu marido desaparecido, desde o dia que resolveu achar uma cura para a enfermidade de sua amada.

O jogo começa no prólogo, que também serve de tutorial rápido, que se passa no camarote de um navio. Para entender como Norah chegou até ali, só contamos com o diário da moça, peça importantíssima durante a jornada, que explica que Norah, embora ainda doente, está se recuperando rapidamente, desde que se aproximou do mar. 

Ela está indo em direção a uma ilha deserta, com fama de ser amaldiçoada, que nenhum marinheiro ousa ancorar, fato que se confirma ao descobrirmos que o máximo que nossa heroína conseguiu foi uma passagem até as proximidades da ilha, local que ela teria que se virar sozinha, na busca por seu marido, Harry, e a equipe que ele conseguiu juntar para tal empreitada.

O que vemos a partir desse ponto, é uma caça ao tesouro, que levará a pistas sobre o que aconteceu a cada um dos membros da equipe de Harry, a história da ilha e seus habitantes, e em como essa ilha se relaciona com a própria Norah.

 

Fazendo muito, com pouco…

Os gráficos são em 3D cartunesco. Embora com a profundidade bem definida, lembram muitas vezes desenho 2D.

Call of the Sea não é um jogo AAA. Logo, é possível ver, em diversos momentos, as limitações técnicas que o jogo apresenta. Todavia, mesmo com limitações, a equipe de desenvolvimento soube alinhar o game design com suas deficiências, culminando em um produto agradável de ser jogado, sem haver qualquer problema que atrapalhe a experiência.

O gráfico do título é um 3D cartunesco, que lembra muito de filmes do início dos anos 2000, como O príncipe do Egito e Simbad A lenda dos 7 Mares. Além de ser, provavelmente, mais barato de se trabalhar, deu um tom diferenciado e bonito ao título. 

A trilha sonora, composta por Eduardo de la Iglesia, é perfeita e encaixada de forma magistral ao game. Ela não toca o tempo inteiro, pelo contrário, mais da metade do jogo não há música de fundo, mas aparece em momentos chaves, guiando o tom dos sentimentos de cada cena.

A dublagem está excelente também, com entonações bem definidas que só complementam o gameplay e combinada o excelente trabalho de legenda, temos aqui um produto que pode ser inteiramente apreciado até por quem não domina a língua inglesa. 

Falo isso, porque parte do que Norah lê, é essencial para o jogador se apegar ou criar ojeriza de algum elemento do game, mesmo que não esteja presente. Fato que só é possível com um bom trabalho de tradução.

…Porém, sem fazer milagres

Apesar de nenhum dos problemas técnicos atrapalharem a experiência, eles não passam despercebidos.

O primeiro e mais notável é o fato de existirem várias paredes invisíveis. Em quase todos os momentos elas são bem vindas e se alinham com o gameplay, mas algumas vezes elas atrapalham a movimentação, o que acaba por ser algo incômodo.

A movimentação também é algo que inicialmente vai fazer algumas pessoas torcerem o nariz, principalmente quem já está habituado a jogos de FPS como Halo e Call of Duty, pois é lenta. De forma que para sentir que se está andando em velocidade normal, tem que colocar a personagem para correr.

O jogo apresenta, ao menos no Xbox fat, quedas de frames em locais amplos com muitos elementos. Tal fato, para mim, é inaceitável, uma vez que Call of the Sea tem envergadura para rodar em consoles de sétima geração tranquilamente, talvez até de sexta. Além disso, alguns pouquíssimos elementos, no final da aventura, apresentam uma resolução muito abaixo do esperado. Nada que vá mudar o gameplay, mas que não pode deixar de ser citado aqui.

Gameplay de quebrar a cabeça 

Em diversas bancadas pelo jogo, sempre haverá pistas para resolver mistérios

Call of The Sea é um título baseado em resolver Puzzles, jogado em primeira pessoa e com elementos de point-and-click. Os puzzles estão acima da média quando comparados com outros jogos. Portanto, não é um jogo indicado para aqueles que têm preguiça de pensar. Embora alguns quebra-cabeças sejam fáceis de ser interpretados, vários vão pedir um pouco mais de atenção e raciocínio.

Todas as peças importantes, serão automaticamente anotadas no diário de Norah, o que já facilita bastante. Mesmo assim, ainda precisarão de algum esforço para serem interpretados.

À medida que o jogador vai se deparando com o rastro de Harry e sua expedição, se cria um perfil psicológico de cada membro da tripulação, o que levará ao jogador a criar sentimentos específicos por cada um.

A história é muito bem contada, em seus seis capítulos, mesmo só com registros escritos ou fotográficos, você entende e se envolve com a expedição de Harry, que gera muito mais curiosidade do que a própria aventura de Norah.

Aventura essa, que é recheada de Easter Eggs, como eu disse, para aqueles que conhecem a obra de Lovecraft, não só o chamado de Cthulhu, mas outros contos também.

Saldo positivo

É importante ressaltar que todos os problemas que o jogo apresenta, não somam nem 10% de tudo que o título é, apresentando um saldo muito mais positivo do que negativo. Infelizmente, o jogo tem um baixo fator replay, pois os puzzles, embora desafiantes, só são difíceis no seu primeiro contato. Após fechar o título, não há muito porque se aventurar novamente, a não ser que você tenha deixado parte da história para trás.

Mesmo assim, Call of the Sea é um jogo recomendadíssimo para aqueles que, mesmo não sendo fãs de LoveCraft, gostam de resolver enigmas e não são do tipo que gosta de jogar correndo para fechar rápido.

Análise – Call Of The Sea
Conclusão
Call of the Sea é um game que prende muito o jogador. Mesmo com o baixo fator replay, é divertido para aqueles que são apaixonados por resolver enigmas e título obrigatório para quem gosta de H. P. Lovecraft.
Gráficos
8.5
Som
9
Jogabilidade
8
Diversão
8.5
Prós
Puzzles desafiantes
O enredo bem escrito e contado de forma diferenciada
Contras
Baixo fator Replay
Movimentação lenta
Paredes invisíveis em momentos que atrapalha a movimentação.
8.5
Viciante
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