Análise – West of Dead

Combinando um visual de motoqueiro fantasma com o que há de mais charmoso nos filmes de faroeste, West of Dead chega ao Xbox One com sua ambientação charmosa e jogabilidade simples. Desenvolvido pela Upstream e publicado pela Raw Fury, o jogo é um roguelike que não é perfeito, mas consegue prender a atenção dos mais variados tipos de jogadores, do casual ao gamer hardcore.

O enredo não é dos mais inovadores, neste game você controla um pistoleiro desmemoriado que acorda no purgatório, local onde as almas atravessam antes de seguir para o leste ou oeste. Contudo, esse fluxo de almas está parado desde a chegado do Pastor, indivíduo que está impedindo que as almas sigam seu caminho. Ao saber disso, seu personagem decide encontrar o dito cujo para pôr ordem na situação.

Obviamente encontrar o tal do Pastor não é fácil, você terá que lidar com almas de fora da lei e outros mitos do folclore faroesteano no processo. Ainda que a apresentação do enredo seja um dos mais clichês que poderia ter, o desenrolar da história é interessante o suficiente para te deixar curioso sobre o final, que é claro, vou deixar você desvendar sozinho.

Em West of Dead há basicamente 4 tipos de armas: revólver, pistola, escopeta e espingarda. Cada uma delas traz vantagens e desvantagens que se adaptam de acordo com o estilo do jogador. A escopeta por exemplo, causa mais dano, mas tem curto alcance, os revólveres têm um dano menor, porém podem ser descarregados só segurando o gatilho e por aí vai.

Além disso, há um conjunto de equipamentos especiais, como dinamite, lampião e machados, que auxiliam no tiroteio das mais diversas formas. Porém, você só pode levar duas armas e dois equipamentos, portanto, escolher o que vai carregar consigo pode fazer a diferença na sua progressão.

O fato mais marcante do level design desse game, é que cada vez que seu personagem morre, você volta para o início do jogo e todas as fases pelas quais você passou mudam o formato. Desse modo, para cada vida perdida, você pode até saber que tipo de inimigos provavelmente aparecerão em seu caminho, mas não sabe a localização nem a quantidade dos mesmos.

Ao percorrer cada nível, você coletará dois tipos de “moedas”: Minérios e Pecados.

Minério é usado para comprar melhorias para o seu equipamento, mas duram só enquanto seu personagem estiver vivo. Pecados, são usados para comprar melhorias constantes, algum benefício que estará disponível independentemente de quantas vidas você perca.

Apesar de haver essa “facilidade” que é muito bem-vinda, pois traz o sentimento de progressão ao gameplay, não se engane. Na hora que começam os tiroteios, é o reflexo e atenção no que está acontecendo na tela que farão a diferença entre continuar vivo ou voltar para o início do jogo.

As mecânicas de tiro são divertidas e simples, basicamente você mira com o direcional analógico direito e atira com os gatilhos. Apesar da munição ser infinita, há um tempo para recarregar as armas. Aliás, as armas só recarregam se não houver movimentos bruscos, justamente por isso, cada bala importa.

Há uma dinâmica de cobertura também, basta se aproximar de uma cobertura que o personagem se esconde. Porém, essa proteção não aguenta para sempre, e os personagens se movem e atiram bombas e outras coisas. Ou seja, não dá para se esconder para sempre.

Um ponto muito importante no game, é que nem sempre as salas são iluminadas, e você só pode mirar em inimigos que estão no claro. Apesar de tal fato, em cada ambiente escuro, há lampiões que ao serem acesos ofuscam seus adversários por alguns segundos, fornecendo um tempo para criar uma estratégia.

A curva de dificuldade do título é balanceada, conseguindo encontrar o equilíbrio entre ser relativamente difícil sem ser frustrante. Além do mais, há side quests que tornam o game mais desafiador para aqueles que são adeptos de uma dificuldade mais masoquista.

Nem tudo são flores no reino da Dinamarca, e nem em West of Dead. Por exemplo, em alguns momentos, há salas onde parte das mesmas tem áreas elevadas, que seriam um terreno vantajoso para quem estivesse nessa posição. Todavia os personagens, incluindo os inimigos, atiram em linha reta, fazendo as balas passarem por cima das cabeças dos alvos.

Além disso, em alguns momentos você pode se ver tendo que fugir pelos corredores dos seus inimigos. Porém, seus perseguidores só irão atrás de você em linha reta, caso haja alguma curva, eles vão ficar tentando atravessar a parede.

São falhas pontuais que não chegam a prejudicar a diversão. Porém, não passam despercebido, nem tampouco são perdoáveis, em um título de 2020.

Por tudo que foi exposto aqui até o momento, West of Dead seria só mais um game mediano. O brilhantismo da Upstream aparece na ambientação que foi usada para unir os elementos já apresentados.

Os gráficos parecem ter saído de um dos quadrinhos de Mark Richardson. A trilha sonora, apesar de não ser marcante, encaixa bem com a temática velho oeste no purgatório. Por fim, a dublagem de Ron Pearlman encaixa como uma luva no game.

Apesar das limitações, West of Dead é um bom jogo e certamente vale a pena ter na coleção. Ainda assim, o design dos níveis é cansativo de se levar por horas a fio. Acaba sendo um game muito bom para se jogar quando se tem só uma hora de tempo disponível, mas que cansa se você quiser jogar por mais de três. Na opinião desse que vos escreve, é um bom título para se jogar com frequência, mas em doses moderadas.

Conclusão
West of Dead tem falhas técnicas e não é um game revolucionário. Contudo, consegue ser divertido e ter um grande fator replay graças à sua jogabilidade e ambientação.
Gráficos
8
Som
7.5
Jogabilidade
9
Diversão
8.5
Reader Rating0 Votes
0
Prós
Jogabilidade divertida
Ambientação bem feita
Sistema procedural de geração de fases
Contras
Poderia aproveitar melhor as possibilidades de interação com o cenário
Gameplay cansativo quando jogado por muitas horas
8.3

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