Análise – The Thaumaturge

Lançamento
04/12/2024
Desenvolvido por
Fool's Theory
Publicado por
11 bit studios

The Thaumaturge: um mergulho no ocultismo do século XX

Quando pensamos em RPG, geralmente imaginamos combates dinâmicos, efeitos espetaculares e personagens fazendo acrobacias dignas de JRPGs. Mas o gênero é muito mais amplo, e hoje diversos jogos adotam elementos dele, como Assassin’s Creed Origins e a trilogia mais recente de Tomb Raider. E é nesse cenário que surge The Thaumaturge, um RPG isométrico que propõe uma experiência mais narrativa, investigativa e profundamente atmosférica.

Crédito: Divulgação/11 bit Studios

Enredo: ocultismo, escolhas e dilemas
Você assume o papel de Wiktor Szulski, um Thaumaturge, alguém capaz de interagir com entidades sobrenaturais chamadas Salutors, que se alimentam das imperfeições humanas. A história se passa em 1905, na Warsaw (Varsóvia) ocupada pelo Império Russo, em meio aos levantes operários que culminaram na Revolução Russa, um pano de fundo histórico que dá ainda mais peso à narrativa.

Logo no início, Wiktor enfrenta dificuldades para controlar Upyr, seu primeiro Salutor. Na tentativa de recuperar o controle sobre si e seus poderes, busca ajuda de Rasputin — sim, uma versão do místico russo que existiu na vida real —, figura central na história.

Crédito: Divulgação/11 bit Studios

O roteiro se molda às suas escolhas, e não demora para que você perceba que a verdadeira essência do jogo não está apenas nas lutas, mas na investigação, na leitura de pistas e na interpretação do mundo e dos personagens.

Jogabilidade: investigação, escolhas e estratégia
A mecânica central gira em torno das investigações. Utilizando seus sentidos sobrenaturais, Wiktor é capaz de revelar pistas escondidas — destacadas como partículas vermelhas no cenário. Ao reuni-las, ele formula uma conclusão, avançando na história e solucionando mistérios.

Esse sistema se entrelaça com uma progressão baseada em atributos, onde certas pistas ou interações exigem níveis específicos em categorias como manipulação, percepção ou teurgia. Para aumentar esses níveis, é fundamental dominar novos Salutors.

Os Salutors são entidades sobrenaturais ligadas às falhas morais das pessoas. Para revelá-los, é preciso conduzir diálogos que levem os personagens ao limite de suas próprias imperfeições — um conceito que, além de original, adiciona profundidade à dinâmica social do jogo.

Crédito: Divulgação/11 bit Studios

Nas batalhas, o jogo se distancia do clássico “força bruta”. O sistema de combate é por turnos e altamente estratégico, exigindo atenção ao tempo de execução de cada golpe e à sinergia entre as habilidades de Wiktor e dos Salutors. A possibilidade de reorganizar sua build antes dos confrontos é um ponto positivo, oferecendo liberdade para se adaptar a cada situação.

Confesso que o sistema parece um pouco confuso no início, especialmente na gestão dos turnos entre Wiktor e seus Salutors. Mas, uma vez que você entende a lógica, as batalhas se tornam não apenas compreensíveis, mas muito prazerosas.

Imersão: uma Varsóvia viva e pulsante
Apesar da câmera isométrica, The Thaumaturge entrega gráficos belíssimos, aliados a uma direção de arte impecável. A cidade respira — sons urbanos, como o bonde passando ou o burburinho dos cidadãos, interagem com os diálogos, abafando ou realçando falas conforme a distância, criando uma ambientação absurdamente realista.

Crédito: Divulgação/11 bit Studios

A trilha sonora também merece destaque, misturando música clássica — com Chopin no toca-discos — a composições orquestradas que elevam a tensão nos momentos certos.

Pontos negativos
Por melhor que seja sua ambientação, o jogo tem problemas técnicos que não podem ser ignorados. A performance, mesmo no PS5 Pro, sofre quedas de FPS em áreas mais povoadas. Há uma opção para reduzir a quantidade de NPCs e aliviar isso, mas, sinceramente, ela sacrifica a imersão.

Outro detalhe incômodo são as expressões faciais. Em vários momentos, os personagens parecem olhar para o vazio, com olhos revirados ou movimentos estranhos, o que quebra um pouco da magia em cenas mais intensas.

Crédito: Divulgação/11 bit Studios

E, é claro, a ausência total de legendas em português é um obstáculo enorme. Como se trata de um jogo altamente dependente de narrativa, investigações e leitura, quem não domina o inglês (ou o inglês carregado de termos russos e formais) pode acabar frustrado.

Vale a pena?

The Thaumaturge é, sem dúvida, uma das experiências narrativas mais interessantes dos RPGs atuais. Seu sistema de “captura” de Salutors, aliado a uma história rica em escolhas e dilemas, cria uma experiência que é, ao mesmo tempo, sombria e fascinante.

É um jogo que recompensa a paciência. Começa de forma mais cadenciada, quase como um livro de mistério, mas logo engata um ritmo envolvente, onde você não investiga apenas crimes — mas também as falhas, vícios e segredos da própria humanidade.

Mesmo com problemas técnicos pontuais, o saldo é extremamente positivo. Se você busca um RPG com ênfase em narrativa, escolhas significativas, ambientação histórica e uma boa dose de ocultismo, The Thaumaturge é uma experiência imperdível.

Esta análise só foi possível graças a 11 bit Studios que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para o Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC podendo ser adquirido por meio do link ao final desta análise.

Análise – The Thaumaturge
Conclusão
The Thaumaturge é um RPG que combina uma narrativa envolvente, combate estratégico e um sistema de investigação e captura simplesmente viciante. Com uma enorme variedade de missões, escolhas e possibilidades, é fácil se perder nesse universo por horas sem nem perceber o tempo passar.
Gráficos
8
Som
7
Jogabilidade
8
Diversão
9
Prós
Narrativa excelente
Combate estratégico divertido
Investigação viciantes
Contras
Graficamente abaixo do padrão atual
Desafio desnivelado em certos momentos
8
Ótimo
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