Por décadas jogos e filmes são uma das maiores ferramentas que o ser humano utiliza para vivenciar algo que no mundo real seria impossível. Participar de uma corrida mortal, nocautear os maiores lutadores da história, participar de uma batalha na segunda guerra mundial e até mesmo explorar o desconhecido e fascinante espaço sideral.
Na maioria das vezes conseguimos atingir nossas expectativas, porém muitas outras também somos surpreendidos com uma decepção sem limites, seja por falta de qualidade de um título ou então pelo excesso de expectativa por nossa parte.
Enfim, nesta nova série de artigos irei penejar sobre alguns títulos que ao serem apresentados criaram uma expectativa nos jogadores, porém de alguma forma não corresponderam ao serem lançados.
O primeiro título escolhido para a série foi Mass Effect Andrômeda, jogo da famosa Bioware responsável pelas franquias Dragon Age, Baldur´s Gate, Neverwinter Nights e principalmente Mass Effect. Acredito não ser necessário apresentar a trilogia original do comandante Shepard, apenas um comentário a fazer, se você AINDA não jogou a trilogia original devia parar tudo o que está jogando no momento e maratonar esta incrível aventura.
MEA foi anunciado durante a E3 2015 na conferência de imprensa da Eletronic Arts. Em seu lançamento o jogo sofreu com problemas técnicos seríssimos, falta de sincronização na fala dos personagens, péssimas animações faciais dos personagens, bugs de colisão dos NPCs, problemas na movimentação dos personagens etc, estes foram alguns dos problemas mais críticos entre vários outros.
Os problemas técnicos foram expostos não apenas pelos jogadores, mas também pela industria especializada (Portais de Jogos) e principalmente pelos youtubers, tudo isso gerou um imenso tsunami de reclamações, pedidos de reembolso, cancelamentos de pre-venda, impactando brutalmente as vendas.
Eu na época fiz a pré-venda na Origin e joguei inicialmente no PC, os problemas eram realmente complicados, eles não te impediam de jogar, mas era difícil acreditar que aquilo ali era um genuíno Mass Effect da Bioware.
A Bioware ciente do problema providenciou uma força tarefa entre os estúdios internos a fim de minimizar os problemas a curto prazo e melhorar as animações a longo prazo. Verdade seja dita, após os esforços da Bio Ware, muitos e muitos patches gigantescos, demissão de funcionários e a saída espontânea de funcionários chave, o jogo finalmente tornou-se JOGÁVEL. Um fato curioso que chegou ao conhecimento geral após tudo estar corrigido, é que o jogo foi produzido por um estúdio “C” da divisão Bioware, ou seja, uma equipe que apesar de ser extremamente competente, não tinha o “know how” necessário para criar um novo jogo do porte da franquia Mass Effect.
Neste meio tempo eu fiquei sem PC e consequentemente sem poder jogar, até que o jogo fosse adicionado ao vault do EA ACCESS. Com o jogo devidamente instalado, encarei a missão de explorar Andrômeda em sua totalidade, assim como tinha feito na trilogia original.
Do meu ponto de vista as críticas foram válidas, porém injustas, primeiro por se concentrarem em defeitos técnicos que ficam evidenciados na primeira hora de gameplay. Segundo, e é exatamente neste ponto que eu acho ainda mais injustas, as pessoas analisaram o jogo com sérias amarras à trilogia original.
Desde que a Bioware anunciou que estava trabalhando em um novo jogo da franquia, os produtores e demais profissionais que participavam do processo diziam que o jogo seria como uma quarta aventura, sem conexões diretas com a trilogia original. Inclusive um dos responsáveis internos da Bioware fez a seguinte afirmação durante a fase de desenvolvimento:
Quem chamar ao próximo jogo Mass Effect 4 ou ‘ME4’ está a fazer um mau serviço e a criar confusão. Já dissemos que a triologia Commander Shepard acabou e que ele não fará parte do próximo jogo. É o único detalhe que tenho do jogo […] Eu não chamo ao jogo ME4 quando falo sobre ele, [porque] faz as pessoas pensar sobre “o que aconteceu depois de Mass Effect 3” em vez de “que jogo virá agora dentro do universo Mass Effect”. Obviamente que os fãs irão especular, até nós revelarmos os detalhes nos próximos anos ou meses, visto que agora não temos detalhes nenhuns, apenas não entrem na ideia ‘como é que eles irão continuar ME3.’
Chris Priestly (Relações Públicas da Bioware)
MEA é um jogo com uma história totalmente original e sem amarras a trilogia original. Se você é um jogador novato com certeza não vai ter problema algum em começar a aventura dos irmãos Ryder, recrutar seus parceiros de batalha, definir o curso das explorações etc. Porém se você é um jogador da trilogia original vai precisar jogar de coração aberto e colocar de uma vez por todas na sua cabeça que a história de Garrus, Liara, Tali, Wrex, Miranda e especialmente SHEPARD, acabou.
Assim como no início da trilogia original tudo é novo em Andrômeda, sua nave agora é a Tempest, o seu porto seguro é o Nexus, sua equipe possui novos parceiros e principalmente agora existem novos protagonistas. Os irmãos Ryder inicialmente parecem ser duas pessoas desconhecidas e sem carisma, porém com o seguimento da história isso muda consideravelmente, afinal de contas o jogador começa a tomar as decisões e criar empatia com o protagonista escolhido.
O mesmo acontece com o seus parceiros de batalha/exploração que viajam na Tempest, é triste olhar para o lado e ver o lendário Garrus para te ajudar nas difíceis decisões, porém você pode contar com a força e temperamento forte da comandante Cora Harper. Wrex era um excelente “tank”, mas o velho Drack é ainda melhor e possui um “bom humor” pra lá de cativante. Tali’Zorah era uma ótima soldado, mas Jaal é um atirador de elite muito superior, cheio de conhecimentos e mora em um dos planetas mais bonitos do jogo.
Assim como na trilogia original você precisa recrutar os parceiros, conforme você visita novos planetas, constelações, cidades as missões vão aparecendo, até o momento que você conquista a lealdade de todos para dar continuidade em sua viagem.
Falando em visitar planetas, MEA não tem a mesma quantidade de planetas dos jogos anteriores, porém cada um deles possui uma qualidade jamais vista, efeitos de tempo e condições climáticas distintas, personagens genuínos, visual de fauna e flora próprios etc.
Graficamente falando, MEA é um dos jogos mais bonitos que eu já joguei no Xbox One, não podemos afirmar que “os planetas são reproduzidos fielmente” porque até o momento conhecemos apenas o planeta Terra. Mas o visual apresentando é tão convincente que faz você sentir realmente que está naquele local, que está respirando o ar gelado de Voeld, que está desbravando a densa floresta de Havarl ou então que de fato está dentro das cavernas das relíquias.
Eu fiz questão de fechar o jogo em sua totalidade, missões primárias e secundárias, para escrever este artigo com a maior propriedade possível. Com mais de 100 horas de jogo eu posso afirmar que Mass Effect Andrômeda é um jogo injustiçado e que vale a pena ser jogado, seja você um novato ou jogador veterano.
PS.: Jogar com a versão feminina dos irmãos Ryder é muito melhor, principalmente na parte dos romances kkk