Você pode não saber, porém Sam & Max é uma franquia antiga que saiu dos quadrinhos e se espalhou por outras mídias. Os dois protagonistas são policiais freelancers que investigam uma variedade de casos em uma versão noir, e cartunesca, do nosso mundo.
Talvez pelo estilo das histórias ou pelo carisma dos personagens, a franquia conquistou sua base de fãs e conseguiu se expandir para fora das HQs. Entre elas os games. Entre os vários jogos da franquia que saíram nos últimos 30 anos, o que nos interessa hoje é Sam & Max: Beyond Time and Space.
O jogo é um remaster point and click, desenvolvido pela Skunkape Games – O jogo original foi desenvolvido pela Telltale Games – e trás nossos heróis em cinco histórias que se conectam, mas que podem ser apreciadas separadamente, tal qual uma sitcom.
Aliás, o ambiente do jogo em si visa trazer a estética de um seriado policial para o game. O título conta, através de cinco capítulos, uma narrativa carregada de piadas sarcásticas e críticas veladas a diversos comportamentos sociais do nosso mundo. Interessante, não é? Mas permita-me avaliar todas as características do game de forma mais detalhada antes de dar o veredito.
Gráficos e trilha sonora
De forma geral, os aspectos artísticos do jogo são aceitáveis, não mais que isso. Não existe nada de belo nos gráficos, mas nada que incomode ou vá de encontro a proposta do jogo. A trilha sonora não é enjoativa, nem tampouco marcante. Ninguém sentirá falta da trilha sonora, nem tampouco se incomodará com ela durante o gameplay.
A dublagem, por outro lado, está impecável. As vozes caem perfeitamente com o que esperamos dos personagens tanto no timbre quanto na entonação. Além do mais, são o complemento perfeito para as dezenas de piadas que o título joga na nossa cara.
Humor
Aliás, o senso de humor desse game é bom, mas nem tanto. As piadas encaixam muito bem a personalidade dos personagens, o estilo de humor traz o tom crítico e o sarcasmo de desenhos do início dos anos 90 como Animaníacs e Simpsons – você verá críticas ao comportamento de jovens viciados em festa, por exemplo, ou o comportamento de líderes pop e etc.
Infelizmente, é perceptível que há algumas piadas no limite do que pode ser considerado preconceito. Ao meu ver, algumas delas passam um pouco a linha do que é uma piada, mas como são piadas veladas, fica difícil eu afirmar que de fato o são.
A variedade de conversas (e consequentemente de piadas) não é tão grande quanto o gameplay exige. Pior, os diálogos parecem ser o pilar central do título, logo, era de se esperar que houvesse um número maior dos mesmos. Contudo, o que ocorre é você ter que ouvir a mesma piada dezenas de vezes ao ponto de ela perder a graça enquanto você busca soluções para os puzzles.
Além disso, como o jogo não foi localizado para o português, aqueles que não dominam a língua inglesa não aproveitarão em nada essa faceta tão importante do jogo, tornando o título um jogo muito nichado em relação ao povo brasileiro
Gameplay
Sam & Max: Beyond time and Space é um point and click que se baseia em forçar o jogador a resolver enigmas em cima de pistas oriundas dos diálogos apresentados durante a jogatina.
A movimentação entre o cenário se mostrou muito tediosa. A velocidade dos personagens em cena é muito lenta, além de que, em determinados episódios, há a necessidade de passar por cenários intermediários, o que traz mais lentidão ao processo. Esse aspecto, desgasta muito o gameplay, já que andar pelo cenário é a ação que mais se faz durante o jogo.
Além de andar, existem duas coisas que se fazem: Coletar objetos específicos enquanto explora os cenários, e interagir com os NPCs para entender a história e/ou coletar pistas.
Este primeiro é o método básico de avançar no jogo. Cada objeto tem funções específicas e podem ser usados uma ou mais vezes de acordo com a necessidade de cada episódio. Cada episódio, aliás, tem sua própria coleção de objetos que interagem com diversos elementos da história, sendo o revólver o único item recorrente.
A interação com os NPCs é o método de coletar pistas e descobrir como e onde usar cada item descoberto no cenário. É importante enfatizar que o jogo não oferece nenhuma ferramenta de anotação nem de destaque das pistas oferecidas em cada diálogo. Portanto, cabe a perspicácia de cada jogador captar, ou não, cada pista oferecida, o que pode demorar para acontecer.
Vale lembrar também que toda a pesquisa gira em torno dos diálogos o que torna o idioma obrigatório para o jogador que se aventurar pelo título.
Conclusão
Sam & Max: Beyond time and Space tem uma premissa engraçada, apoiada, ao que parece, nas características que fizeram dos personagens ícones da cultura pop. Infelizmente, o roteiro é limitado e a remasterização não aproveitou a oportunidade de atualizar o texto para um contexto mais aceitável.
Além disso, a mecânica do jogo é, como diria o meme, xôxa, capenga e inconscintente, deixando o título à mercê do carisma dos protagonistas que já é limitado pela pouca variedade de texto. Se você não é um falante da língua inglesa e grande fã de Sam e Max, talvez seja melhor empregar seu tempo em outra coisa
Esta análise só foi possível graças a Emily Morganti e a Skuncape, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.