Fora da Caixa – A pilha da vergonha

Quando estamos nos aventurando em um jogo, lidamos com diferentes tipos de adversários. Alguns são controlados pela inteligência artificial, a famosa IA, outros são controlados por outros jogadores, como nós, em modos multiplayer.

Independente do tipo de jogo que você curte, saiba que uma hora ou outra, terá que enfrentar um inimigo poderoso, que teima em crescer ao longo dos dias. Ele é conhecido por muitos como backlog, embora alguns o chamem carinhosamente de pilha da vergonha.

O backlog é uma lista de games, acumulados ao longo do tempo, que pretendemos terminar. Atente-se ao terminar, porque é muito comum ouvir de colegas, amigos, ou até mesmo da nossa própria boca que finalizará determinado jogo, coisa que nunca acontece.

Afinal de contas, ter uma lista de jogos é saudável? Sim e não, isso depende muito de como você lida com ela.

Com o Xcloud poderemos jogar de qualquer lugar

Muitos jogos e pouco tempo para jogar

Uma coisa é certa, estamos vivendo o melhor momento da indústria de games. Calma, pode soar estranho, mas se olharmos para trás, poucos conseguiam se manter atualizados com os jogos.

Hoje a coisa ficou um pouco mais fácil, graças aos serviços como o Gamepass, EA Play ou o recente Xcloud.

Mas a oferta de títulos não para por aí, Epic Games e Amazon oferecem jogos gratuitos para os assinantes dos seus respectivos serviços.

Fora as promoções semanais, mensais ou temáticas, que pipocam a todo momento nas lojas digitais, fazendo com que jogadores tenham a irresistível vontade de comprar um novo game, mesmo tendo uma lista enorme para finalizar.

E é aí que mora o problema. Soa estranho isso? Pois é, parece loucura, mas há algumas situações que acabam ficando fora do controle.

Tenho amigos que passaram a noite e foram madrugada adentro para finalizar um determinado game, mesmo tendo que trabalhar no dia seguinte. Outros chegaram a negligenciar atenção a seus filhos ou esposa, pois estavam ocupados em terminar um título que estava parado em sua pilha da vergonha.

Ter um backlog é saudável, o problema é virar um refém dele.

Jogos, serviços, acessórios, tudo leva aos prazeres da jogatina!

Preciso jogar tudo?

A resposta é NÃO. Infelizmente sentimos a obrigação de jogar todos os títulos lançados naquele mês ou ano. Porque não queremos ficar de fora do período de lançamento dos jogos mais badalados ou da rodinha de amigos que passam o tempo todo discutindo qual é o melhor jogo daquele ano.

No próximo mês será lançado o Halo Infinite, por conta disso, tenho que jogar todos os Halos anteriores? A resposta é depende, você curte, tem tempo para fazer isso tranquilamente? Sem problemas. O problema é iniciar uma corrida desenfreada, com o objetivo de finalizar todos os títulos, sem sequer ver a luz do dia.

Quando criamos conteúdo para a internet, a coisa piora. E aquilo que deveria ser um hobbie feliz, passa a ser algo angustiante. Falo por experiência própria.

Houve um momento nesses últimos meses que desejei parar com a criação de conteúdo relacionado a games. A minha vontade era apenas de curtir os jogos, sem a necessidade de analisar ou escrever algo sobre ele. Claro que, se eu levasse essa ideia para frente, eu me arrependeria amargamente.

Felizmente temos amigos que nos ajudam a entender melhor as nossas limitações, temos pessoas que amamos, que sempre estarão conosco, abrindo os nossos olhos e nos ajudando em nossas trajetórias.

Ter muitos jogos é legal, mas sofrer por causa deles, não é uma boa ideia. Infelizmente não teremos acesso a todos os lançamentos e tudo bem, joguemos aquilo que está ao nosso alcance. Afinal de contas, o importante não é se divertir?

Se você, caro leitor, se identifica em algum nível com tudo que escrevi até aqui, eu gostaria de propor nos próximos parágrafos algumas alternativas, para trabalharmos juntos esse problema e tornar, novamente, a atividade de jogar videogame em algo prazeroso.

Você conseguiu finalizar o Watch Dogs Legion?

Preciso terminar todos os jogos?

Repita comigo: “Eu não preciso terminar todos os jogos.” Tudo bem com você? Uma coisa que aprendi nos últimos meses é que não precisamos terminar um jogo que não está nos agradando. Ponto final. Por que perder tanto tempo em um jogo ruim?

A não ser que você esteja trabalhando em uma análise dele. Aí a responsabilidade falará mais alto. Mesmo assim, há casos que uma quantidade razoável de horas jogadas, será suficiente para você tecer suas críticas sobre ele, mesmo não tendo finalizado o tal jogo.

A ideia aqui é valorizar o seu tempo, que é curto, jogando algo interessante e prazeroso.

Alterne os gêneros

Uma outra dica para trabalhar bem a sua lista de jogos, é alternar o gênero. Por exemplo, eu acabei de finalizar o Blasphemous, um jogo do gênero metroidvania.

Jogos desse tipo demandam um certo tempo, por isso, o título que peguei em seguida foi o Wild Peaks. Um indie brasileiro do estilo Onde Está O Wally. Inclusive fizemos uma entrevista com o estúdio responsável por ele que você pode conferir acessando esse link.

Quer um outro exemplo? Jogos da From Software. Geralmente esses games demandam uma dedicação absurda da pessoa, por conta do seu nível de dificuldade. Terminou um Dark Souls da vida, pule para outro tipo de jogo.

Essa alternância me ajudou a lidar, de uma forma mais tranquila, com o meu backlog.

Preparado para jogar o Elden Ring?

Pare de comprar mais jogos

Eu sei que você não aguenta ver uma promoção bacanuda, mas pare e pense comigo: eu realmente preciso desse jogo? Se a resposta for não, não compre.

Vai lidando com os jogos que você já tem e quando a lista estiver menor ou finalizada (acho difícil de acontecer), compre o título que você deseja.

Recomendo que crie uma lista, respeitando a alternância de gênero, e foque nela. Se tiver um jogo, que realmente você deseja, crie o seguinte objetivo: só pego esse, se fechar dois da minha lista.

Que tal uma corrida?

Existe vida lá fora

Entre uma jogatina e outra, faça uma coisa diferente. Ouça uma música, saia para passear, passe mais tempo com as pessoas que você ama. Parece óbvio né? Infelizmente não é para alguns.

Por coincidência, essa semana tive uma conversa com um colega de trabalho, que me confidenciou ter ficado em um estado de completo vício nos jogos.

A ponto da esposa ter que chamar a sua atenção, pois o tempo que ele tinha com os filhos e com ela, tinha praticamente acabado.

Jogar videogame é legal, mas podemos fazer isso com sabedoria e dando valor ao que realmente importa, que são as pessoas que amamos. Eu, por exemplo, tenho um filho de 9 anos que é um fã declarado da Nintendo.

No meu backlog tem alguns jogos da Big N, e como sei que ele curte, eu reservo um tempo para jogarmos juntos.

Claro que fazemos outras coisas, como andar de bicicleta ou passear no parque. Mas jogar com ele, é muito mais prazeroso. O importante é manter o backlog atualizado, mas de uma forma tranquila e saudável.

Fim do backlog?

Eu amo jogar videogame e acredito que você também. Por isso, o nosso backlog nunca acabará. O que temos que fazer, é jogar com consciência, respeitando os nossos limites.

É óbvio que nem todas as sugestões que demos neste artigo surtirá efeito na sua vida. Mas tente pelo menos um deles e compartilhe conosco nas redes sociais o resultado que você alcançou.

Não sofra de ansiedade por não poder jogar o game do momento. Aguarde por uma promoção, até lá, vai fechando calmamente os títulos que você tem.

E não se esqueça de sempre tomar água, de se alimentar bem e de fazer exercícios regularmente.

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