Como começar a jogar Videogames?

Como se ensina alguém a assistir filmes?

Não, não estamos falando sobre produzir um filme ou uma animação, mas sim sobre como uma obra dessas deve ser assistida. A resposta é bem simples: não se ensina. Contanto que você possua alguma forma de receber a informação sendo passada – vendo as cenas, ouvindo os diálogos e/ou lendo as legendas -, a obra pode ser perfeitamente apreciada.

O que pode acontecer é que você se torne uma pessoa mais criteriosa com o que você consome. Com o passar do tempo, passa a ser capaz de distinguir entre um diálogo bom e um ruim ou uma cena bem ou malfeita. Mas o ponto principal sempre se mantém: você não tem como não conseguir assistir ao filme. Talvez você não entenda a trama, não considere os sustos tão assustadores ou a comédia tão engraçada, mas chegar até o final da obra é sempre possível.

Isso é que difere o videogame de todos os outros ramos da arte. Ele é o único que você pode não ser talentosa o suficiente para chegar até o final. E a razão disso vai mais longe do que um simplório “jogos são difíceis”. Existe todo um linguajar, regras e noções com as quais as pessoas mais veteranas estão familiarizadas, porém aparentam fazer parte de uma língua alienígena para quem acabou de começar a jornada.

Pois então, é exatamente para isso que estamos aqui!

Quer dizer que você quer cometer o terrível erro de começar a jogar videogames ou, até pior, trazer alguém para esse mau caminho? Você veio ao lugar certo.

Nós iremos apresentar a você uma sugestão do caminho a se seguir, começando do básico do básico da introdução, passando por jogos mais complexos e culminando em uma noção geral de como os jogos funcionam.

Tudo para que você – ou uma pessoa próxima – possa sentir o prazer e alegria de discutir com estranhos na internet sobre qual objeto caro de plástico que reproduz jogos é o melhor.

Porém, antes de mais nada, alguns apontamentos bem importantes:

  1. Assim como uma limpeza na casa, montar uma banda e a realização do exame do toque, aprender a jogar videogames é algo que é perfeitamente possível e de ser feito sozinho, mas fica ainda melhor e mais fácil quando acompanhado de uma pessoa mais experiente e disposta a ajudar;
  2. Ao contrário do que pessoas com fotos de desenho possam dizer nas redes sociais, não há vergonha alguma em jogar em um modo mais fácil ou usando opções de acessibilidade. No fim do dia, é importante que a experiência seja prazerosa e te motive (ou outra pessoa) a ter vontade de jogar outras obras;
  3. Não deixe uma experiência ruim desestimular o ato de jogar. Poucas coisas podem ser consideradas universais, um jogo específico definitivamente não é uma delas. Caso algo não tenha sido interessante, tem sempre outro jogo que pode te encantar. E outra, não tenha medo de falhar. Faz parte.

Observação: Como o texto foi postado originalmente no Xboxmania, consequentemente, o linguajar e os jogos usados como exemplos são mais aplicáveis para o referido console e, em parte, para computadores. Contudo, na medida do possível, tudo que será apresentado aqui pode ser aplicado para qualquer videogame.

Dito isso, vamos começar pelo básico. E quando digo básico, é nível blocos caindo do céu.

 

1ª ETAPA – NOÇÕES BÁSICAS DE INTERAÇÃO

Nesse primeiro momento, o foco deve ser se familiarizar com o funcionamento do controle e aprender a navegar e interagir com um jogo. Para tanto, não há recomendação melhor do que Tetris Effect.

Tetris Effect

Poucos jogos conseguem ser tão simples quanto encantadores. A premissa é clássica: formas geométricas caem e você deve alinhá-las para que formem uma linha e, em seguida, ela desapareça.

O brilhantismo desse jogo está no quão amigável ele é para os novatos. Primeiramente, no momento em que ele te leva para o menu inicial, no qual você deve escolher o que irá fazer, você é apresentada a opções bem autoexplicativas, as quais possuem uma descrição do que fazem e facilmente te direcionam para uma partida.

Esse primeiro contato é fundamental, pois o acervo de opções aqui presentes e, principalmente, como você navega por ele, pode ser facilmente transportado para outros jogos.

Agora, o principal: esse jogo é fenomenal. Cada fase pode muito bem ser um clipe musical, no qual a trilha sonora e efeitos visuais mesclam em perfeita harmonia, criando uma experiência sinestésica capaz de encantar pessoas novatas e experientes. Ou seja, é um jogo muito bom, muito bom mesmo.

Para a nossa jornada, ele ajuda bastante a familiarizar alguém com o funcionamento de um controle, no sentido de onde ficam os botões, melhor forma de pressioná-los, movê-los e como um jogo normalmente reage às interações de quem joga.

 

2ª ETAPA – REFLEXOS, COMANDOS E PROGRESSÃO

Então, minha pessoa cheirosa, você já se acostumou com o básico de como um jogo funciona? Perfeito, então está preparada para o que há de melhor, mais avançado e mais lindo nos videogames. Está preparado para Rayman: Legends.

rayman legends

O jogo é um excelente exemplo do gênero plataforma, no qual um personagem corre e pula sobre obstáculos, quase sempre da esquerda para direita. Veja, você sabe os jogos do Mario? então, esses são jogos plataforma.

A escolha específica desse Rayman se deve ao fato de que não só é o melhor jogo da sua respectiva franquia, como também um dos melhores do gênero.

O cuidado e a originalidade com que cada fase é feita são de cair o queixo. Todas elas são tão divertidas de serem vistas quanto de serem jogadas, com todas seguindo a mesma fórmula de “vá da esquerda à direita”, resgatando simpáticos seres azuis pelo percurso; mas sempre usando algum tempero, alguma ideia ou alguma temática para fazer com que todas sejam únicas.

Sem contar que o jogo acerta em cheio na sensação de jogar. Os saltos, ataques e até a velocidade da corrida são perfeitamente balanceados para que o mero ato de interagir com o jogo seja extremamente prazeroso.

Além disso, a quantidade de conteúdo proporcionada também serve de exemplo. Um enorme elenco jogável, junto com a integralidade do primeiro jogo (Rayman Origins) como algo para ser desbloqueado, garantem que cada partida se traduza em progresso.

Para a questão de aprendizado, a obra é um prato cheio. Com ela, você se acostumará a realizar movimentos e combinações de comandos de forma mais rápida em um ambiente muito amigável – visto que não há tanta penalidade por perder – ao mesmo tempo em que se adapta a uma estrutura extremamente comum nos jogos. Em outras palavras, o que você aprende aqui é aplicável em uma infinidade de outras obras.

E enquanto Rayman Legends vai te ensinar a saltar (e rolar, e cair, e correr…), Streets Of Rage 4 vai te apresentar a melhor e mais antiga arte de resolução de conflito: sair na porrada.

A mais recente sequência de uma série que se iniciou em uma época mesopotâmica em que era necessário ir a um lugar chamado por arqueólogos de “fliperama”, dá uma aula em como reviver um clássico.

Com visuais lindíssimos que fazem o jogo parecer uma mistura de desenho animado e história em quadrinhos interativa, junto com uma trilha sonora que pode te levar a crer que seria uma ótima ideia sair pelas ruas de sua cidade distribuindo agressões, a apresentação do jogo encanta já nos primeiros segundos.

Mas como você está aqui pelo delicioso aprendizado, vamos ao que interessa. O jogo irá consolidar aquilo que Rayman introduziu, mas em vez de ser focado na movimentação, será no combate. Os comandos simples são uma ótima maneira de se acostumar com jogos de luta e combate, assim como a dificuldade bem balanceada irá ajudar a se preparar para experiências mais exigentes.

Tendo jogado ambas as obras da presente etapa, você vai estar familiarizada com grande parte dos comandos do controle, assim como habituada com o que cada gênero exige, tanto de dificuldade quanto de interação.

Assim, você vai entender que na grande maioria dos jogos, “A” pula e, principalmente nos de progressão lateral, “X” ataca.

Por fim, temos como última recomendação desta etapa o espetacular Ori and the Blind Forest: Definitive Edition.

ori and the blind forest

Neste jogo, acompanhamos a carismática criaturinha Ori em sua jornada para devolver vida à sua floresta e, também, à sua família. O jogo segue a tendência estabelecida nesta etapa, sendo um espetáculo audiovisual. Poderia até dizer o quão lindo é ou quanto encantadora sua trilha-sonora consegue ser, mas eu acabaria repetindo o que foi dito nos outros jogos.

O papel dele no seu aprendizado está, inicialmente, no fato dele mesclar a movimentação e combate de maneira a fazer com que esses dois pontos se tornem quase que um só. Todavia, o que realmente nos interessa aqui é como ele é uma excelente introdução a noções de navegação.

Até o presente momento, os jogos ou não tinham direção a se seguir ou exigiam de você a capacidade de ir, unicamente, da esquerda para a direita.

Contudo, Ori recebe a nomenclatura de metroidvania, nome dado a jogos que apresentam um mundo aberto e interconectado, o qual pode ser explorado pela pessoa jogando como ela desejar, sendo tal exploração limitada, usualmente, pela posse de determinadas habilidades.

Dessa forma, o ato de encontrar o seu caminho e decidir para onde ir faz parte da experiência. Mas não significa que ele irá largar a você à própria sorte, o jogo apresenta um bom mapa e dicas visuais para dar uma indicação geral de onde seguir.

Assim sendo, o hábito de confiar em seus instintos, seguir pequenas indicações presentes no cenário e até mesmo permitir se perder vai se tornando cada vez mais natural.

Uma das maiores qualidades da edição definitiva é a possibilidade de modificar a dificuldade. Em seu lançamento, Ori era notoriamente exigente e, de fato, ainda o é, contudo, pessoas com menos experiência agora têm a possibilidade de selecionar uma dificuldade bem mais amena e convidativa.

Com o que foi apreendido nessa jornada, uma imensidão de outros jogos se torna compreensível e acessível.

 

3ª ETAPA – MOVIMENTAÇÃO EM 3D E SENSO DE DIREÇÃO

Você já se perguntou como os personagens de qualquer história em uma mídia passiva – livros, filmes, séries e afins – sabem onde devem ir e olhar?

Pode aparentar ser um questionamento bizarro. “Não”, você claramente responderia à pergunta acima. Pois quando a obra icônica de Jane Austen, “Orgulho e preconceito”, descreve que Elizabeth foi à casa do grande pateta que é o Sr. Darcy, os personagens simplesmente aparecem na destinação. No máximo há uma descrição do percurso trilhado.

Porém, digamos que você, pessoa cheirosa e inteligente, estivesse na pele de Elizabeth e tivesse de ir até a casa do Sr. Darcy, conseguiria chegar?

Saberia para onde ir e o que olhar? Seria capaz de entender instruções e dicas visuais no percurso? Poderia usar os dois analógicos ao mesmo tempo para se locomover e olhar (tá certo, a comparação está perdendo o efeito)?

São essas questões que iremos tratar nessa etapa, para que você não só se acostume com a movimentação em um ambiente tridimensional, como também passe a entender a linguagem que os jogos normalmente usam.

Destarte, há poucas obras melhores para introduzir alguém a esse conjunto de regras do que It Takes Two. No jogo, acompanhamos um casal transformado em bonecos enquanto tentam retornar aos seus corpos para que possam, enfim, abandonar um relacionamento morno e deixar de ser um casal.

Acontece que, além de ser algo incrivelmente bem escrito, também é muito bem-feito. Em sua essência, é um jogo de plataforma, em que corremos e saltamos por versões exageradas de ambientes domésticos. Porém, cada um dos muitos níveis apresenta uma mecânica que é tão simples quanto genial, surpreendendo a cada momento.

Uma de suas muitas vantagens é ser bem amigável. Nessa jornada cooperativa, enquanto um dos dois jogadores estiver vivo, o outro sempre retornará. Ainda que ambos percam a partida, os retornos nunca são muito distantes.

O único “problema” dele é que é exclusivamente cooperativo. Ou seja, dependerá de outra pessoa para experimentá-lo, seja do seu lado ou pela internet. Ainda assim, caso tenha alguém que possa partilhar dessa jornada com você, ele é uma experiência obrigatória para jogadoras novas e veteranas.

Todavia, caso sua aventura tenha de ser um tanto mais solitária, porém ainda mais engraçada, outro jogo muito bom para servir de introdução ao mundo 3D é Psychonauts 2.

Psychonauts 2 capa

Antes de mais nada, não se preocupe. Eu sei que a existência desse “2º” no título implica a existência de um “1º” e você não gostaria de perder o contexto, porém o 2º jogo brilhantemente coloca uma ótima introdução logo no começo, para que você não tenha de retornar a um (excelente) jogo que já possui idade para votar.

Esse absolutamente carismático e criativo jogo de plataforma nos coloca no papel do jovem acrobata psíquico Razputin Aquato ao longo do início de sua carreira como agente dos Psychonauts, que são espiões com habilidades mentais que defendem o livre pensar, aventurando-se pelo ambiente mais desconhecido possível: a mente.

Enquanto a premissa do jogo permite a confecção de fases que beiram ao inimaginável e a história surpreende ao tratar, com maestria, relacionamentos e arrependimentos, a jogabilidade brilha ao fazer – similar a Ori – do combate e da exploração uma coisa só. Tudo isso envolto em um sistema de dificuldade customizável ao ponto de praticamente te tornar invencível.

Focando agora um pouco mais na ação, em vez de recomendar um único jogo, recomendo um pacote da empresa Square Enix, composto por Avengers, Guardians of the Galaxy e a trilogia recente de Tomb Raider. Esse conjunto vai de bom até excelente, porém, o principal aspecto dele é que se enquadra perfeitamente no critério de “jogos à prova de idiotas”.

Calma aí, eu explico: eles possuem tantas opções de acessibilidade e dificuldade, que você pode jogar desde o modo “faca nos dentes”, no qual todo e qualquer pum em hora errada significa derrota, até mesmo de forma bem compreensiva, com danos bem diminutos e grandes indicadores apontando para a direção correta. Ou seja, todo mundo joga e todo mundo ganha.

Uma última recomendação nessa seara de “ei, eu consigo ver meu personagem” é uma das marcas registradas da Xbox: Gears of War. Essa é uma saga tão excepcional que o pior jogo da franquia é considerado “bom”.

Com excelente construção de mundo e de fases, junto com um combate que só pode ser chamado de intoxicante, ao lado de uma história surpreendentemente profunda e trágica, a franquia merece todos os elogios que recebeu ao longo dos anos. Sem contar que, todos os jogos principais podem ser jogados de forma cooperativa.

Além disso, as dificuldades customizáveis permitem que pessoas com qualquer nível de habilidade possam se aventurar no conflito do jogo.

Minha única ressalva quanto a recomendar os jogos da família Gears é que são todos extremamente violentos. Não é atoa que a marca registrada da saga é uma metralhadora com um serra elétrica grudada nela. Contudo, se isso não for um problema para você, poderá experimentar uma das melhores coisas que a Xbox tem a oferecer

 

4ª ETAPA – 1ª PESSOA

Como todo bom relacionamento, o nosso é sustentado pela honestidade. Então, sendo bem honesto, essa etapa é uma extensão da última. Aqui, os fundamentos que aprendemos anteriormente serão aplicados à uma visão mais intima, pelos olhos do protagonista.

E nada melhor para nos ajudar a nos familiarizarmos com todas as nuances de jogos de tiro em 1ª pessoa – os quais nem sempre envolvem tiro – do que um clássico moderno.

Bioshock é considerado um dos melhores jogos já feitos, sendo um triunfo deste ramo da arte, no qual a criatividade artística e avanços tecnológicos se unem para confeccionar a decadente cidade subaquática em que a trama se passa.

Ocorre que, além de ser um espetáculo arquitetônico e um cativante conto filosófico, também é um jogo que dá para atirar em inimigos e usar poderzinho. E são os elementos de jogabilidade que fazem de Bioshock uma obra pedagógica.

Os inúmeros elementos que compõe a estrutura desse jogo são aplicáveis em diversos outros. A maneira de atirar, a administração de recursos e as formas que conta a história presente e passada são apenas alguns dos aspectos que se fazem muito bem representados aqui e também estão presentes, de uma forma ou de outra, em toda a indústria.

Caso possa fazer uma recomendação, sugiro que adquira o pacote com a trilogia remasterizada e inicie com o primeiro, pois assim perceberá o quão bom ele é e o quão superior é a sua sequência.

E falando em sequências que superam os originais, nós temos DOOM Eternal. O mais recente jogo da icônica franquia que ousou questionar “e se você atirasse em demônios com uma escopeta?” também é, para todos os efeitos, o melhor.

doom eternal arte

O conceito de uma invasão demoníaca na terra e em outros planos de existência é o cenário ideal para que as mais viscerais batalhas possam ocorrer em lindíssimos ambientes.

A escolha dele como obra instrumental na familiarização com jogos em 1ª pessoa está na sua velocidade e em sua movimentação. DOOM Eternal é um jogo que irá exigir de você não só uma boa mira, como também bons saltos.

Na travessia pelos cenários, você terá de usar um acervo de movimentos não muito diferente daquele presente em Rayman Legends, fazendo com que o domínio e compreensão do ambiente seja algo tão necessário quanto a escolha da arma ideal para cada situação.

Por último, não se intimide com os visuais e temas, o jogo quer que você o aproveite da melhor forma possível, possuindo um sistema de dificuldade consideravelmente flexível.

E assim, quase poético que o último jogo de nossa saga seja DOOM, uma obra que vem apresentando videogames para pessoas do mundo todo por quase 3 décadas. Mas ei, a mesma observação de Gears ocorre aqui: esse um jogo que é um tantinho ultraviolento.

 

ÚLTIMA ETAPA – AGORA É CONTIGO

Parabéns! Chegando até aqui, você se tornou uma pessoa muito familiarizada com os diversos elementos e linguajar que fazem parte de tudo aquilo que é videogame. Espero que esteja feliz, pois não há mais volta.

Porém, falando razoavelmente sério, o acervo de jogos apresentado aqui é apenas um fragmento da parte mais fina da ponta do iceberg daquilo que este ramo da arte pode oferecer. Em meio a tantas produções similares de jogos de guerra ou de mundo aberto, existem incontáveis obras que almejam fazer algo inovador ou até mesmo conhecido, mas de forma única.

Os jogos são capazes de oferecer experiências com o potencial de mudar sua maneira de ser e de ver o mundo ou até mesmo, quando o jogo é realmente brabo, de tornar uma tarde mais divertida.

Então vá lá, jogue bastante, dê uma chance para jogos diferente, não tenha medo de abaixar essa dificuldade ou de pedir ajuda e, mais importante, não discuta com pessoas com fotos de desenho na internet. A sua vida é preciosa demais e esse tempo poderia ser investido jogando mais jogos.