Análise – Streets of Rage 4

LANÇAMENTO
30/04/2020
DESENVOLVIDO POR
Dotemu, Lizardcube, Guard Crush Games
PUBLICADO POR
Dotemu

Recentemente Streets of Rage 4 (SOR4 para os íntimos) completou dois anos de seu lançamento, e para não passar em branco, resolvi fazer a sua análise (embora atrasada) pra poder falar sobre o por que dele ser considerado por muitos o melhor beat em up já feito. Será só nostalgia, o peso do nome, o que contribuí para este tipo de opinião? Vamos ver na análise.

 

A história do jogo começa com uma premissa bem simples como os outros. Dez anos após SOR3, o sindicato do crime está de volta na cidade de Wood Woak, com rumores que dizem que os líderes do sindicato são os próprios filhos de Mr.X. E como o sindicato controla até mesmo a polícia, não há outra esperança a não ser os clássicos vigilantes que limpam as ruas na base da porrada.

Entre as fases existem cenas curtas de história, como em SOR3, onde é revelado que os gêmeos Y controlam a cidade usando música eletrônica. É uma sacada muito interessante, tendo em vista que música é um aspecto muito importante na série, e é justamente o que fez muitas pessoas não gostarem de SOR3. Basicamente o motivo era por Yuzo koshiro e Motohiro Kawashima decidirem usar um software para automatizar a criação das músicas, além de pegar como influência música industrial e experimental, tendo uma grande pegada de Trance. Dizem que foi em ali que nasceu o Trance, mas essa informação precisa ser verificada com calma.

Embora seja um jogo novo, com muitos aspectos de jogo moderno, SOR4 ainda é bem fiel aos clássicos da franquia no gameplay. Tem o total de 12 fases, com opção de 6 dificuldades diferentes, e além do modo história que salva seu progresso, tem também o modo Arcade onde se zera com apenas “uma ficha”, Desafio de chefões, Sobrevivência, Treino e Batalha. A campanha principal do jogo leva em torno de uma hora e meia para concluir, e com tantos personagens, vale a pena revisita-la para jogar de formas diferentes e tentar novas pontuações.

 

Hora de falar sobre os personagens. Além dos 5 personagens básicos e 3 de DLC, tem também 13 personagens clássicos em pixel art que são desbloqueados a medida que se joga o jogo e ganha pontos. Totalizando 21 personagens jogáveis.

Axel Stone – É o personagem que geralmente é bem balanceado, tendo seus atributos bem “mais ou menos”, sem se sobressair em quase nada. Aqui Axel tem uma força bem alta, mobilidade mediana e muita versatilidade para criar combos. É o melhor personagem para aprender a jogar.

 

Blaze Fielding – Como sempre a Blaze é uma personagem de velocidade e com golpes ágeis. Seus combos fazem o inimigo quicar no chão e na parede, facilitando malabarismos e combos aéreos, além de combos em grupo. Fazendo um bom uso de seus golpes especiais, é possível ter bastante controle aéreo e fazer combos incríveis, ela realmente não deixa a desejar.

 

 

Cherry Hunter – Filha de Adam, personagem clássico da série, é a personagem com maior mobilidade tanto no chão quanto no ar, e única dos principais que tem habilidade de correr. Seus golpes lembram os de Eddie “Skate” (seu tio), porém com muitos golpes originais e fortes, inclusive tendo o melhor especial defensivo do jogo e com um excelente golpe aéreo elmental. Embora seja uma personagem de velocidade, é possível causar muito dano se aprender a jogar com ela.

 

 

Floyd Iraia – Aprendiz de Dr.Zan, o brutamontes do time tem o maior dano entre os personagens, e a menor velocidade também. Porém, para compensar na falta de velocidade, Floyd tem golpes que ajudam a atravessar a tela mais rápido a custo de vida, e também um especial que chama o inimigo para perto. Utilizando seu Thunder Trap com blitz alternativo, ele fica invencível. É simplesmente um dos brutamontes mais fáceis de se aprender a jogar em um beat em up.

 

 


Adam Hunter – O personagem com o retorno mais aguardado na franquia. Adam tem um pouco de mobilidade a menos que Axel na hora de andar, a mesma força, porém se diferencia por ter um movimento de esquiva, que o deixa muito mais ágil que a maioria, e golpes de longo alcance que fazem o inimigo quicar com força nas paredes. É um personagem difícil de dominar, mas está entre os melhores, quando bem utilizado.

 

 


Estel Aguirre – Uma personagem bem balanceada na maioria dos atributos e bastante ágil graças aos seus golpes. Estel é uma excelente personagem, com golpes bem únicos para um personagem de beat em up, como lançamento de granadas de fragmentação e de atordoamento por exemplo. Apesar da sua agilidade excelente, Estel é bem difícil de dominar

 

 


Max Thunder – Outro clássico retornando a franquia, tão bom quanto era antigamente. Max tem um dano absurdo, golpes com muitos hits e grandes possibilidades de combo, sendo mais versátil que Floyd e inclusive, é até mais fácil de dominar.

 

 

 

Shiva – O personagem mais “roubado” do jogo. Tem dano alto, boa mobilidade e combos com muitos hits. Mesmo sem dominar completamente as mecânicas de combo do jogo, é possível fazer um estrago com o Shiva. É um excelente personagem para começar a jogar, caso você esteja com dificuldade de passar de alguma parte. E também é um bom personagem de entrada para quem quer aprender a fazer combos infinitos.

 

 

 


Agora que falei sobre os personagens, é hora de mostrar o que faz SOR4 tão especial,
a jogabilidade!

A jogabilidade é bem fluída, com animações muito bem feitas e os ataques se conectam de forma rápida e fluída. SOR4 nasceu como um remake de SOR2, bem antes de ser transformado em uma continuação da série. Dito isso, dá pra entender que por isso alguns elementos de SOR3 foram descontinuados, como a habilidade de correr dos personagens e a possibilidade de fazer rotas diferentes. A barra de especial foi removida, e ao invés disso, todos os especiais consomem vida como no 2, porém deixam uma barra verde. A medida que o jogador bate nos inimigos, vai recuperando a vida gasta com especial. Porém, caso o jogador apanhe, vai perder toda a vida verde da barra de uma vez só.

Diferente de praticamente todos os beat em ups que tem habilidade de corrida, em SOR2 e 4 existem diferenças gigantes de dano entre os personagens. Portanto, colocar todos para correr, iria quebrar esse balanceamento, além de quebrar o jogo em si, já que existem muitas situações onde correr deixaria o jogador com uma vantagem absurda contra inimigos, e isso dá pra ser comprovado com os personagens retro de SOR3. E nesses pontos do jogo, embora a maioria dos personagens de SOR4 não tenham corrida, dá pra compensar bem a distancia com golpes especiais. Além é claro, do ritmo do jogo não pedir corrida e o espaçamento entre grupos de inimigos não ser grande.

 

Nos jogos anteriores sempre tinha uma forma de bater cada vez mais do que deveria nos inimigos. Seja fazendo o “vai e vem” ou usando apenas os primeiros hits do combo para prender os inimigos na animação de apanhar, o famoso “stun lock”. Em SOR4 o stun lock foi bem reduzido para evitar isso, fazendo com que inimigos caiam depois de uma certa quantidade de golpes, o que parece ser algo ruim para jogadores de longa data. E para compensar isso, o sistema de combo foi muito melhorado, sendo possível cancelar ataques com outros ataques ou até mesmo o pulo, como em jogos de luta. Além desses cancelamentos de golpes, o que já modernizou bastante o gameplay, foi adicionada a mecânica de especiais de tela inteira, bater em inimigos caídos, juggle (manter inimigos no alto), quicar eles na parede e/ou no chão, o que aumentou muito mais as possibilidades de combo do jogo, deixando ele comparável á jogos de luta.
Mesmo sem abusar das pequenas brechas de stun lock, sendo criativo na mistura de golpes, é possível tirar metade da vida de um chefe em um único combo. Alguns jogadores até desenvolveram combos infinitos para lidar com os chefes!

Os inimigos do jogo são em grande parte os mesmos dos jogos anteriores, com adição de alguns originais muito interessantes e com mecânicas novas. De forma geral eles são um show a parte, pois não são minions que estão ali só para apanharem quietos. A inteligência artificial do jogo é muito bem feita e está programada para sempre tentar pegar o jogador desprevenido, com ataques pelas costas ou aproveitar brechas dos seus ataques. Além disso, cada variação de cor dos inimigos age de forma diferente como nos anteriores. Outra coisa que faz os inimigos serem especiais, é que diferente de outros jogos, muitos deles tem golpes anti aéreos, golpes executados imediatamente ao levantar, além de alguns desses golpes terem “armadura”. Onde o inimigo leva dano, porém não é possível parar o ataque. O que faz com que você tenha que pensar e agir com estratégia ao invés de sair batendo de qualquer jeito.

Os chefes tem estratégias próprias e cada um tem um golpe especial, como os protagonistas. Esses golpes mudam bastante a dinâmica da luta

O visual do jogo foi completamente renovado, sendo todo pintado a mão, com um estilo que lembra de quadrinhos. Todas as animações são bem ricas em detalhes, até com diferentes expressões no rosto dos personagens ao acertar ou receber golpes. Os cenários contém muitos detalhes, com personagens e animações de fundo, mostrando que a cidade está viva. Embora alguns poucos fãs não tenham gostado da mudança, achando melhor o jogo ter sido feito em pixel art, este é o estilo que foi idealizado para SOR por Ayano Koshiro nos clássicos. Mas por limitações da época, só era possível fazer o jogo em pixel art. Além dos traços serem maravilhosos, o jogo possui um efeito único de luz e sombra. As luzes do cenário refletem nos personagens, e as sombras também se sobrepõem aos mesmos.

Exemplo da iluminação dinâmica do cenário refletindo na Cherry

 

Diferente dos outros jogos onde existe um foco em Dance music, ou em Industrial, SOR4 tem músicas de estilos variados, trazendo o que temos de popular na época atual, como Dubstep por exemplo. Cada parte de cada música está associada a uma parte do estágio dessa forma, a música não fica se repetindo em um looping eterno, ela avança de acordo com a área que você está, e fica mais calma ou mais intensa de acordo com o nível de ameaça dos inimigos. Se você ouvir a música ficar mais intensa, se prepare para um desafio maior, se ela ficar mais calma, você terá até menos inimigos na tela ao mesmo tempo, mas é bom manter o cuidado de qualquer forma.
As músicas das fases foram compostas por Oliviere Deriviere, e apesar de terem uma pegada mais atual, tem bastante da essência das músicas antigas da série. Algumas trilhas foram compostas pelos mestres Yuzo Koshiro e Motohiro Kawashima, além de diversos convidados. Cada convidado compôs uma trilha de chefe, e são todos nomes de peso como Yoko Shimomura de Street Fighter, Keiji Yamagishi de Ninja Gaiden, Das Mortal de Hotline Miami, entre outros nomes de peso.

Depois de um ano de seu lançamento, o jogo recebeu a DLC “Mr.X Nightmare”, que vem com a breve história de que Dr.Zan fez experimentos com o cérebro de Mr.X recuperado no final verdadeiro de SOR3. O que resultou na criação de uma simulação de realidade virtual onde os protagonistas vão entrar para treinar para próximos desafios. Essa DLC trouxe o modo de sobrevivência, onde é possível enfrentar incontáveis tipos de situações, com novas armas, inimigos, mecânica de efeitos passivos e até mesmo músicas inéditas compostas por Tee Lopes. Algumas dessas armas novas foram adicionadas no modo história do jogo também.

Além disso foi adicionado um modo de treino para poder testar seus combos com várias configurações e inimigos possíveis, além de um modo de tutorial que ensina o básico do jogo e de cada personagem, explicando como expandir seus combos (o modo de terino e tutorial não fazem parte da DLC em si, mas foram lançados no mesmo patch).
E como muitos pediram, esta mesma DLC trouxe Estel, Max, Shiva e Roo (SOR3) como personagens jogáveis. Além também de golpes alternativos para todos personagens, que são desbloqueados a medida que se joga o modo de sobrevivência.

 


Streets of Rage 4 é um jogo que foi feito por fãs, para os fãs, com provação da Sega, e foi feito com muito carinho e dedicação. Foi um lançamento de sucesso, com mais de 2.5 milhões de cópias vendidas, e até mesmo seu anuncio teve um impacto tão grande na indústria, que muitas empresas indies começaram a fazer seus próprios beat em ups. Por isso, esse ano temos tantos jogos do gênero sendo lançados (mais de 16 só esse ano), por isso teremos um novo Tartarugas Ninja, e podemos sonhar com um novo Double Dragon ou Final Fight.

Deixo aqui o meu feliz aniversário ao SOR4, e o meu Muito obrigado a Dotemu, Guardcrush Games, Lizard Cube e a Sega. Vejo vocês em SOR5!

 

Análise – Streets of Rage 4
CONCLUSÃO
É sem dúvidas o melhor beat em um já feito em quesitos técnicos e também é muito divertido e com uma excelente trilha sonora.
Gráficos
10
Jogabilidade
10
Som
10
Diversão
10
PROS
Gráficos desenhados a mão
Gameplay fluído e divertido
Coop para 4 players
Trilha sonora excelente
CONTRAS
Falta de coop online para 4 players
10
INSANO
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