Análise – Spacebase Startopia

LANÇAMENTO
26/03/2021
DESENVOLVIDO POR
Realmforge Studios
PUBLICADO POR
Kalypso Media Group GmbH

O gênero de jogos de gerenciamento – os Business Simulators –  tem um lugar especial na minha vida já que passei minha infância toda mergulhado no boom dos jogos Tycoon – Airline Tycoon, Transport Tycoon, Roller Coaster Tycoon, Railroad Tycoon são alguns exemplos entre os mais populares. Isso sem contar outros jogos de gerenciamento, como a série SimCity, Constructor, Theme Hospital e Theme Park. Enfim, pela lista dá pra saber que esse tema me anima bastante, né? Em 2001, um jogo desse gênero entrou no meu radar. chamado Startopia. Infelizmente, só tive acesso à demonstração na época, mas o pouco que joguei me apresentou um jogo com grande potencial de diversão. Eis que, em 2021, a Kalypso me surpreende com um reboot da serie para a nova geração, chamado Spacebase Startopia! Fiquei bastante animado para realizar essa análise, então aí vai!

Tive um pequeno questionamento bem no começo da análise: o sistema de Smart Delivery da Microsoft infelizmente te força, em alguns jogos, a instalar a versão X/S Enhanced dos jogos, e este foi o caso com o Spacebase Startopia. Como muitos já devem saber, um dos grandes problemas de jogos da nova geração é a necessidade de se instalar o jogo no armazenamento interno do console. Como humilde proprietário de um Xbox Series S – logo a análise foi realizada neste console – isso quer dizer que, literalmente, meia dúzia de jogos (com sorte) já ocupam praticamente todo o espaço do SSD deste console. Se uma versão next-gen me livrasse de problemas como quedas de frame ou tempos de carregamento curtíssimos, eu não estaria chamando atenção para este ponto: apesar de os tempo de carregamento serem exatamente o que se espera de jogos da nova geração, as quedas de performance em um jogo que graficamente não demanda do console, a meu ver. degradam a experiência de jogo. Nem com o Assassins Creed Valhalla tive tantos problemas de performance quanto em Spacebase Startopia, mesmo no modo de Qualidade. Tendo destacado esta aspecto negativo,  vamos às impressões sobre o jogo.

Modos de Jogo e Mapa

Primeiramente, o que se pode dizer é que Spacebase Startopia esbanja carisma! O humor peculiar da narradora que te auxilia e os gráficos cartunescos formam uma combinação bem bacana! Startopia possui dois modos de jogo: Jogo Livre e Campanha, que podem ser jogados solo ou em multiplayer online. O Jogo Livre é bem objetivo: até 4 jogadores competem em uma mesma estação pelo controle comercial da Startopia. Você pode competir contra bots no modo solo, ou contra até outros 3 jogadores online no modo Multiplayer. Todos os recursos do jogo ficam disponibilizados desde o princípio, então não recomendo que novos jogadores comecem pelo Modo Livre. Se desejar praticar, você pode simplesmente desativar todos os bots e jogar sozinho (acredite, o jogo em si já apresenta desafios interessantes sem a necessidade de competidores!).

A Campanha é o “modo história” de Spacebase Startopia. Ela é composta basicamente por mapas em que você deve cumprir certos objetivos para progredir. Embora eu recomende que você em hipótese alguma ignore o Tutorial do jogo, o modo Campanha faz um bom trabalho através dos objetivos de cada capítulo em ensinar novas funcionalidades do jogo, além de apresentar algumas cut-scenes explicando a história de Spacebase Startopia: você é contratado por uma inteligência artificial robótica para gerenciar diversas estações interestelares, chamadas Startopias. Estas estações servem como ponto de encontro de diversas espécies alienígenas, onde elas podem se divertir, descansar e trabalhar. Em troca dos seus serviços – que envolvem a oferta de albergues para descanso, lanchonetes e até mesmo fliperamas e cassinos – seus visitantes alienígenas pagarão sua estadia com Energia, a moeda corrente do jogo. Com a Energia, você contratará e promoverá novos funcionários, construirá novos empreendimentos e desbloqueará novas áreas do mapa. Logo, o equilíbrio que você faz entre atender as demandas de seus visitantes e a operação da estação interestelar é de grande importância.

O mapa do jogo é dividido em três setores: Deque Inferior, Deque de Diversão e Bioestação. O Deque Inferior é a ala de serviços da Startopia. Nela, você pode construir Albergues, Alas Médicas, Delegacias e Alas de Detenção, Fábricas e Usinas de Reciclagem, citando alguns exemplos. Todos os visitantes que chegam ou saem da Startopia passam primeiramente por esta área. O Deque de Diversão é… óbvio, o nome já estrega sua função: nesta parte da nave você ira construir Cassinos, Fliperamas, Restaurante e Hotéis. Um Deque de Diversão bem planejado é essencial para que você consiga extrair o máximo de Energia de seus visitantes. Por fim, a Bioestação é uma área onde você pode terraformar diversos habitats (como savanas, florestas e vulcões) em que cada um produz um recurso diferente, como comida ou minerais, que são importantes para a fabricação de placas de circuito ou outros elementos avançados. A Bioestação também é importante para seus visitantes, pois elas simulam os habitats naturais das espécies alienígenas, que podem visitar a Bioestação para matar a saudade de seus planetas.

O mapa de Spacebase Startopia é bastante interessante, já que os Deques têm funções específicas e até mesmo o sistema de elevadores tem que ser planejado para evitar filas muito longas. já que os visitantes e sues funcionários utilizam o mesmo serviço. Porém, em uma jogatina mais longa e com uma Startopia grande fica muito difícil de rastrear o que está acontecendo na estação. Muitas vezes você sentirá certa satisfação de resolver problemas no Deque de Diversão, apenas para descobrir que o Deque Inferior está em caos completo. Saber o que está exatamente acontecendo passa também por outro problema, este mais difícil de se acostumar: a interface confusa do jogo.

Interface, Dificuldade e Jogabilidade

 A interface do jogo, resumidamente, é bem confusa. A começar pela utilização dos botões X e A (no caso de um controle de Xbox): a maioria dos jogos unifica as funções de ação (selecionar, ativar, visualizar unidades) através do botão A. Mas em Startopia a função de menu fica exclusivamente vinculada ao botão X. Pode parecer pouca coisa, mas durante os primeiros minutos (ou horas se você demorar a se acostumar como eu) é comum que você se confunda e acabe realizando a tarefa errada, ainda mais pelo fato de a função desses botões não ser explicada nem nos tutoriais. Tendo superado este primeiro obstáculo, para acessar os diversos menus do jogo, você utiliza sempre combinações de dois botões (LB + X, RB + B, por exemplo) e em um primeiro momento, você mais erra do que acerta o que quer acessar, mas depois de um tempo acaba se acostumando. Mais complicado é acompanhar os níveis de satisfação de seus visitantes alienígenas: a interface da tela de Visitante é extremamente confusa e você nunca consegue ter certeza do que está errado em sua estação por esta tela. Minha solução foi abrir o menu de visitante de alienígenas aleatórios e ver qual das necessidades deles estava mais baixa.

Além disso, um menu em específico no jogo acabou ficando extremamente difícil de utilizar pela quantidade excessiva de combinações de tecla em sequência. Para piorar é um menu do jogo utilizado em momentos que exigem ações rápidas: o Menu de Combate. Foi bastante estressante, no meio de uma invasão de plantas carnívoras na Bioestação, mobilizar meus drones de combate para ir até a área de conflito: jogar o controle na parede me passou pela cabeça em alguns momentos dada a confusão de RB+B, LB + Cima, X, B, A que você precisa pressionar para realizar movimentos e ataques. Junte-se isso com os problemas de performance onde a taxa de frames despenca e você tem uma tempestade perfeita pra estragar alguns momentos da experiência de jogar Spacebase Startopia, o que acaba afetando negativamente a qualidade de sua jogabilidade. Minha opinião é que a parcela de RTS (Estratégia em Tempo Real) do jogo acaba sendo algo mais negativo do que positivo para o jogo. Porém, na parcela que se concentra no gênero Business Simulator, o jogo é bastante divertido, e não te dá um minuto de paz enquanto tenta equilibrar a construção, expansão e manutenção da estação com suprir as necessidades de seus visitantes.

Falando em opções de dificuldade, o jogo tem 3 dificuldades, e a única coisa que muda entre elas são alguns multiplicadores que afetam os níveis de satisfação dos visitantes, a quantidade de energia que eles oferecem e o custo de construção dos empreendimentos da estação, para citar alguns aspectos. Além destes multiplicadores, você também tem a opção de modificar os bots do Modo Livre em 3 dificuldades diferentes, que alteram a velocidade de ação dos bots e seu nível de agressividade.

Gráficos, Som e Diversão

Embora seja quase covardia comparar jogos 20 anos separados um do outro, neste caso vale a pena dizer que Spacebase Startopia é bem melhor graficamente que seu antecessor: não se trata apenas de um remaster que atualiza a resolução das texturas. Também não o considero um remake, pois adiciona novos elementos e um mapa bastante diferente do jogo original. Por isso, fiquei mais confortável em chamar este jogo de reboot pois o jogo muda completamente alguns aspectos da obra original. Voltando aos gráficos, o jogo utiliza muito bem as cores nos diferentes ambientes, e a qualidade das texturas não fica ruim mesmo com um zoom bem próximo dos elementos. O sistema de iluminação também é bem agradável e você não vai se sentir andando em Las Vegas com uma tonelada de luzes neon agredindo seus olhos. Porém, como a maioria dos jogos que estão sendo lançados atualmente, não te dão a impressão de estar tendo uma experiência next-gen.

Sobre a parte sonora do jogo, antes de mais nada, é preciso parabenizar a Kalypso pelo excelente trabalho de localização do jogo. Além dos tradicionais menus e legendas em português, todos os diálogos da IA que te acompanha estão em português. Achei particularmente divertido ser guiado pelo voz de ninguém menos que GLaDOS, a robô antipática mais carismática do universo! A música e os efeitos sonoros também são muito bem feitos e os níveis de áudio são bons: você não sente efeitos sonoros mais altos que outros, o que pode incomodar quando existem muitos efeitos sonoros repetitivos. A música é bem retro e também não é cansativamente repetitiva (um estilo de música bem “jogos dos anos 2000″… aliás, acabei de me sentir extremamente velho ao chamar ao anos 2000 de “retro”). As dicas narrativas são extremamente úteis, além de bem narradas como já foi falado. Joguei por volta de 5 minutos com o som desligado e percebi de cara a importância das dicas narradas: várias bombas explodiram na base porque não ouvi a IA me avisando sobre ataques no Deque Inferior. Resumindo, comparado a outros jogos do mesmo gênero, foi uma das experiências sonoras mais agradáveis que tive.

Mas depois disso tudo, fica a pergunta: o jogo é divertido? Vale a pena comprar e jogar? Para responder e concluir a análise, recomendo Spacebase Startopia para quem curte o gênero de Business Simulator. A parcela de RTS não deve atrair nenhum amante deste gênero ao jogo, já que esta funcionalidade é bastante secundária em boa parte do jogo, e pelo menos nos consoles bem mal executada pela confusão nos controles. Gerenciar a estação quando você se acostuma com os controles e a interface do jogo é bem legal e você consegue jogar horas a fio, curtindo a discoteca com seus visitantes ou acompanhando seus drones de segurança procurarem por ladrões. Mas os comandos de combate – que são necessários em algumas missões da Campanha e essenciais para o Modo Livre – e as quedas de performance podem estragar a experiência de jogadores mais exigentes ou quem ainda não está familiarizado com o gênero.

Esta análise só foi possível graças a Realmforge Studios e Kalypso Media, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – Spacebase Startopia
Conclusão
Apesar de Spacebase Startopia conseguir melhorar aspectos do jogo original - como gráficos e mapa - controles e interface confusos, além de problemas de performance podem estragar a diversão desse divertido gerenciador de estações espaciais.
Gráficos
7
Jogabilidade
6
Som
7.5
Diversão
7.5
Prós
Boa localização para o português, com pouquíssimos erros de tradução;
Reboot interessante de um clássico de gerenciamento de base;
Um perceptível upgrade gráfico da obra original;
O formato do mapa é interessante e te força a tomar decisões estratégicas durante a jogatina.
Contras
Controles e interface confusos, exigindo muito tempo para se acostumar;
Quedas grandes de performance inexplicáveis para um jogo exclusivo da geração Series;
Gráficos, mapa ou tempos de carregamento não justificam a versão exclusiva do Xbox Series.
7
BOM
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