Algumas vezes, quando estamos jogando, bate aquele sentimento de nostalgia, aquela saudade de quando éramos mais novos e pouco nos importávamos com 4K, Ray Tracing, quadros por segundo e por aí vai. Memórias de quando jogávamos por horas e por mais simples que o jogo fosse, ele era capaz de viciar e entreter aquele ou aquela jovem empolgada na frente da TV.
O jogo de hoje possui uma alta dose “old school”, e me fez sentir durante toda minha jogatina, que estava encarando algo clássico, em pleno Xbox Series S. O jogo da vez… ou melhor, a coletânea de jogos da vez, é Serious Sam Collection, que reúne as versões remasterizadas Serious Sam HD: The First Encounter, Serious Sam HD: The Second Encounter, Serious Sam 3: BFE e os DLCs The Legend of the Beast e Jewel of the Nile. Trata-se de um jogo de tiro, ação e aventura que você pode alterar as câmeras entre primeira e terceira pessoa, desenvolvido pela Croteam e publicado pela Devolver Digital.
Primeiro, vamos conhecer um pouco de cada jogo, e depois, ver se o conjunto da obra honrou o legado Serious Sam e trouxe uma boa experiência. Seja para novos jogadores ou para veteranos querendo matar a saudade, confiram nossa análise de Serious Sam Collection:
Serious Sam HD: The First Encounter
Se você não conhece a saga Serious Sam, não se preocupe, eu te explico tudinho. O protagonista da aventura é aquele típico machão invencível, capaz de engolir uma granada, tomar um tiro de bazuca, ser atropelado por um trem, cair de um helicóptero e continuar vivo… tá bom, eu exagerei, mas o fato é que ele é do tipo durão que aguenta qualquer tipo de coisa, um homem feito para a guerra. Sam Stone, ou Sam Serious, é o herói da nossa aventura no game e pode apostar que você dará muitas risadas com ele.
Se tratando de Serious Sam, seja o jogo que for, não leve nada a sério. Existe uma gigantesca dose de humor e ironia em todos os jogos, Sam faz várias piadinhas e confesso que são boas, até mesmo os inimigos são engraçados, bizarros, mas engraçados. Então estejam avisados, nada aqui é sério, leve na brincadeira. A história de todos os games, serve apenas como uma decoração, uma motivação para o “quebra pau” durante a jornada, o grande foco do jogo são os combates, mas sim, existe uma história e eu vou contá-la para vocês.
O planeta Terra está completamente arrasado, alienígenas vieram de outra dimensão e estão atacando nosso lar, não se sabe muito sobre eles, exceto que eles já visitaram a Terra no passado distante. É quando uma ultima esperança surge. Os humanos descobrem um dispositivo chamado Time-Lock, ele é uma máquina do tempo e permite a uma pessoa viajar para o passado através de um portal interdimensional. Nosso querido Sam será o designado para a missão, que é simples: viajar ao passado, matar “Mental” o líder dos alienígenas e salvar a humanidade no futuro.
É exatamente quando Sam viaja ao passado que Serious Sam HD: The First Encounter começa, chegamos ao antigo Egito tomado por alienígenas e bom… fim. Não exija mais enredo do jogo nesse ponto, a história da uma introdução e basta. Agora, foco nos tiroteios até o fim.
Os combates frenéticos!
Essa é a parte que mais gostei no jogo, e o fator nostalgia se aplica exatamente aqui. Os combates em Serious Sam são frenéticos, eletrizantes e extremamente difíceis. Joguei a campanha no modo normal e mesmo assim foi complicado lidar com as hordas de inimigos vindo pra cima o tempo todo.
A marca registrada dessa série é a dificuldade e a enorme quantidade de inimigos que vem desenfreadamente aparecendo em nossa direção. Algumas missões do jogo colocam centenas, repito, CENTENAS de inimigos num mesmo ambiente. É complicado enfrenta-los e algumas mortes (e raiva) são inevitáveis, mas a sensação de recompensa ao final é muito boa também.
Existe uma enorme quantidade de armas a disposição e apesar de ser meio lento alterar entre elas, faça isso, pois em algumas missões será bem mais efetivo trocar de arma e usar a que melhor se adapta a quantidade ou tipo de inimigo na fase.
Como vocês podem ter reparado nas imagens acima, os gráficos são bem ultrapassados, apesar de serem bons no passado, hoje eles ficam devendo. Mas como eu disse no começo desta análise, esse é um jogo “old school” com enredo clichê, gráficos comuns e jogabilidade frenética.
Como foi essa primeira experiência?
Serious Sam HD: The First Encounter me agradou muito, foi minha primeira experiência com um jogo da franquia e posso dizer que me surpreendi, os gráficos não são lá essas coisas, mas a dificuldade dos combates e o carisma de Sam me cativaram.
O grande ponto negativo que encontrei foi a câmera em terceira pessoa, muito estranha e ruim de controlar, então já aconselho que você jogue na câmera em primeira pessoa para não passar raiva. O game rodou perfeitamente bem em meu console e não tive problemas com bugs, isso também se aplica aos próximos jogos e DLCs, ainda bem. Vale mencionar, que a duração da campanha gira em torno das 6 horas.
Serious Sam HD: The Second Encounter
Nossa jogatina em The Second Encounter começa imediatamente ao final do primeiro jogo, novamente tendo uma história simples e apenas como pano de fundo. Sam sofre um acidente com sua nave e cai na América Central, coincidentemente, existe uma segunda nave nesse local e teremos que encontra-la para continuar nossa jornada. Achei bacana a ambientação nesse segundo jogo, com as ruínas no Antigo Egito dando lugar a um mundo mais tropical, ensolarado e bonito. Inclusive, teremos o envolvimento dos Maias nessa aventura, que dura em média 7 horas para ser concluída, quase o mesmo tempo de seu antecessor.
Os gráficos permanecem bem parecidos e até mesmo os inimigos e armas estão semelhantes. Matar monstros continua absurdamente difícil, com combates cheios de oponentes e aquele sentimento de prazer quando você consegue passar das missões. Para evitar citar sempre as mesmas coisas, já aviso aqui que a jogabilidade, armas, inimigos e todo o sistema do jogo permanecem sem muitas novidades.
Mas não pense que o jogo é apenas um mais do mesmo e ponto final, aliás, é visível que estamos em uma situação completamente diferente do primeiro game e apesar de os desenvolvedores terem mantido a base fiel ao The First Encounter, a experiência foi satisfatória e gostei do tempo que passei nessa aventura.
Serious Sam 3: BFE
Serious Sam 3: BFE se passa antes dos acontecimentos de The First Encounter, ou seja, é um prequel. Esse jogo facilitou imensamente o meu entendimento da história, foi nele que me senti realmente apto a falar sobre a história do jogo nessa análise. As questões sobre o Time-Lock e o que aconteceu antes de viajarmos ao passado são vividas aqui.
Estamos no momento em que o Time-Lock (Máquina do tempo) foi encontrado, porém, o dispositivo está dormente e precisamos descobrir como religa-lo para realizar nossa viagem no tempo. Então no começo do jogo temos Sam e seu esquadrão chegando no Cairo, lugar onde supostamente poderemos obter essas respostas e “despertar” o Time-Lock.
O resto vocês já devem imaginar, muitos alienígenas pela frente, prontos para tomarem tiros, pancadas e todo o tipo de surra que Sam Serious possa dar. Destaque para os gráficos que evoluíram e deixaram os combates com um visual mais bonito. Os inimigos se mantém os mesmos, mas com algumas melhorias estéticas. Novamente os combates permanecem difíceis e gostosos de jogar, pode apostar que você terá, assim como nos jogos predecessores, muita ação desenfreada para encarar.
A trilha sonora dos outros jogos já era legal e dava uma boa valorizada nos momentos de ação, e em Serious Sam 3 isso não mudou, ela permanece bacana e deixa os combates mais emocionantes e imponentes. A história seguiu simples, mas respondeu algumas perguntas, a dificuldade está lá para ser apreciada (ou não kkk) e eu gostei bastante desse jogo, que acabou sendo um dos meus favoritos da coletânea. Numa campanha que tem 10 horas de duração.
Todos os jogos seguem a mesma receita de bolo…
Receita de bolo? Como assim? Bem, eu explico. Em uma receita de bolo temos os ingredientes específicos, mesmo que façamos uma cobertura, uma incrementada em algo a mais, a essência da receita será sempre a mesma e certos ingredientes vão sempre permanecer lá. Serious Sam funciona exatamente dessa forma, o jogo segue uma receita de bolo em todos os títulos e por mais que algumas melhorias (poucas) sejam feitas, o sistema do jogo é sempre o mesmo: História simplista pra introduzir a campanha, combates, combates e mais combates, fim de jogo.
Isso pode ser bom para alguns e enjoativo para outros, pra mim foi uma mescla dessas duas situações. No começo eu curti ficar um bom tempo disparando minhas armas e matando aliens, mas chegando ao fim da coletânea as coisas já ficavam muito previsíveis e dava para perceber que tudo aconteceria da mesma forma.
Legend of The Beast
A primeira expansão que apresentarei é Legend of The Beast. E como você já deve esperar, a história não será um grande fator aqui. Nem nos jogos originais ela é, imagine numa DLC…
Legend of The Beast se passa novamente no antigo Egito, após os eventos do nível “Metropolis” de The First Encounter e antes dos acontecimentos do “Beco das Esfinges”. Existe a lenda de que uma besta está aterrorizando as pessoas no local e nosso imbatível Sam terá de lidar com a ameaça. Novamente com muitos inimigos pela frente, teremos aquele mesmo gráfico de Serious Sam 1 e 2 que é simples mas funciona.
Jewel of The Nile
A segunda DLC é uma expansão para Serious Sam 3: BFE e novamente temos a missão de reativar o Time-Lock. Sam precisa ir até uma ilha para continuar alguns procedimentos (não vou me prolongar aqui pois envolve spoilers do terceiro jogo) e ligar um gerador que fica naquele lugar. Nosso protagonista recebe a missão e fica relutante no começo, mas com o tempo ele aceita e vai encarar mais uma aventura.
Os gráficos são os mesmos de Serious Sam 3, assim como as mecânicas e todo o sistema de jogo. A duração é bem curta, assim como a de Legend of The Beast. Mas confesso que me diverti jogando ambas as DLCs e além disso, elas são um bom complemento para os jogos.
Multiplayer
Se o jogo estiver muito difícil, não é vergonha nenhuma chamar um amigo para te ajudar. Isso deixa a experiência mais divertida e além do modo cooperativo temos também as opções: competitivo online para até 16 jogadores, multiplayer local para 4 pessoas em tela dividida, modos clássicos como o Deathmatch (mata-mata), Team Deathmatch (mata-mata em equipe), Capture the Flag (capturar a bandeira) e os modos de sobrevivência que o jogo traz.
Por fim, vale a pena?
Serious Sam Collection é um prato cheio para os jogadores saudosistas, trata-se de um jogo “raíz” e com todos os games e DLCs somados você terá boas horas de jogatina atirando, morrendo, passando raiva e dando a volta por cima quando conseguir passar das hordas de inimigos. Os gráficos são sim ultrapassados hoje em dia, a jogabilidade é totalmente diferente de um Call of Duty ou Halo, mas se você se considera bom em jogos de tiro, vale a pena se arriscar aqui. Ah, antes que eu me esqueça, o jogo não possui nenhuma tradução para português. Nem as legendas.
Apesar de ser muito bom para quem procura algo com aquela alma de jogo clássico, o game cai na repetição e sempre terá as mesmas coisas pra fazer, no caso, matar tudo que se meche na sua frente. Então, antes de comprar Serious Sam Collection, analise tudo o que falei nesse texto e veja se ele realmente é pra você, reafirmo aqui, é um game “old school total”, então pode ser muito bom para alguns e ultrapassado para outros. Para mim? foi uma ótima experiência!
Esta análise só foi possível graças a Croteam e Devolver Digital que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.