Análise – Resident Evil Village – Winters Expansion

Em minha humilde opinião, Resident Evil tem, como uma de suas marcas registradas, ouso dizer mais do que qualquer outra coisa, a presença de conteúdo bônus.

Ele sempre esteve lá, desde que a franquia cunhou o termo Survivor horror, não deixando-a quando ela moldou o gênero de ação em terceira pessoa como conhecemos hoje e continua com ela nessa atual era do retorno do terror, seja na forma de finais alternativos, partidas alternativas, itens secretos, roupas, personagens e modos de jogo.

Resident Evil - Shadows Of Rose 1

Pode até ser um pouco polêmico, mas, verificando todos os jogos que compõe a franquia, não seria muito errado afirmar que, mais do que administrar recursos, ângulos de câmera estacionário, um mundo de jogo como um quebra-cabeça ou até mesmo dar medo, a ideia de que você libera algo novo quando termina um de seus jogos é a característica mais presente na saga. Mas claro, a forma como esse elemento se manifesta nos jogos varia.

De um lado, nós temos o ideal platônico de conteúdo bônus da franquia, com Residente Evil 4 e sua campanha secundária, junto com uma missão extra, modo mercenários – o qual, para quem não sabe, consiste em enfrentar uma horda de inimigos até que o tempo acabe, com a possibilidade de liberar novos personagens – e armas e roupas desbloqueáveis.

Do outro, nós temos opções mais modestas, como a nova versão de Resident Evil 3, com armas e uma única roupa para desbloquear, e a versão básica de Resident Evil 7 com seu limitado conjunto de itens secretos.

E agora, nós temos um pacote de expansão para Resident Evil Village. Entendam, o jogo básico possuiu um conjunto de desbloqueáveis que pode ser definido como “satisfatório”: uma série de equipamentos novos e uma nova iteração do modo mercenários, a qual foca em “finalizar a fase” em vez de apenas “sobreviver até o tempo acabar”, mas sem personagens novos, infelizmente.

O que esse novo pacote, intitulado de Winters’ Expansion, procura trazer é agir como um verdadeiro pacote de expansão, proporcionando novos conteúdos e formas de jogar. Como ele é composto por 3 experiências, vamos analisar cada uma delas individualmente e, por fim, julgar o pacote como um todo.

 

Resident evil 8 - Terceira pessoa 1

UMA NOVA PERSPECTIVA.

O novo modo em terceira pessoa é, de fato, em terceira pessoa. 8/10.

Resident evil 8 - Terceira pessoa 2

NÃO FOI PARA ISSO QUE VOCÊ RECEBEU O CÓDIGO DE ACESSO AO JOGO.

Tá bom, chefe. É seguro dizer que, quando se elabora animações para uma personagem jogável em um jogo, leva-se muito mais em conta a forma como elas serão vistas do que como seriam tais ações na vida real.

Por isso que pura e simplesmente modificar a localização da câmera no jogo pode resultar em detalhes que não deveriam ser vistos recebendo uma atenção indevida. Dessa forma, modificar a perspectiva de um jogo é algo raramente simples, principalmente quando for para ser bem-feito.

Felizmente, a possibilidade – trazida pela expansão – de modificar o ângulo da câmera do jogo foi elaborada com bastante zelo, ainda que deixe a desejar em determinados detalhes.

Todas as ações que Ethan Winters faz ao longo da campanha principal foram traduzidas de maneira bem convincente para essa nova visão. O uso das armas, itens de cura e demais interações que ocorrem durante o jogo foram devidamente adaptadas.

Além disso, há o aspecto mais importante: a campanha funciona na terceira pessoa. Não há a sensação de que o jogo se torna algo truncado, toda tensão, imersão e responsividade se mantém intactas. Na verdade, é possível até argumentar que a nova visão dá um ar de “novo” o suficiente para justificar uma nova partida.

Porém, nem tudo são flores. A movimentação em terceira pessoa, que parece muito mais com Dead Space do que com as novas versões dos Resident Evil 2 e 3, além de algumas pequenas ações que se mostram um tanto truncadas demais, junto com o fato de que grande parte das cenas de corte (momentos sem interação) retorna para à câmera original em primeira pessoa, contribuem para a sensação de que esta não é a forma nativa da experiência. Ou seja, você sente que está jogando um jogo que, originalmente, era em outra perspectiva.

Sem contar que a liberdade de alterar a câmera se limita unicamente à campanha principal, não sendo possível realizar a mesma alteração no modo mercenários, nem na nova campanha, Shadows Of Rose. O que nos leva ao próximo ponto.

 

Resident Evil - Shadows Of Rose 0

THE EVIL WITHIN ROSE

Enquanto jogava a campanha principal, um constante questionamento me acompanhava: “como é que vão expandir isso?”. Resident Evil Village consegue a façanha de ser, ao mesmo tempo, uma obra com identidade própria e uma homenagem a todos os elementos presentes em todos os jogos da franquia.

Dessa forma, constantemente me perguntava como iriam imaginar algo “diferente” o suficiente para ser adicionado por DLC, visto que já haviam referenciado tudo que tinham para referenciar.

A resposta, surpreendentemente, estava fora da franquia, mas não fora de seu DNA. The Evil Within é um jogo bem peculiar e muito bom. Dirigido pelo criador original da saga Resident Evil, a obra é uma aventura de ação e terror pelo cenário mais perigoso e inexplorado imaginável: a mente humana.

Resident Evil - Shadows Of Rose 2

E é por essa mesma direção que Shadows Of Rose, um epílogo para a história do jogo base e carro chefe desse pacote de expansão, segue. Bom, troque “mente humana” por “mente coletiva de um super fungo”.

A aventura se passa 16 anos após os eventos da história principal e acompanha Rose, filha de Ethan, o protagonista, adentrando na mente coletiva construída pelo fungo responsável pelos acontecimentos da trama, na tentativa de conseguir se livrar superpoderes maneiros que possui.

A jornada se divide em três momentos diferentes. Incialmente, temos uma reconstrução do castelo Dimitrescu e um estilo de jogo que remete aos momentos iniciais de Resident Evil 1, com uma forte e extremamente bem recebida sensação de vulnerabilidade; no meio há um fragmento que é basicamente a casa beneviento versão 2.0 e, por último, temos uma seção baseada nos momentos finais do vilarejo e um maior enfoque na ação e num uso criativo do cenário.

Resident Evil - Shadows Of Rose 3

O primeiro e o último segmento são muito bons, representando, respectivamente, os principais momentos de fragilidade e força que um personagem pode chegar na saga. Quanto à ambientação, o castelo continua, infelizmente, praticamente igual ao jogo base, com exceção de muita gosma escura; agora, a zona final dá uma aula sobre como reutilizar um ambiente de maneira visualmente intrigante.

O maior defeito do jogo fica no seu meio. Esse segmento existe para apresentar uma subtrama até que intrigante, mas se metade dele fosse cortada, não só não seria um problema, como ajudaria com o ritmo.

Resident Evil - Shadows Of Rose 2

Essa metade se trata de um segmento furtivo que, no melhor cenário, consegue ser apenas funcional. O estilo de jogabilidade que deixa a desejar, junto com a perda de ritmo da história nesse momento e o cenário não muito engajante visualmente, fazem desse fragmento uma mancha em uma campanha que, no geral, pode ser considerada muito boa.

Resident Evil - Additional Orders

 

É HORA DA AÇÃO

A maior surpresa de todo o pacote é, sem dúvida, como as adições ao modo mercenário conseguem se mostrar tão significativas.

Além de novas fases, as quais, muito embora utilizem ambientações do jogo base, constroem desafios intrigantes, os novos personagens são a desculpa necessária para jogar de novo e de novo todas as missões.

Resident Evil - Mercenaries 1

O já conhecido estilo “Call of Duty” de Chris Redfield chega ao lado dos poderes magnéticos de Heisenberg e a vampiresca Alcina Dimitrescu. Ainda que os rapazes tragam mecânicas bem divertidas que incentivam um domínio de suas nuances, jogar com a moça do castelo é simplesmente intoxicante.

Seus poderes recompensam jogar de forma continuamente agressiva, que se traduz em mais força e velocidade, fazendo com que você partilhe com ela o prazer do combate.

Ainda que o desejo de ter visto ambientes mais diferentes e outros personagens prevaleça , as adições – as quais receberam o título de Additional Orders – conseguem transformar um modo que já era divertido em algo incrível.

Resident Evil - Winters' expansion 1

O PACOTE COMO UM TODO

Acredito que a escolha de vender todas essas experiências unicamente por meio de um pacote foi acertada. Mesmo que, individualmente, possam parecer pequenas, em conjunto culminam por formar a maneira ideal de se experimentar o jogo. Todas elas são, na sua respectiva medida, consideravelmente significativas e conseguem enriquecer uma obra já consideravelmente robusta.

Uma parte minha fica entristecida que um Resident Evil com essa riqueza de conteúdo necessite de uma DLC, como aconteceu com Resident Evil 7, porém, enquanto tal conteúdo continuar sendo engajante, diferente e divertido, não será de todo mal…

Esta análise só foi possível graças à CAPCOM, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação da DLC, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O conteúdo adicional está disponível para Xbox One, Xbox Series X|S e demais plataformas. Também pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado logo abaixo.

Resident Evil - Winters' expansion 1
Lançamento
27/10/2022
Desenvolvido por
CAPCOM
Publicado por
CAPCOM
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