Sequência de jogos com grande orçamento são regularmente lançados todos os anos, com o objetivo de construir aprendizados fundamentais do que foi mostrado anteriormente e serem maiores e melhores. Ao longo da história, jogos esportivos são uma exceção a essa regra de lançamentos anuais. Com geralmente menos de um ano para revisar e corrigir as falhas da edição anterior fica difícil convencer o jogador investir, NHL 23 sofre deste mal a um bom tempo.
O Hockey pode não ser o esporte mais popular aqui no brasil e muito menos a franquia NHL ser a mais popular da EA, mas é inegável que o jogo tem uma das melhores apresentações há vários anos. Porém, infelizmente, manter-se por muito tempo nesta zona de conforto deixou a franquia com a sensação de conteúdo e jogabilidade obsoletos. As pouquíssimas novidades que o jogo deste ano recebeu simplesmente não são suficientes para empolgar e muito menos valer o preço cobrado.
Poucas melhorias e muita frustração
Como um fã do esporte e jogador assíduo da franquia desde o início lá em meados de 94 no Mega Drive. Muitas vezes excedemos nossas expectativas e acabamos nos frustrando com o comodismo histórico da franquia. Logo que o jogo é iniciado pela primeira vez é apresentado um menu listando tudo o que há de “novo” na edição deste ano. A partir daqui a frustração já começa a rasgar o nosso bolso e as expectativas vão lá pra baixo, principalmente quando vemos o valor cobrado por um mísero upgrade.
A grande mudança de NHL 23, se assim podemos dizer, é a adição do recurso Last Chance, que permite aos jogadores realizarem jogadas improvisadas em momentos cruciais da partida. Esse tipo de movimentação foca na improvisação do jogador para fugir das jogadas marcadas e surpreender o adversário.
Outra boa melhoria, mas que não é necessariamente uma novidade, é a adição de novas animações, incluindo destaques especiais das jogadas com o uso do Last Chance. Aliado a uma ambientação sonora fantástica (vamos falar disso mais tarde) esta melhoria passa uma sensação mais realista e profissionalismo da transmissão, como visto na televisão.
Detalhes muitas vezes imperceptíveis durante a partida corrida, são apresentados com um nível de detalhe único. É possível conferir aquelas defesas milagrosas dos goleiros, com o detalhe da luva pegando o puck no último momento. Porém esta apresentação está apenas disponível enquanto a transmissão está no ar com o jogador na partida, se você reproduzir o replay não será possível obter o mesmo ângulo, precisão e qualidade.
Infelizmente essas pequenas melhorias na qualidade da transmissão, que vem acontecendo desde o NHL 21, não conseguem são suficiente para justificar a compra do “novo jogo”, principalmente para os veteranos que já acompanham a série. Lembrando que esta análise foi feita graça a parceria com a EA que sempre nos envia o jogo em acesso antecipado, caso contrário seria bem difícil bancar o jogo.
Fazendo uma analogia dento do universo do Hockey, a impressão que o jogador veterano tem é a mesma de uma arena que não vê a cara de um Zamboni a muito tempo. As novas animações de comemoração da Stanley Cup e a adição das jogadoras femininas com suas respectivas competições e física são boas, mas parecem a cereja de um bolo velho que não tem o mesmo sabor de antigamente. A nível de curiosidade, o Zamboni é um “carrinho” que raspa a superfície do gelo para que os jogadores tenham uma movimentação mais suave durante o jogo.
As novidades, X-Factor e Last Chance
Mesmo não sendo uma novidade, visto que o recurso foi introduzido no NHL 22, o X-Factor recebeu dois novos atributos este ano, o Skilled Up (Trevor Zegras) e o Relentless (Sarah Nurse). O Skilled Up permite que o jogador faça gols acrobáticos ao melhor estilo lacrosse, já o Ralentless potencializa a precisão das tacadas e passes enquanto o jogador estiver desequilibrado em meio a uma jogada.
Na análise do ano passado eu já tinha reforçado que, mesmo sendo uma novidade bem vinda, o X-Factor não era um diferencial que incentiva a compra do jogo. Eis que estes dias, um amigo que também é fã de NHL, lembrou que em 2004 a EA já tinha feito algo semelhante ao X-Factor. Eu não lembro exatamente o nome do recurso, mas funcionava da seguinte maneira, ao lado do nome do jogador aparecia um ícone, e este ícone destacava uma habilidade especial, aqueles que tinham um martelo eram especialistas em bater (hit), outros tinham um alvo, que indicava a habilidade de precisão nas tacadas (accuracy). Ou seja, embora o X-Factor seja uma versão aprimorada daquela variante do NHL 2004, ele não é essencialmente uma novidade na franquia.
A outra novidade, o Last Chance, é um recurso que possibilita a improvisação em lances capitais. Grandes jogadores, como Sidney Crosby, são verdadeiros gênios, porém o que realmente importa é o puck no gol, e nesta hora a improvisação para enganar o goleiro é o que realmente importa. Infelizmente nem todos os jogadores têm a capacidade de utilizar o Last Chance, aqueles que possuem uma média de habilidade (overall) abaixo de 89 dificilmente vão ser efetivos. Levando em consideração que o jogo tem mais de 1200 jogadores, e que pouco mais de 60 tem média de habilidade acima de 89, o recurso fica muito limitado demais.
Customização limitada do modo Franchise
NHL 23 possui diversos modos de jogo, praticamente todos aqueles que você já viu no NHL 22, porém o modo que recebeu mais melhorias foi o Minha Franquia (Franchise), o meu favorito. Durante os meses que antecederam o lançamento do jogo, foi anunciado que o nível de personalização do modo Franchise seria algo jamais visto, permitindo que os jogadores modificassem o número de equipes na temporada, o formato dos playoffs e muito mais.
De fato a personalização é bem robusta, mas está longe de ser algo jamais visto. Algumas personalizações mais simples como, a duração da temporada com um número X de jogos, ou a substituição das equipes participantes (algo simples), é bloqueada. Pode parecer algo bobo e sem muita importância, mas para quem prometeu algo jamais visto, não tem essas pequenas opções é bem desanimador.
Se você curte um bom desafio, que vai além do que acontece dentro do gelo, o modo franquia é disparado o mais completo e desafiador. Praticamente toda a parte burocrática dos bastidores está inclusa, desde a cansativa renovação de contratos, busca por novos talentos nas ligas inferiores, a manutenção das instalações (facilities) da arena, estratégia de jogo e muito mais. O modo Franchise é definitivamente o desafio supremo para aqueles que querem imergir no universo do hockey.
Caindo nos playoffs
No final da jogatina para escrever esta análise, mesmo sabendo que NHL 23 é o melhor jogo da franquia, eu me senti frustrado por aquilo que o jogo deixou de ser e também pelo excesso de comodismo dos produtores. NHL 23 não é um jogo ruim, está longe disso, mas poderia ser muito melhor e entregar muito mais.
Se eu fosse destacar os pontos positivos desta nova edição seriam, o aprimoramento da ambientação sonora que te faz sentir dentro da arena, com toda aquela empolgação da torcida em uma partida real. Outro ponto positivo é a implementação do crossplay mesmo, que tardio. Isso abre uma oportunidade gigante para novos desafios, aumentando as chances de partidas online competitivo ou cooperativo.
A expansão de conteúdo das partidas com jogadoras femininas também é muito bem vinda. Assim como no FIFA 23, agora, as garotas tem sua própria ligas, campeonato, e física de gameplay diferenciada graças a captura de movimento individual.
Vale a pena?
Se você não comprou a edição passada (NHL 22) e gosta do esporte eu recomendo a compra, com certeza você vai ter muito conteúdo para jogar e se divertir. Porém se você já tem o jogo na sua biblioteca e explorou tudo o que a edição anterior tem para oferecer, talvez, não seja um investimento muito interessante, quem sabe em uma promoção.
Esta análise só foi possível graças a Electronic Arts e a Milenium Group que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para o Xbox One e Xbox Series X|S, podendo ser adquirido por meio do nosso link afiliado ao final desta análise.