Análise – Little Orpheus

Lançamento
13/09/2022
Desenvolvido por
Secret Mode
Publicado por
The Chinese Room

Little Orpheus foi lançado em 2020, inicialmente de forma exclusiva para o Apple Arcade. O jogo ganhou diversos prêmios importantes da indústria dos games, como por exemplo o de melhor jogo casual no TIGA Awards de 2020.

Seja pelas indicações recebidas ou os prêmios que faturou, a grande verdade é que Little Orpheus mostrou-se ser um jogo que merecia ser experimentado fora do ecossistema da Apple. A produtora The Chinese Room percebeu que poderia alcançar novos horizontes e resolveu lançar seu título também para o PC e consoles

O jogo era para ter sido lançado em 01 de março de 2022, porém foi adiado por tempo indeterminado em função dos conflitos envolvendo Rússia e Ucrânia. Eu tive a oportunidade de jogar, terminar e começar a escrever a análise naquela época, porém somente agora que o jogo foi lançado estou podendo finalmente compartilhar com vocês um pouco da engraçada história do camarada Ivan Ivanovich.

O camarada Ivan Ivanovich vive se metendo em enrascadas.

Uma história cheia de reviravoltas

A história de Little Orpheus me faz lembrar os conturbados encontros entre primos da minha infância. Eu tinha um tio que se chamava Mario Batateiro, um cachaceiro de primeira, bebia tudo o que podia, fazia a melhor batata-frita que você pode imaginar, sempre dava um “Bom princípio de ano novo” generoso e ainda por cima contava ótimas histórias de pescador.

Porém as histórias do Tio Mario dificilmente tinham um fim, sempre acontecia algo durante a narrativa que atrapalhava o fim, as vezes era ele querendo mais cachaça, ou então a mulherada pedindo pra ele fritar mais batatas, ou simplesmente ele apagava de tão bêbado que estava.

Esse aí em destaque é o famoso Mario Batateiro, figura ímpar da família Camargo.

Enfim, era raro saber o desfecho das histórias, mas chega de conversa fiada e vamos aos que interessa! A história de Little Orpheus se passa em 1962, no meio da Guerra Fria entre EUA e URSS, e assim como conta a história a NASA quer levar o homem à Lua. Porém, enquanto os americanos estão obcecados em ir para o espaço, os russos vão no caminho oposto, chegar ao centro da terra. 

Nossa aventura começa em uma região remota da Sibéria com o camarada Ivan Ivanovich. Ele embarca em uma espécie de tatuzão (foguete de perfuração) carregando a Little Orpheus, uma cápsula de energia atômica. 

Toda essa história seria perfeitamente normal se Ivan não tivesse desaparecido do mapa e reaparecido três anos depois, se autodeclarando o salvador do mundo. Porém tal ato de bravura não passaria despercebido, falta convencimento por parte do nosso herói.

Durante a aventura nosso herói vai ter alguns encontros curiosos.

Uma comédia pastelão ao melhor estilo Sessão da Tarde

Lembram do meu Tio Mario que comentei no início da análise? então, o estilo ardiloso de Ivan lembra bastante o meu tio, sempre procurando uma forma de ludibriar as pessoas com suas histórias sem pé nem cabeça. A história de Little Orpheus é contada ao melhor estilo série pastelão dos anos 60, com o protagonista sendo interrogado por um oficial soviético do alto escalão.

Desde o começo a grande pergunta é? como uma pessoa pode ficar desaparecida por três anos, após uma viagem ao centro da terra e retornar sem ter cumprido sua missão? o que aconteceu com a poderosa bomba? seria o nosso herói um traidor da pátria? enfim, as perguntas são o principal elo de ligação entre os nove episódios que contam a história de Little Orpheus. O jogo não chega a ser longo, você precisará de pouco mais de três horas e meia para descobrir a verdade, tudo acompanhado de piadas infames, muito bom humor e uma dublagem carregada de sotaque soviético barato.

O que não falta em Little Orpheus é criatividade, os cenários são ótimos.

Um port que não nega suas raízes

Como foi dito no começo da análise, Little Orpheus foi inicialmente pensado e projetado como um jogo mobile, e o seu port mesmo sendo delicioso de jogar no controle, não nega as raízes.

Seja pelo escopo enxuto ou pela gameplay simplificada, Little Orpheus é um jogo de celular. Quero deixar claro que isso não é um demérito, muito pelo contrário, é ótimo ver grandes títulos mobile saindo do seu “habitat” e chegando aos consoles para mais pessoas experimentarem.

Não é preciso jogar muito para perceber que os gráficos são simples, mas cumprem bem o seu papel, chegando a surpreender em certos momentos. Little Orpheus é dividido em nove episódios, com visuais diferentes, recheados de QTE (Quick Time Events) e um trilha sonora especialmente construída para ele. Os estágios são explorados ao melhor estilo side scrolling (rolagem lateral) 2D e com pequenas variações no gameplay.

Os gráficos são simples, mas a movimentação side scrolling 2D é muito bem-feita.

Você começa explorando o centro de um vulcão, passando pela densa floresta onde será perseguido por um Tiranossauro Rex, atravessando o deserto atrás de pterodátilos famintos, até chegar ao interior de uma baleia cheia de produtos radioativos, criatividade é um dos pontos fortes de Little Orpheus.

Mecânicas simples e muitos puzzles

Para avançar entre os níveis o jogador precisa resolver diversos puzzles e passar por alguns QTE, utilizando comandos simples com o analógico esquerdo, usado para movimentação e apenas três botões de ação (interação, pular e agachar/rolar).

Os puzzles, apesar de pouco desafiadores, são legais, porém tornam-se repetitivos com o passar das fases. Little Orpheus foi pensado para ser um jogo fácil, além dos puzzles já citados, os outros desafios das fases se resumem em avançar sem ser notado pelos inimigos, ativar plataformas e mover objetos de um lado para outro.

As mecânicas são simples, assim como os controles e ações do personagem.

Tudo o que foi dito acima é replicado em praticamente todas as fases do jogo, tornando-o demasiadamente repetitivo. Após a terceira ou quarta fase o jogo torna-se extremamente fácil, e ao menos pra mim, passa a ser jogado exclusivamente para conhecer o desfecho da história. Por ter um escopo limitado, a repetição é com certeza um dos pontos fracos do jogo.

Para aqueles que buscam o famigerado 1000g eu tenho uma boa notícia, além do jogo ser fácil e curto, a busca pela pontuação máxima é amparada por diversos checkpoints que ajudam bastante na repetição das fases. Os estágios também são curtos, com pouco mais de 20 minutos em cada um, tornando o fator replay uma delícia, principalmente para aqueles que buscam todos os colecionáveis da fase.

Você já imaginou como seria o interior de uma baleia? Little Orpheus vai te dar uma ideia.

Vale a pena?

Mesmo com gráficos simples e escopo pequeno, Little Orpheus é divertido, criativo e tem uma trilha sonora competente. Eu sigo a seguinte linha de raciocínio, se o produto é bem-feito e conta uma boa história, ele sempre vale a pena, cabe a você decidir se está disposto a pagar o preço cheio ou aguardar uma promoção.

Esta análise só foi possível graças a The Chinese Room e a Honest PR que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – Little Orpheus
Conclusão
Little Orpheus é simples, enxuto e muito divertido. A repetição de algumas mecânicas pode cansar o jogador após alguns níveis, mas o desfecho da história é recompensador.
Gráficos
8
Som
7.4
Jogabilidade
8.5
Diversão
10
Prós
Muito divertido e recheado de diálogos com sotaque soviético barato
Gráficos simples e fases criativas
Legendas em português brasileiro ajudam na inclusão
Contras
Repetição de mecânicas e puzzles
8.5
Bom
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