Análise – Life is Strange 2

Meu primeiro contato com Life is Strange surgiu por recomendação de um dos nossos amigos do Xboxmania (Cumba). O jogo encontrava-se em promoção na Steam e eu pedi algumas referências, se alguém tinha jogado, se valia a pena etc, todas aquelas perguntas clichê que a gente faz e independente da resposta compra o jogo, por que acima de tudo somos consumistas.

A princípio Life is Strange assemelha-se bastante aos jogos estilo adventure já disponíveis no mercado, era apenas mais um jogo seguindo a receita de sucesso (e já saturada) dos jogos da (falida) Telltale Games. Porém, a partir do momento que você começa a interagir mais profundamente com a história, criando um vínculo com os personagens e principalmente tomando difíceis decisões que podem ser alteradas graças aos poderes especiais da protagonista, você percebe que está presenciando uma nova revolução do estilo adventure.

A minha recomendação é que você jogue todos os títulos da franquia antes de cair na estrada com os irmãos Diaz em Life is Strange 2. Apesar de (por enquanto) os jogos não possuírem uma conexão direta, vale a pena você compreender a história por trás dos pilares da franquia, como os poderes paranormais de Max em Life is Strange 1, a rebeldia de Chloe em Life is Strange – Before the Storm e até mesmo os problemas sociais  enfrentados por Chris em The Awesome Adventures of Captain Spirit.

A história de Life is Strange 2 começa de forma morna e despretensiosa (dessemelhante do primeiro jogo),  mostrando o cotidiano de uma família de descendentes mexicanos e mantendo como foco principal o relacionamento dos Irmãos Diaz. Sean é o irmão mais velho, um adolescente de 16 anos que não sabe o que quer da vida e que possui um talento nato para desenhar. A única coisa que importa para Sean naquele momento é descobrir como conquistar a garota dos seus sonhos em uma festa. Daniel, o caçula da família com 9 anos, é apaixonado por chocolate e quer apenas saber como vai personalizar a sua fantasia de Halloween.

Até ai nenhuma novidade, temos aquela velha “briga” entre irmãos, ciúmes e pirraça de ambos os lados. Porém um evento trágico motivado por atos preconceituosos desencadeia uma reviravolta em suas vidas, forçando-os a fugir de casa e cair na estrada, totalmente sem rumo, como fugitivos da polícia.

A partir deste momento Sean é o responsável não apenas por sua vida, mas principalmente pela do caçula Daniel e é justamente a partir daí que Life is Strange 2 mostra quão profunda é a sua narrativa. Diferentemente da aventura de Max e Chloe, que tinha como principal recurso a descoberta no uso dos poderes paranormais, a aventura de Sean e Daniel aposta em uma narrativa mais madura e politizada.

Mais que um irmão, Sean torna-se uma espécie de mentor para o irmão mais novo. A supervivência e o bem-estar devem ser providos, porém mais importante do que isso são as suas atitudes diante do irmão mais novo que dão rumo a aventura.

A narrativa em Life is Strange 2 vai além da escolha em o certo e o errado, está mais para sobrevivência e sofrimento. Por várias vezes Daniel reclama de cansaço, de não ter um local macio pra deitar, de estar com frio etc, porém em determinado momento da aventura Sean tem a oportunidade de conseguir algo que vai amenizar as reclamações do irmão e deixá-lo mais feliz, o que você faria? lembre-se que suas ações terão consequências mais à frente.

Apesar de ser, na minha modesta opinião, o ponto mais forte do jogo até o momento, Life is Strange 2 não é feito apenas de narrativa. O desenvolvimento e caracterização, tanto visual quanto social dos personagens, sejam eles principais ou secundários, são muito bem realizados. Os comentários, as mensagens de texto no celular, os textos em formas de pistas nos cenários, ajudam a construir uma sinergia intensa e verdadeira.

A parte gráfica foi algo que evoluiu bastante, o estilo cartunesco presente no primeiro jogo dá lugar a gráficos mais detalhados e realistas. O motor gráfico Unreal Engine 4 trouxe uma série de melhorias ao jogo, novas posições de câmera, as expressões dos personagens estão mais reais, os cenários estão mais detalhados, as animações estão mais fluídas e as paisagens receberam melhores efeitos de iluminação.

httpss://youtu.be/mkig1j_gGL4

Algo que aparentemente não mostrou muita evolução (visto que já era muito bom) foi o som, as músicas continuam com aquela pegada alternativa, sempre aparecendo em momentos chave da trama. A dublagem continua com uma qualidade excelente, principalmente nos diálogos dos irmãos Diaz. Abaixo você encontra uma playlist do Spotify disponibilizada pela DONTNOD com as músicas do primeiro episódio de Life is Strange 2.

O único ponto que deixa um pouco a desejar (por enquanto) é a ausência dos “poderes” nas tomadas de decisões da trama. Como eu disse anteriormente este era um enorme diferencial da franquia em relação ao demais jogos adventures do mercado. Aqui a diversão em alterar o curso da trama usando poderes para voltar no tempo é deixado de lado em prol de uma abordagem mais madura da narrativa.

Porém eu acredito que isto vai mudar, não apenas pelas cenas pós-créditos mas também pela inclusão de um novo personagem, joguem The Awesome Adventures of Captain Spirit (gratuito) e vocês vão entender do que eu estou falando.

httpss://www.youtube.com/watch?v=1xYpXzqmk8Y

Agradecemos o pessoal da Square Enix que disponibilizaram uma cópia de avaliação para a análise.

Life is Stranger 2 – Episódio 1 – Roads está disponível para PC (Steam), Playstation 4 e Xbox One.

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