A noite estava calma e a dama dos céus brilhava como sempre. Iris estava deitada em sua cama. O que deveria ser uma noite tranquila, tornou-se literalmente em um verdadeiro pesadelo.
A garota via imagens terríveis em sua mente, bonecos presos a cordas corriam atrás dela. Como se não bastasse, as sombras passaram a persegui-la também.
As imagens mudavam rapidamente em sua cabeça, cada vez mais confusas, de repente ela passou a ter cordas presas às suas mãos, semelhantes aos seus perseguidores. Essa visão oscilava com algo ou lugar, que ela não entendia, mas que aparentemente controlava tudo e a todos com suas cordas.
Um novo fluxo de figuras passava por sua mente em alta velocidade. Até que terminou diante de um gato preto. Nessa hora Iris despertou.
Ela respirava fundo, enquanto tentava se recompor do que acabara de acontecer. O pesadelo havia terminado, mas afinal de contas, porque um gato preto estava sentado na sua janela, encarando-a como se quisesse dizer algo.
Esse é o início da nossa aventura. Diferente de outros títulos, Iris.Fall usa o minimalismo e uma direção de arte incrível para nos conduzir em uma história intrigante e misteriosa. Quero compartilhar com vocês nos próximos parágrafos o que eu achei desse jogo.
A onde fica a saída?
A sensação que tive, assim que iniciei o jogo, era a de que eu estava dentro de um conto infantil. O gato preto, até então um mistério para mim, me guia por caminhos estranhos e tortuosos, em um lugar, que a princípio, não é possível de se identificar.
Semelhante ao conto infantil Alice no País das Maravilhas, Iris.Fall aposta em uma história misteriosa, interessante e porque não dizer um pouco maluca. Diferentemente do conto, o estúdio chinês NeXt Studios apostou no minimalismo, com nenhum tipo de diálogo ou texto durante toda a gameplay. Apenas imagens e cutscenes tentam, de uma forma tímida, descrever o que está acontecendo.
Na minha opinião essa escolha foi arriscada, porque dá margens a interpretações diferentes do que está rolando no game. Eu pesquisei sobre o assunto e não encontrei nada que corroborasse essa linha de pensamento. Eu gosto de títulos com essa pegada misteriosa, onde lacunas são expostas para que possamos preenchê-las com as nossas percepções.
Mas no caso do Iris.Fall eu acredito que seria mais interessante ter, pelo menos, um punhado de textos/diálogos explicando alguns pontos chaves do enredo.
Quando tiver dúvida, fique em silêncio
Durante a minha jornada eu não encontrei inimigos ou algo que pudesse me matar. Essa não é a proposta desse jogo, o desafio aqui está em resolver uma série de quebra-cabeças que vão ficando cada vez mais difíceis, na medida que avançamos.
Os puzzles são muito criativos e são verdadeiros desafios. Os primeiros focam na habilidade que a protagonista tem em se fundir com as sombras. Isso só é possível graças a um livro mágico, que geralmente se encontra em algum ponto da fase. Outros, por exemplo, te desafiam a rotacionar caixas no maior estilo cubo mágico. Há casos também que o sistema exige que encontremos itens espalhados pela fase, para completar determinado mecanismo. Com o tempo, o game mistura tudo isso e cabe ao jogador resolver toda essa equação.
Eu vou ser bem sincero, houve momentos que tive que largar o controle, dar uma volta, pensar um pouco, para só depois voltar a tentar novamente. Se você, caro leitor, tiver dificuldade em algum, faça o mesmo e verá que a solução para o problema surgirá na sua mente.
A única forma de chegar ao impossível é acreditar no possível
Iris.Fall é um jogo curto. Se você acertar de primeira todos os puzzles poderá terminá-lo em poucas horas. Claro que eu queria jogar muito mais, mas o tamanho atual, ao meu ver, é suficiente.
O que eu vou escrever agora pode ser simplesmente um devaneio da minha cabeça, mas acho que o jogo foi feito dessa forma e tamanho por conta de limitações do estúdio. Orçamento e criatividade geralmente andam juntos, embora alguns estúdios teimam em mostrar o contrário. Mas em minhas pesquisas me deparei com algumas informações que parecem confirmar isso.
Indiferente se houve ou não limitações, o que quero afirmar aqui é que Iris.Fall é incrível. Pequeno no escopo, mas gigante no resultado. A direção de arte e o level design das fases são lindas demais. O contraste entre luz/sombra e a paleta de cores que beira o monocromático o tornam uma verdadeira obra de arte.
Há um momento especial em que a fase se torna uma espécie de livro pop-up. Aqueles livros que quando abrimos formam imagens tridimensionais. Essa parte do jogo é muito bonita e muito bem feita.
O jogo como um todo lembra muito uma animação, em especial, as criadas pela mente brilhante do diretor americano Tim Burton. A direção de arte tomou um caminho incrível nesse jogo. Há momentos que a impressão que tenho é que estou vendo um jogo 3D, em outras situações parece um jogo em 2D.
Quanto tempo dura o eterno? Às vezes, apenas um segundo
A jornada foi curta, mas como eu disse em outro parágrafo a experiência foi gigante. Esse é o tipo de jogo que te prende do início ao fim. A cada puzzle resolvido, uma parte da história é revelada, e com isso algumas perguntas são respondidas, outras ficam no vácuo da imaginação.
Mesmo havendo momentos em que nada parece fazer sentido, abrindo espaços para conversas e teorias, o game é simplesmente incrível. Eu recomendo o Iris.Fall sem medo. Se você curte esse tipo de jogo, jogue e seja feliz. Ele só não terá a nota máxima por um detalhe: queda de frames. Isso ocorreu em alguns momentos, não impactou minha experiência, mas como trata-se de uma análise, é necessário que se faça menção disso.
Esta análise só foi possível graças a PM Studios e a NeXt Studios, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.