Será que Helheim Hassle é digno de entrar em Valhalla? Iremos responder essa questão em nossa análise, antes que Odin nos puna.
A cultura viking está em alta nos últimos anos e muita coisa relacionada ao povo escandinavo foi criado: livros, séries, filmes, animações e jogos foram produzidos. Todos tentando, de alguma forma, retratar esse povo, que por muitos anos invadiram, exploraram e colonizaram várias terras na Europa.
Quando pensamos em um viking, automaticamente imaginamos um guerreiro feroz (imagem abaixo). Um ser desprovido de medo e pronto para matar ou morrer em combate. Mas não é o caso de Bjørn Hammerparty, protagonista do jogo Helheim Hassle, título lançado recentemente pela Perfectly Paranormal.
O início da jornada
Um grupo de gigantes marcha em direção a um pequeno vilarejo viking. Assim que os moradores locais percebem a aproximação deles, começa um rebuliço no local. Ao invés de fugirem ou se esconderem, começam a se preparar para o combate. Uma euforia toma conta de todos, pois esta é a “grande” oportunidade de morrer lutando, ato que possibilitará a ida deles ao Valhalla (a morada eterna dos deuses).
Os inimigos passam a atirar pedras em direção ao vilarejo e o jovem Bjørn está tranquilamente sentado em uma pedra, sem a menor vontade de participar de tudo isso. Enquanto companheiros e conhecidos correm afoitos em direção a luta, ele se levanta e passa a caminhar na direção contrária.
O jovem não se considera um guerreiro, mas sim um pacifista, característica essa confundida por alguns como covardia. Na verdade, o jovem não quer ir para o Valhalla, lugar que considera ser chato, mas o que ele realmente deseja é ir para Helheim (lugar destinado para aqueles que morreram de forma vergonhosa).
Bjørn continua a sua fuga e a única coisa que quer é um lugar para se esconder. Mas infelizmente ele sofre um pequeno acidente, resultando em sua morte. Por conta da altura, o seu corpo se despedaça e sua alma tem a obrigação de juntar as partes, para enfim, poder entrar em Helheim. Infelizmente na hora de cair, ele acabou se chocando com um urso, que por sua vez, morreu também. Esse pequeno acidente é tido como um ato de “bravura” possibilitando sua entrada no Valhalla.
O tempo passa e os ossos de Bjørn continuam no mesmo lugar da sua queda. Pesto, um ser misterioso, caminha próximo ao local e quando se depara com a ossada, vê ali uma oportunidade de ajuda para completar sua misteriosa missão. Então Pesto usa seus poderes e ressuscita o jovem guerreiro. Os dois fecham um acordo: Bjørn fará a interpretação das escritas vikings, necessárias para chegar em Helheim e Pesto tentará um lugar definitivo para o garoto naquele lugar.
Aventura? Puzzles? Plataforma ou tudo misturado?
Helheim Hassle não é um jogo de um gênero apenas, mais sim uma mistura harmoniosa de diversos estilos: aventura, puzzle, plataforma e um pouco de metroidvania. Isso é possível graças a direção primorosa da Perfectly Paranormal.
A mecânica principal do jogo se baseia em uma habilidade especial de Bjørn. Desde que ele foi ressuscitado, seus membros podem se separar do corpo. Por exemplo, se precisarmos acessar uma determinada área, onde o corpo não consegue entrar, por conta da sua altura, podemos separar a cabeça do resto e rolar ela até o local que desejamos chegar.
Não é só a cabeça que podemos controlar, também é possível controlarmos os braços, as pernas e também o tronco, de forma individual ou através de combinações. Podemos juntar o braço a cabeça, uma perna a outra perna ou um braço a outro braço. O que se ganha com isso? Alternativas para resolver problemas.
Por exemplo, quando juntamos um braço e uma perna, teremos a possibilidade de executar um pulo mais alto que o normal, nos dando a chance de alcançarmos determinado ponto. Todas as combinações possíveis estão disponíveis no codex do game, que pode ser acessado através do menu do jogo.
Me dá uma mão aí?
Durante a jornada iremos nos deparar com uma quantidade significativa de puzzles e se você não tiver dominado o controle e a combinação dos membros, com certeza vai sentir dificuldade em resolvê-los. Há diversas situações que teremos que deixar um braço de um lado, a cabeça de outro, para assim poder deslocar todo o resto, a fim de completar uma missão.
Existe uma quantidade considerável de missões principais e secundárias. A primeira está conectada diretamente a história. As outras são opcionais e podem ser concluídas ou não.
Helheim Hassle não é um jogo de um gênero apenas, mais sim uma mistura harmoniosa de diversos estilos: aventura, puzzle, plataforma e um pouco de metroidvania. Isso é possível graças a direção primorosa da Perfectly Paranormal.
A forma como elas são listadas no menu é bem feita e organizada. Caso fique perdido em uma delas, é possível ler no menu o que devemos fazer. O “fazer” que falo aqui não é literalmente, mas sim uma ideia do objetivo, pois muitos deles surgem depois de diálogos, que não são poucos.
Cantando, gritando e falando sem parar
É incrível como a dublagem desse jogo é bem feita. Segundo a desenvolvedora foram necessários 24 dubladores profissionais e um total 3.700 linhas de diálogos executadas. O resultado é maravilhoso e os momentos “musicais” são muito bons. Não se preocupem, a quantidade desses momentos são pequenos e tem total relação com a narrativa.
Os cenários são repletos de efeitos sonoros e a música ambiente é um show a parte. Os diálogos são bem feitos e muito engraçados. Impossível você não rir em algum momento. A comédia está no tom certo e a animação é muito boa.
Jogo ou desenho animado?
Nos primeiros minutos do jogo a sensação que temos é de estar assistindo a uma animação. Essa “aura” de desenho animado está em todo o jogo e é muito bem feita. Os desenhos lembram aquelas animações feitas em flash, mas com um cuidado muito superior no quesito qualidade. E põe qualidade nisso, por exemplo, se juntarmos a cabeça ao braço, veremos Bjørn morder o braço, para que o mesmo possa carregar a cabeça.
Na descrição do game temos a informação de que o jogo tem mais de 80 personagens. E durante a jornada tive a sensação de realmente encontrar uma quantidade absurda deles, com diálogos próprios ou apresentações pontuais.
Em toda a minha jogatina eu não me deparei com um bug se quer, ou seja, a desenvolvedora teve a preocupação e a responsabilidade de entregar um game bem feito. Outro ponto positivo são as janelas com as indicações do que devemos fazer, elas são simples, óbvias e as fontes usadas lembram algo do estilo “nórdico”, mas que não trazem confusão na hora da leitura.
A longa jornada para Hellheim
A experiência de um jogo é única e especial para cada um de nós. Eu particularmente achei o game um pouco longo. Vou explicar, teve momentos que fiquei um pouco cansado dos puzzles, não falo de dificuldade, mas de quantidade mesmo.
O título tem 14 níveis e mais de 90 puzzles. Claro que os fãs do gênero vão adorar isso, mas como o próprio jogo flerta com outros estilos, seria interessante que momentos de plataforma ou aventura pudessem ter um espaço maior. Mas isso não risca em nada o brilho do jogo. Pois eu o jogaria novamente sem problema algum.
Outro ponto negativo é a localização, não há legendas em português. Isso é muito triste e torço para que um dia a desenvolvedora lance uma atualização para o nosso idioma. Porque a falta dele poderá afastar muitos jogadores dessa incrível obra.
Digno de entrar em Valhalla?
O Helheim Hassle é um excelente jogo e o considero digno de entrar em Valhalla. Eu me diverti muito com o game e dei muitas risadas com as situações absurdas/bizarras. Virei fã da desenvolvedora e pretendo jogar o Manual Samuel, outro jogo lançado por ela e que faz parte, de uma forma estranha, do universo de Helheim Hassle.
O game foi lançado no dia 18/08 para o PC, Nintendo Switch e Xbox One. Na Microsoft Store ele custa R$62,45 um preço pequeno para um grande jogo.
Esta análise só foi possível graças a Perfectly Paranormal que gentilmente nos disponibilizou uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança.