Cult of the Lamb era o jogo que faltava na minha biblioteca, nunca pensei que uma mistura tão inusitada de rogue lite com gerenciamento de recursos me prenderia por tanto tempo e me daria tanta diversão. O humor das entrelinhas, as referências as religiões, as escolhas que te são dadas, tudo foi muito bem pensado e colocado no jogo.
O Satanismo nunca foi tão fofo
Em Cult of the Lamb você começa jogando como o último carneiro do mundo, que será sacrificado pelos devotos dos quatro Deuses antigos, mas após a sua morte você é ressuscitado por “Aquele que espera” e recebe a missão de iniciar um culto, além disso você é incumbido de derrotar e eliminar os quatro Deuses antigos.
Aí que a coisa começa a ficar legal, numa mistura de Animal Crossing com Hades, na parte da vila você precisa gerenciar seu culto, cuidando desde a alimentação dos seus seguidores até a disciplina deles. E tudo o que você fizer de melhorias na sua vila que abriga os cultistas, você recebe de volta como benefício para suas incursões nas fases ao melhor estilo rogue lite.
Suas escolhas de doutrinas para o culto são muito importantes e sem volta, escolhendo “A” você elimina “B”, o que faz com que cada um tenha uma experiência própria com o jogo. As doutrinas vão desde convencer os fiéis que comer mato é bom e, com isso, economizar recursos para evitar doenças, até a adoração aos idosos ou um incentivo ao pagamento do dízimo e casamento com vários fiéis.
Ao coletar materiais e moedas dos seus seguidores nas fases, você vai conseguindo liberar novas construções. Coletando a fé dos seus seguidores você vai conseguir novas doutrinas, habilidades e armas para usar nas masmorras do jogo.
Na parte Rogue Lite do jogo, você vai para uma das quatro dungeons procedurais enfrentar quatro níveis e um boss, durante a jornada você encontra cartas de tarô que lhe dão benefícios esclusivos que vão desde corações extra até novas habilidades como soltar bombas ao rolar.
Ao vencer um dos chefes você ganha o coração dele, e com isso consegue uma nova habilidade. Voltando para a mesma masmorra, ao completar ela você ganha outro item que pode ser trocado por um pedaço de medalhão que lhe da uma nova lã para seu cordeiro, que traz uma nova vantagem para enfrentar as dungeons.
A dificuldade do jogo é crescente, porém desenvolvendo corretamente o gerenciamento da vila você consegue ficar forte o suficiente para encarar todos desafios. Essa mistura dos dois gêneros deixa tudo muito mais legal e divertido. A gameplay nas fases é simples e prática, um botão de ataque físico, um botão de ataque especial e um botão pra rolar, com inimigos variados e bastante coisa pra quebrar na tela, sempre podendo encontrar mais recursos pra usar na sua seita.
Os chefes costumam ser gigantes e ocupar boa parte da tela. Mas os combates são bem dinâmicos, principalmente no final boss. Não chegam a ser batalhas épicas, mas também ninguém vai morrer de tédio nos desafios propostos pelo game.
Visual pueril e sons macabros
Os gráficos tem um estilo infantil e amigável, totalmente em contradição a temática ocultista e pesada do jogo. Os personagens são fofos, os cenários são detalhados, as animações simples mas fluentes. O visual dos inimigos é bem feito e os chefes tem um estilo bem legal, além de serem enormes.
Os efeitos sonoros variam dos balar da ovelha aos cânticos de adoração ao coisa ruim (que não esqueça, nesse jogo é você) e os sons de seus adoradores trabalhando. As músicas não atrapalham mas também estão longe de ser marcantes, elas apenas dão o clima necessário para as incursões no rogue lite e passam a tranquilidade em sua vila.
Bugs, bugs e mais bugs
Quando joguei pela primeira vez para fazer esta análise, ainda não havia saído um patch de correção, estava na versão 1.01, mas isso não serve como desculpa, é inconcebível lançarem um jogo com tantos bugs. Tanto bug depois do fracasso que foi o lançamento de Cyberpunk 2077, será que não aprenderam a lição ainda?
Já passou da hora de pararem de usar o consumidor final como beta tester, eu perdi a conta de quantas vezes eu perdi meu progresso nas dungeons pelo jogo ter travado, ou com slowndows quando tinham muitos projéteis na tela, sendo um jogo com gráficos simples que rodariam fácil em um celular de entrada.
Na vila nas interações com os fiéis outro show de travamentos e há até relatos de softblocks onde pessoas precisaram reiniciar o jogo. Um descaso sem igual para quem fez pré-venda ou comprou na semana de lançamento.
Sorte do jogo que as fases são rápidas e procedurais para eu ter insistido em terminar, caso contrario teria largado com gosto. Quem gosta de miletar precisa aguardar o patch de correção porque há bugs no jogo que impedem algumas conquistas.
Uma mistura inusitada e que deu muito certo.
Provavelmente quem for jogar hoje, após o patch de correção, vai ter uma experiência ainda melhor do que eu tive. Mas mesmo com os problemas relatados, eu recomendo e muito esse jogo, sua proposta e a execução dela são muito boas.
Em resumo Cult of the Lamb é divertido, inteligente, desafiante e vai te prender por algumas horas com toda certeza.
Esta análise só foi possível graças a Massive Monsters e a Digital Devolver, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.