Uma lavanderia como fachada para um fliperama, quase como uma lavagem de dinheiro, por um bom motivo é claro!
Em Arcade Paradise você é Ashley, um jovem desistente da faculdade, que busca em pleno auge dos anos 90 o seu lugar na sociedade. Eis que como um sonho americano, a oportunidade bate à sua porta ao melhor estilo, “filho, tome conta dos meus negócios”. A história começa com você assumindo o controle da King Wash, a lendária lavanderia da família toda enferrujada e surrada. Chegando ao local Ashley descobre que a lavanderia esconde um verdadeiro tesouro nos fundos, um fliperama com direito aquele clima insalubre que todo jovem que já frequentou este local conhece.
Não se engane com o visual em primeira pessoa, Arcade Paradise é um simulador de gerenciamento e assim como outros jogos do gênero, você precisa executar tarefas para ser recompensado com recursos que vão fazer sua vida ficar um pouco mais fácil. Mas este não é apenas um simulador de gerenciamento, além da parte burocrática (gerenciamento) temos também a parte divertida, que é justamente curtir o fliperama. Ao todo são mais de 35 tipos de máquinas com os mais variados jogos, desde o Air Hockey, passando por clones de Candy Crush, até mesmo corridas espaciais. Porém o melhor de tudo é a Jukebox, animando o ambiente com temas originais dos anos 80 e 90.
No começo a grana é curta e o fliperama não rende tanto quanto Ashley precisa para realizar o sonho de muitos jogadores, Viver de Games, salve Mestre Bruno Micali!
Você vai precisar empenhar boa parte do seu tempo nos trabalhos da lavanderia como, colocar as roupas para lavar, secar, tirar os chicletes das cadeiras, desentupir o vaso sanitário etc. Inclusive essas atividades, quando realizadas no tempo certo, rendem bônus no final do dia que podem fazer a diferença na compra de novas máquinas ou na expansão do salão.
Conforme o jogo avança você vai perceber que além do trabalho de gerenciamento da lavanderia você também precisa gerenciar o fliperama, seja limpando o ambiente (assim como a lavanderia), posicionando máquinas com melhor popularidade perto de outras menos interessantes para gerar maior interesse, coletando as moedas gastas pelos clientes para jogar, aliás todo o dinheiro recolhido das máquinas e o lucro da lavanderia devem ser depositados no cofre que fica no seu imundo e apertado escritório.
Assim como na vida real, o expediente da lavanderia deve ser respeitado. Por meio de um relógio de pulso você deve organizar-se para realizar todas as tarefas e sair no horário de fechamento para chegar em casa, aqueles que não respeitarem o horário vão arcar com as consequências. Quais? mistério, jogue para saber.
Além de marcar as horas, o relógio te auxilia com as tarefas da lavanderia, emitindo alarmes cada vez que uma atividade da lavanderia é concluída.
Algo que me incomodou nesse vai e vem foi a ausência de outros NPCs. Além dos clientes que aparecem na lavanderia e no fliperama, até onde eu joguei, não apareceram outros jogadores ou uma opção de contratar funcionários para executar as tarefas básicas enquanto você se diverte e/ou se dedica para melhorar o fliperama.
Em certo ponto do jogo são desbloqueados os afazeres, que são tarefas adicionais. Se Ashley completadar os afazeres ele consegue uma grana extra para investir em melhorias do personagem. Porém alguns afazeres são difíceis de completar sem comprometer as tarefas da lavanderia, algo que poderia ser resolvido com a contratação de funcionários ou balanceando o ciclo diário de tempo da lavanderia.
Porém este “problema” só tem impacto no começo do jogo, enquanto você tem poucas máquinas. Quando o salão começar expandir e novas máquinas são adquiridas esse fluxo começa a mudar para melhor, fazendo você faturar mais com o fliperama do que com a lavanderia, e é exatamente neste ponto que o jogo começa a brilhar (ainda mais).
Você pode aproveitar a renda passiva que as máquinas geram e deixar um pouco de lado os afazeres da lavanderia para aproveitar a cereja do bolo que são as máquinas de fliperama. A produtora criou clones que homenageiam grandes clássicos como Shuttlecocks (Pong), Barkanoid (Arkanoid) e Blobs from Space (Space Invaders).
Além disso, você pode gerenciar o nível de dificuldade das máquinas e o valor das fichas, podendo maximizar ainda mais os ganhos, afinal de contas cada máquina tem um perfil de jogador diferente.
Eu estava quase esquecendo de mencionar o PC do escritório, uma importante ferramenta que vai ajudar Ashley nas operações de gerenciamento do fliperama. Nele é possível saber o seu saldo bancário, acessar o CHAT, ler emails, comprar novas máquinas de fliperama, melhorias para o jogador e muito mais. Outro detalhe importante fica por conta do estilo retrô do computador, com um sistema operacional claramente inspirado no Windows 95, sons de modem para discar e descanso de tela com labirinto 3D, um verdadeiro deleite para aqueles que viveram esta época.
Além do PC do escritório, Ashley conta com o seu PocketPauser 3, uma espécie de Palm, equipamento muito famoso nos anos 90. A nível de curiosidade o Palm seria uma espécie de avô dos tablets, que já é velho.
Nele é possível conferir os afazeres do dia, as melhorias disponíveis para Ashley no Ebuy (clone do Ebay), o dinheiro em caixa, os lucros da lavanderia, gerenciar as máquinas de fliperama, e também jogar o joguinho da Lhama.
O único ponto negativo fica por conta da história, que é simples porém funcional. Ela consiste, nos primeiros momentos, em guiar o jogador pelo processo de aprendizado, conhecendo os principais processos da lavanderia. A parte divertida fica por conta do pai de Ashley, Doug Cockle, seu tutor no mundo dos negócios. Além das falas divertidas e piadas infames, Doug aterroriza o filho com ordens e recados na secretária eletrônica.
Por ser um jogo originalmente pensado para PC, Arcade Paradise se destaca na adaptação dos controles. Eu testei a versão prévia no PC (Steam) e agora a versão de avaliação no Xbox Series X, e posso afirmar que é muito mais agradável a jogabilidade no controle.
Um exemplo bem simples, para sair das máquinas de fliperama era preciso caçar os atalhos do teclado, porém no controle basta segurar o Y e pronto, tudo resolvido.
Os outros comandos também estão bem simplificados e responsivos, tudo muito bem explicado na tela para o jogador.
Quando era jovem, eu tinha dois “sonhos comerciais”, ser dono de um Fliperama e trabalhar na Editora Abril, infelizmente não pude realizar nenhum dos dois, o da Editora Abril eu quase consegui. Porém durante as quase oito horas que passei lavando roupas, secando, limpando banheiros e curtindo o gerenciamento do fliperama, posso dizer que Arcade Paradise é o mais próximo que você vai chegar em ser dono de um fliperama, e isso pra mim é o suficiente.
Esta análise só foi possível graças a Wired Productions e a Renaissance PR, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.
