Análise – Age of Empires IV

LANÇAMENTO
27/10/2021
DESENVOLVIDO POR
Relic Entertainment, World's Edge
PUBLICADO POR
Xbox Game Studios

Falar de Age of Empires é falar dos quase 25 anos de uma das mais notórias franquias do gênero RTS (Real-time Strategy, ou Estratégia em Tempo Real para nós brasucas). Age of Empires, Age of Empires 2 e suas expansões foram lançados pela Ensenble Studios em rápida sucessão – entre 1997 e 2000 – e seus enormes sucessos consolidaram a franquia no cenário do gênero, tendo vendido milhões de cópias em uma época onde a internet (e o próprio acesso à informática) ainda eram bastante limitados e os jogos digitais virtualmente inexistentes.

No entanto, com lançamentos dos menos polidos e menos populares Age of Mythology (2002) e Age of Empires 3 (2005), a franquia acabou ficando esquecida, pelo menos pelas empresas responsáveis por ela, sendo a Microsoft Game Studios uma delas. Mesmo assim, uma legião de fãs manteve – e mantém até hoje! – uma rica comunidade competitiva de Age of Empires 2, com torneios que contam com a participação de jogadores do mundo todo, onde o Brasil é frequentemente representado.

O lançamento de novas expansões para o segundo e terceiro jogos da franquia e o lançamento de Definitive Editions (todas disponíveis no Game Pass PC!) para todas as iterações mantiveram Age of Empires vivo, ainda que sem novos lançamentos. Ainda assim, era grande a expectativa para o lançamento de um novo jogo, o que finalmente aconteceu em outubro de 2021, quando Age of Empires 4 foi lançado! Então, cola aqui com a gente pra saber se esse jogo faz jus ao lendário nome Age of Empires!

Localização, Modos de Jogo e Mapa

Como manda a tradição recente da Microsoft, Age of Empires IV conta com uma localização 100% em português (menus, textos e dublagem). O que surpreende é que, ao contrário dos vários aplicativos Xbox que hoje em dia fazem parte da vida de um caixista (Xbox App, Game Pass, Rewards etc) a localização de Age 4 está excelente! Não parece que foi realizada por um robô marciano que está começando a aprender nosso idioma…

No que diz respeito aos modos de jogo, a franquia segue sua linha de Modos de Jogo: um Modo Campanha, um Modo Combate, com a adição interessante do Modo Arte da Guerra. O Modo Campanha é o paraíso dos historiadores e interessados no tema! Consiste em um conjunto de mapas com desafios variados que, ao mesmo tempo, acompanha a trajetória de figuras históricas reais da História da humanidade, como Joana D’Arc e o Rei Luis VI (citando poucos dos vários exemplos). O legal dessa modo é que cada missão é apresentada com um minidocumentário contextualizando o momento em que a missão acontecerá – seja ela a reconstrução de uma cidade, uma fuga ou um combate em larga escala contra um exército adversário.

Meu coração de historiador pulou de alegria a ver como a equipe de Age of Empires IV trabalhou as fontes históricas: mostrando como foram descobertas as histórias do Rei Guilherme da Normandia através de uma tapeçaria que contava sua história; ou mesmo usando filmagens de localizações atuais onde ocorreram alguns dos combates mais sangrentos da Idade Média e sobrepondo tropas em Computação Gráfica para trazer ao presente estes acontecimentos do passado!

Além do minidocumentário de contexto histórico, ao concluir cada missão sua recompensa serão alguns textos sobre figuras históricas notáveis, além de vídeos curtos contando um pouco sobre costumes e curiosidades da Idade Média – como a construção de castelos, fabricação das bestas e a tradição da falcoaria. Concluindo sobre as campanhas, interessa indicar que elas não estão apenas focadas na Idade Média europeia ocidental: para além da notória Guerra dos Cem Anos, o jogo possui campanhas contando a ascensão do Império Mongol e dos Rus.

O segundo Modo de Jogo – Combate – é o modo de jogo mais personalizável: você pode escolher mapa e tamanho, quantidade de participantes e regras específicas da sessão (como o limite populacional, a Era Inicial e a quantidade de recursos). Interessante também que existe uma playlist diária de jogos rápidos com predefinições diferentes que são bem úteis pra quem não quer perder tempo configurando a sessão. O Modo Multiplayer de Age of Empires se encaixa exatamente nos mesmo moldes de personalização do Combate, com a diferença de ser jogado contra outros jogadores, ou em modo cooperativo contra as IAs do jogo. Você pode também, se quiser ter uma noção de como as pessoas jogam com cada civilização, utilizar o excelente modo Observador para assistir em tempo real partidas de outros jogadores!

Por fim, o modo Arte da Guerra seria o que chamaríamos de “modo desafio” em outros jogos. Ao mesmo tempo que serve de um tutorial mais elaborado das mecânicas principais de Age of Empires, ele possui um sistema de pontuação em que você será ranqueado (em bronze, prata ou ouro) de acordo com seu desempenho. Apesar de ser uma adição bem legal para o jogo, minha percepção é que a primeira campanha do jogo (Os Normandos) serve melhor como um tutorial que os desafios da Arte da Guerra. Mas para os jogadores que gostam de grandes desafios, o modo é bastante promissor!

Sobre os Mapas do jogo, são vários e cada um apresenta vantagens e desvantagens que exigirão criatividade do jogador para superar seus adversários: desde mapas praticamente todos cobertos de água (o que te força a operar uma frota sólida de navios e a tentar controlar os mares) até cadeias de montanhas (que podem ser utilizadas para potencializar suas defesas e fortificações), a quantidade e qualidade dos mapas de Age of Empires IV supera em muito os jogos anteriores da franquia!

Interface, Dificuldade e Jogabilidade

A interface de Age of Empires segue o padrão utilitário da franquia, com algumas diferenças posicionais: para aqueles acostumados a jogar os primeiros jogos, pode ficar estranha a barra de recursos no canto inferior esquerdo, mas não é nada que atrapalhe. O minimapa (ainda mais depois do primeiro update lançado recentemente) fornece uma excelente noção dos recursos disponíveis na sessão – desde pontos de caça, minas de ouro e prata ou relíquias sagradas. A interface do menu principal também é bem montada e intuitiva.

O jogo possui quatro níveis de dificuldade da IA: Fácil, Intermediário, Difícil e Mais Difícil. Diferente de outros jogos da franquia, achei o equilíbrio entre as dificuldades bom, sem os power spikes de dificuldade bizarros da IA de Age of Empires 2, por exemplo. O interessante é que apesar de inicialmente achar que até mesmo a IA Fácil tinha um comportamento agressivo demais, o que aparenta é que a IA do jogo foi pensada pra te ensinar a jogar “na marra”: no começo você vai sofrer com os ataques inesperados (lembrando que a IA da franquia Age of Empires sempre teve o dom sobrenatural de saber exatamente onde a maioria dos seus aldeões está, e quais estão desprotegidos no momento do ataque!), mas com o tempo você acaba aprendendo a fortificar sua cidade ou a montar bem cedo um exército de defesa.

Falando sobre jogabilidade, acredito que seja aqui um dos pontos altos de Age of Empires IV! Cada uma das civilizações tem uma maneira de jogar única, e até mesmo as maneiras de avançar as Eras do jogo (o avanço é um dos elementos mais importantes do jogo, já que ele desbloqueia unidades mais poderosas e atualizações para dano, armadura e velocidades de movimento e ataque, citando alguns exemplos).Os mongóis são um povo nômade, então eles podem mover suas construções para outros lugares, o que pode confundir um inimigo que acha que sabe onde sua cidade está localizada.

Infelizmente, um dos problemas de Age of Empires acaba afetando tecnicamente a jogabilidade, atrapalhando bastante a diversão: a performance do jogo não é das melhores. Em partidas multiplayer, citando um exemplo, por algum motivo e jogo perde bastante qualidade no desempenho, e em mapas maiores o jogo tende a ter quedas de frame significativas. Pode parecer pouca coisa, mas em jogos de estratégia em que a movimentação constante da câmera do jogo é vital para o sucesso de um ataque ou de uma defesa, a redução da taxa de frames com o simples ato de “arrastar” a câmera pode atrasar ou até mesmo impedir tomadas de ação importantes na partida!

Gráficos e Som

Acredito que minha maior decepção em Age of Empires IV seja justamente no departamento gráfico. Apesar de boas texturas do terreno e de efeitos de destruição das construções bem legais, a qualidade gráficas das unidades do jogo são bem abaixo das expectativas. Quando outros jogos do gênero RTS – como Total War, por exemplo – sacrificam a qualidade gráfica das unidades, isso é feito devido ao tamanho assombroso dos exércitos que você pode treinar nesses jogos. Isso não acontece em Age of Empires IV. O limite populacional é o mesmo de jogos anteriores – 200 unidades, sem contar que algumas unidades como Elefantes de Guerra, navios encouraçados e canhões utilizam mais de uma unidade populacional.

A impressão é que estamos vendo um Age of Empires 3 Enhanced Edition no que diz respeito às unidades, o que realmente é uma pena. Pelo menos as construções e efeitos de combate (com exceção das flechas que estão terríveis) ficaram muito bem montados. O que espanta é que a qualidade gráfica não justifica a demanda do jogo no departamento de especificações do PC: é como se você visse um motor de Ferrari explodir sem ter nem saído da primeira marcha!

Pelo menos no departamento sonoro, a equipe de Age of Empires IV fez um trabalho excepcional! As trilhas sonoras são ótimas, os efeitos sonoros e de combate são impecáveis. Além disso, foi adicionado um recurso que pode parecer dispensável mas que aprendi a utilizar para me ajudar no controle do espaço do mapa: agora sempre que um inimigo entra no alcance de um Batedor (uma unidade de cavalaria utilizada para exploração) ou de uma Torre de Vigia, a unidade vai gritar um alerta. Dessa forma, você pode ganhar segundos preciosos para posicionar seu exército e evitar um ataque direto à sua cidade! O único incômodo que tive foi com as linhas de fala extremamente longa dos aldeões da Dinastia Abássida (civilização que estou atualmente utilizando). Depois de horas jogando, esse tipo de coisa incomoda um pouco…

Diversão e Conclusões

Age of Empires IV estrutura um sistema de jogo dinâmico, civilizações que não são apenas esteticamente diferentes umas das outras, apresentando diferenças fundamentais que tornam o trabalho de dominar todas as civilizações um desafio divertidíssimo! Avançar com diferentes tropas, atrair seus inimigos para uma armadilha, utilizando a cavalaria para demolir as linhas de arqueiros e canhões ou trabucos para destruir as muralhas da cidade adversária nunca foram tão fascinantes na franquia quanto nesta quarta iteração! Acredito que os fãs de RTS não se decepcionarão de forma alguma com esse jogo.

Afe of Empires foi o primeiro jogo de estratégia que joguei na vida, lá para os lados de 1998 (tenho a impressão que minha missão de vida atualmente é acusar minha idade), e não acho que seja coincidência que eu tenha me tornado historiador: acredito que o jogo tenha sido um dos ativadores do meu interesse pelo campo histórico. A franquia sempre teve uma forma bem interessante de misturar uma narrativa interessante (para além do que a gente encontra nos livros didáticos) e um sistema de jogo dinâmico e responsivo. Age of Empires IV consegue realizar com maestria essa mistura e, apesar dos gráficos pouco impressionantes e problemas de performance (que podem vir a ser futuramente ajustados com patches e updates), conseguem entregar a melhor experiência de jogo que já tive na franquia. Me desculpem os fãs de Age of Empires 2, mas na minha opinião Age of Empires IV veio para reinar absoluto!

Esta análise foi realizada através do Game Pass PC. O jogo já está disponível para PC e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.

Análise – Age of Empires IV
Conclusão
Com boas adições, vídeos explicativos e muita qualidade visual, Age of Empires IV retorna ainda melhor, agradando novos e antigos fãs.
Gráficos
7.5
Jogabilidade
9
Som
9.5
Diversão
9
Prós
Variedade de modos de jogo tutoriais e de partidas rápidas bem dinâmicas.
Trilha e efeitos sonoros espetaculares!
Uma ferramenta de ensino de História promissora (ainda que conte com alguns exageros).
Variedade na jogabilidade de cada civilização, muito além de meras unidades exclusivas.
Contras
Curva de aprendizado um pouco agressiva demais para novos jogadores.
Graficamente pouco interessante e performance mal otimizada.
Mesmo após o primeiro grande update do jogo, ainda há uma disparidade muito grande entre as civilização do jogo.
Quantidade baixa de civilizações no lançamento em relação a jogos anteriores.
8.8
BOM
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