Need for Speed Unbound é o 25º título da lendária franquia de jogos de corrida. Uma história que começou lá em meados de 1994 com o maravilhoso Road & Track Presents: The Need for Speed, e que, desde então, tem alternado entre jogos bons e ruins. Sendo justo, até 2005 com o incrível Need For Speed Most Wanted os jogadores eram presenteados com bons jogos, porém depois de Most Wanted (minha opinião) a franquia foi ladeira abaixo.
Deixando o passado um pouco de lado, vamos falar do novíssimo Need for Speed Unbound. O jogo se passa na fictícia cidade de Lakeshore, onde as autoridades locais estão tentando a todo custo dar um fim às corridas ilegais de rua. Assim como praticamente todos os jogos da franquia, a história segue aquele roteiro clichê de um piloto novato que precisa ganhar dinheiro para subir na vida. Disputando corridas diurnas e noturnas o jogador vai conseguir dinheiro suficiente para comprar o melhor carro e conquistar o devido respeito entre os campeões.
Indiscutivelmente, jogadores de jogos de corrida não fazem questão que este tipo de jogo tenha uma narrativa, o destaque fica por conta da experiência e jogabilidade. Porém a história de Need for Speed Unbound é, no mínimo, a mais genérica e boba dos últimos títulos da franquia. Sempre repetindo as mesmas reviravoltas na história, as rinhas com rivais e outras chatices que você está cansado de ver. O foco em Need for Speed Unbound é o dinheiro, a busca por uma notável fortuna e, consequentemente, os melhores carros, dita o ritmo da fraca história do começo ao fim.
Como é de costume os jogadores podem personalizar seus carros, inclusive com níveis diferentes para cada parte do veículo. Quando uma parte atinge o nível máximo é possível atualizar o conjunto por completo e assim desbloquear novas atualizações. Estas atualizações são com certeza o grande destaque do jogo, os corredores tem a sua disposição uma tonelada de itens personalizáveis que vão desde a carroceria completa, até mesmo a pintura de partes separadas do para-lama, tudo isso para que seu carro seja único em Lakeshore. Vale lembrar que as mudanças estéticas não acrescentam potência ao veículo e também não modificam a jogabilidade, assim como o nome sugere são apenas itens estéticos.
Outro ponto que vale a pena destacar, é que cada carro em Need for Speed Unbound possui um “estilo” de pilotagem distinto. Além disso é possível ajustar a parte mecânica como, aderência nas curvas, pressão dos pneus, inclinação dos aerofólios, etc. Não é segredo pra ninguém que a maioria dos jogos da franquia Need for Speed, sempre facilitava a vida dos jogadores, de modo que a diversão fosse prioridade ao invés dos desafios, ou seja, até mesmo o mais novato piloto tem chances reais de vitória, porém isso mudou drasticamente em Need for Speed Unbound. Uma curva errada, ou um leve toque nas mureta pode custar a vitória.
Os eventos de corrida em Need for Speed Unbound são um outro problema, a pouca variedade e exaustiva repetição não incentiva o jogador a progredir, principalmente no começo do jogo. Por várias vezes eu parei o jogo e pensei em desistir, pois os eventos se resumiam a corridas sprints ou estilo circuito. Mesmo com um mapa razoavelmente grande, a repetição dos estágios, pontos e localidades é irritante. As variações das corridas são feitas por meio de mecânicas simples como, maiores recompensas (dinheiro), alto ou baixo risco, tráfego intenso etc, nada muito aprimorado. O jogo carece de uma variedade maior de eventos, não espere encontrar uma corrida de arrancada, voltas eliminatórias ou qualquer outra variação inovadora.
E o que dizer sobre as perseguições policiais, uma marca registrada dos jogos da franquia Need for Speed. Os jogadores precisam lidar frequentemente com a polícia, o que é bom! porém o que poderia ser um grande trunfo, com perseguições épicas, etc, acaba frustrando o jogador com um simples pega ladrão, graças a péssima inteligência da IA. Sinceramente, isso me frustrou bastante, mesmo porque, no início, as perseguições parecem muito promissoras, com diferentes tipos de veículos da polícia te abordando, mas a ignorância da policia beira o ridículo. Escapar dos policias é simples, inclusive durante as perseguições, eles dizem que estão prestes a “atacar” o jogador, porém nunca chegam pra valer como deveria.
Vou dar um exemplo de quão ineficiente é a IA da polícia, imagine que você está correndo pelo mapa (mundo aberto) e passa por eles em alta velocidade, batendo em outros carros e realizando as maiores irregularidades possíveis, SE você não tocar no carro da polícia nada vai acontecer. Mesmo quando a hud do jogo mostra que existe uma busca pelo “agressor”, fugir da polícia é a coisa mais fácil do mundo. Porém, caso você tenha o azar de ser pego e não depositou o dinheiro ganho com as corridas durante o ciclo dia/noite, você perderá tudo.
Aproveitando o gancho, vamos falar sobre o esquema de ciclos dia/noite no jogo. Existem corridas que podem ser realizadas apenas em um ciclo e outras no outro, sendo que neste meio tempo o jogador vai recebendo recompensas para personalizar o veículo. Algumas corridas podem premiar o jogador com peças ou carros raros, porém conforme o jogador avança elas ficam cada vez mais repetitivas e com recompensas menos interessantes. Quando você sai da garagem e passeia pelo mapa, vai perceber que há cada vez menos corridas para fazer, ou seja, Lakeshore mostra todo seu potencial genérico para entediar o jogador. Outra coisa que só descobri com o tempo é que não existe o recurso de viagem rápida, nem mesmo para retornar para a sua garagem.
Need for Speed Unbound apresenta um modo online sólido, onde a dificuldade das corridas é progressiva conforme o jogador vence outros corredores reais. Diferentemente da ineficaz IA, no modo online as corridas são bem mais desafiadoras e vão exigir muita habilidade do jogador. O tamanho do mapa também garante que o jogador sempre encontre outros jogadores para correr, tornando este um dos modos mais atrativos do jogo e com o gameplay mais intenso. Porém, assim como no modo offline, o problema é a repetição e quantidade limitada de corridas. Se a Electronic Arts conseguir manter o modo online com novos conteúdos e atualizações constantes, é possível que o jogo tenha uma vida longa, caso contrário os jogadores vão perder o interesse.
Vale a pena?
Infelizmente, Need for Speed Unbound confirma todas as minhas expectativas negativas. Desde o momento em que o jogo foi anunciado (06/10/2022) eu tive o presentimento que aquilo ali era qualquer coisa, menos Need for Speed. Aqueles grafismos super coloridos e animados não me agradaram, porém eu destaquei isso como um ponto negativo, mesmo porque graças a Deus eles podem ser desligados. Mesmo com uma jogabilidade polida, qualidade visual acima da média e um nível de personalização incrível, não é possível ignorar o péssimo rumo artístico que a franquia vem tomando ao longo dos últimos anos. Se você não é fã de simuladores como Assetto Corsa, ou não curte a diversidade de Forza Horizon, ou simplesmente é uma viúva de Need for Speed Underground, entre de cabeça no universo de Need for Speed Unbound, caso contrário aguarde o próximo jogo.
Esta análise só foi possível graças a Electronic Arts e a Milenium Group que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para o Xbox Series X|S, podendo ser adquirido por meio do nosso link afiliado ao final desta análise.