O meu conhecimento sobre a história da China é extremamente limitado. Posso afirmar categoricamente, que o meu contato com os conflitos políticos ou figuras mitológicas desse país se resume a um punhado de aulas de História/Geografia e os filmes de ação protagonizado por dois grandes atores chineses: Jackie Chan e Jet Li.
Com relação a mitologia, lembro-me apenas da lenda do Rei Macaco. Isso se deve por conta do famoso anime: Dragon Ball. Então quando surgiu a oportunidade de analisar o game Xuan Yuan Sword 7, fiquei receoso por não conseguir absorver o que o título tinha a oferecer.
Mas analisando os trailers e algumas informações disponibilizadas pelo estúdio, fiquei empolgado e resolvi arriscar. Confesso que o receio foi exagerado, porque me diverti muito com o jogo. Nas próximas linhas tentarei compartilhar com vocês a experiência que tive com esse grande jogo.
A franquia
Xuan Yuan Sword é uma famosa série de jogos desenvolvida pelo estúdio de Taiwan DOMO Studio (Softstar Entertainment). O primeiro título da franquia foi lançado em 1990 para o PC.
Os jogos incorporam elementos da mitologia chinesa, mesclando-os com figuras e eventos históricos da China. A série principal, até o momento, conta com treze jogos publicados. Já os spin-offs (jogos e outras mídias) contam com mais de 28 publicações.
A série é muito famosa em território asiático, mas a maioria deles não chegou a outros mercados. Xuan Yuan Sword 7 é o primeiro título que incorporou características de jogos do ocidente, tendo como objetivo apresentar a franquia para novos jogadores.
A espada lendária
No início do mundo a deusa Nüwa criou dois tipos de vidas inteligentes: os homens e os monstros, que guerreavam entre si o tempo todo.
Os homens, numa tentativa de encerrar o conflito, criaram uma poderosa espada. Ela foi empunhada pelo espadachim Xuan Yuan. Os homens, liderados por essa figura heroica, entraram em conflito direto com os monstros.
Infelizmente os dois lados sofreram baixas, não tendo um verdadeiro vencedor. Dezessete anos depois, He Ran, um jovem espadachim deixou o seu mentor e partiu em uma jornada de busca para criar a sua própria história, que culminará no encontro com a mítica espada.
A espada de Xuan Yuan é um item valioso, cobiçado por indivíduos traiçoeiros, que desejam usá-la para os seus próprios fins.
Não é a toa que o nome da espada está presente em todos os jogos da franquia, devido a sua importância nesse universo.
A história do game
No final da dinastia Han Ocidental, Wang Mang, o regente de Han, tomou o trono imperial e estabeleceu a dinastia Xin. Durante este tempo, vários sinais auspiciosos, bem como fenômenos estranhos começaram a acontecer.
No meio disso, um peculiar rolo de bambu foi descoberto na tumba do Marquês de Liu e entregue ao astrólogo da corte. Inesperadamente, na noite em que o pergaminho foi recebido, um ataque aconteceu a residência do astrólogo.
Taishi Zhao foi orientado por seus pais a fugir da casa. Ele foi incumbido de levar a irmã Xiang, ainda um bebê na época, e o rolo de bambu. O pobre garoto viu, antes de sair do lugar, seus pais serem mortos por soldados de um grupo conhecido por Liujin.
Dez anos se passaram, mas a era próspera prevista não chegou e numerosos desastres naturais atormentam o povo. O pergaminho (rolo de bambu) surgiu novamente e é nesse ponto que Taishi Zhao, agora um espadachim experiente, ressurge, dando início a nossa jornada.
Lutando ao lado de grandes aliados
Qualquer pessoa que tenha jogado Dark Souls, The Witcher ou Nioh vai se familiarizar rapidamente com os controles desse game. Xuan Yuan Sword 7 é um ARPG, em terceira pessoa, que se inspirou em uma série de jogos, mas sem deixar de ter um brilho próprio.
A movimentação do personagem é bem fluida e apenas em momentos específicos do game o personagem anda, nos demais, ele corre, facilitando a nossa vida. Além disso, temos totems espalhados pelo mapa, que permitirão que o nosso personagem se desloque rapidamente de um ponto a outro. É importante ressaltar que o jogador precisa ir até o totem e pressionar o botão B, para deixá-lo ativo.
O espadachim conta com uma espada, que pode ser melhorada ao longo da jornada, e com um rolo de bambu. O mesmo que ele recebeu quando era criança. Esse pergaminho permite que o personagem viaje para uma dimensão paralela, conhecida por Elísio. Além disso, o pergaminho permite o uso de dois tipos de magia: o vortex que suga os adversários e o poder de parar o tempo por alguns segundos.
Os indicadores das magias ficam do lado inferior direito da tela. Ao pressionar o botão de defesa, os botões que ativam as magias aparecem. Com isso, o uso desses artifícios acontece de uma forma muito natural. Eu gostei bastante da forma como o estúdio mapeou os controles.
O Elísio é mostrado em vários momentos da história, mas ele pode ser acessado também através do menu. Nesse caso, a dimensão mágica é representada por uma tela estática, onde encontraremos alguns altares.
Esses altares representam, de certa forma, pequenas forjas, que permitirão ao jogador aprimorar diversos itens, como por exemplo: armas, vestimentas, acessórios e outros itens mais.
Taishi Zhao possui também certas habilidades especiais (posturas), que no jogo, são apresentados pelas figuras de animais. Cada postura permite um estilo de ataque diferente e elas podem ser evoluídas, dando acesso a um poderoso golpe. No game temos um total de 7 posturas, 4 normais e três especiais que permitirão o acesso a invocação de criaturas mitológicas.
Para conquistar a postura especial é necessário derrotar a criatura que dá origem a ela. Uma devemos enfrentar obrigatoriamente na história e as outras duas são opcionais. As opcionais são bem difíceis, eu consegui derrotar apenas uma, a outra deixei para uma outra oportunidade. Ambas não atrapalham em nada no desenrolar do enredo.
Outro detalhe importante são os aliados, que diferentemente de muitos jogos que joguei, são inteligentes e partem pra cima dos adversários. Infelizmente temos apenas dois personagens, que não revelarei aqui, que nos ajudarão durante a jogatina.
Uma pena, porque o jogo apresenta excelentes personagens, que poderiam fazer parte do leque de companhias que podem ser controlados.
Os controles desses parceiros são bem simples, nós apenas comandamos os ataques especiais de cada um deles. Isso ocorre da mesma forma da magia, basta pressionar o botão de defesa e o controle desses aliados surgirá, próximo aos da magia.
Confesso que fiquei muito feliz com a dinâmica de luta, principalmente diante de inimigos poderosos, como alguns chefes. Mas a verdadeira batalha aconteceu quando o jogo tentava manter a taxa de quadros.
A beleza dos cenários e os problemas de performance
O título conta com gráficos belíssimos, mas sofre com a taxa de frames. Uma atualização de 10GB diminuiu a queda de frames em alguns pontos, mas em certas situações o game continuava a engasgar um pouco.
Eu não senti isso nos momentos mais frenéticos, como em batalhas contra hordas de inimigos ou contra os chefes. Mesmo assim, o jogador se deparará com esse problema, principalmente em lugares com muita iluminação.
Os personagens são muito bem feitos, embora as mãos de alguns NPCs se movimente de uma forma estranha. No geral, a captura de movimentação dos personagens, monstros, soldados é digna de elogios e você pode conferir no vídeo abaixo um pouco do trabalho do estúdio.
Os cenários contam com um design diferente, dando ênfase aos estilos adotados na China ou em outros países asiáticos. Isso se estende aos puzzles, que de imediato soaram estranhos para mim, ao ponto de querer desistir de um deles. Mas depois de alguns minutos quebrando a cabeça, percebi o quão simples eles eram.
Eu sinceramente não sei qual é o tamanho do estúdio, mas senti que alguns NPCs não tiveram um cuidado especial com relação a aparência, lembrando alguns títulos da geração passada.
Como contar uma boa história
Eu preciso dedicar uma seção dessa análise para a forma como a história foi contada. Ela não é complexa, como as vistas nos jogos da From Software. Mas é justamente pela sua simplicidade, que me rendi totalmente a esse jogo.
A trama se desenrola lentamente no início e aos poucos o desenrolar dos acontecimentos levam os personagens a momentos de medo, raiva, tristeza e em alguns casos de amor. Não pense que o jogo é uma novela mexicana, embora pareça em alguns momentos, no geral, a narrativa é muito bem conduzida.
Alguns detalhes do enredo podem ser explorados através de uma opção no menu, que apresenta uma lista de personagens, contendo fatos que são adicionados na medida que a história evolui. Isso é MUITO interessante, porque o jogo não se presta apenas a mostrar detalhes em cutscenes ou através do diálogos. Os fatos são acrescentados à biografia de cada um, deixando o jogador atualizado dos acontecimentos da trama.
Existem duas maneiras de salvar o progresso no jogo. Uma é a fogueira e o outro os altares de oração. No caso da fogueira, temos duas opções: salvar o progresso ou descansar.
É na opção de descansar que os personagens contam mais detalhes da história e em muitas situações, contam lendas daquele universo, enriquecendo ainda mais o roteiro. Infelizmente o jogo não foi localizado para o nosso idioma. Tive que jogar em espanhol para absorver o máximo possível da história.
A trilha sonora é competente no que se propõe, criando a atmosfera necessária em vários momentos do jogo.
A dificuldade e os loadings
O jogo não é difícil, principalmente nos primeiros minutos de gameplay. Mas na medida que avancei no game, percebi picos elevados de dificuldade em alguns postos de soldados e em algumas batalhas contra chefes.
Eu gosto dos jogos da franquia Dark Souls, por conta disso, estou acostumado com sistemas de dificuldades elevados, mas diferentemente do Xuan Yuan Sword 7, os jogos da From conseguem equilibrar muito bem a dificuldade.
Essa situação me deixou um pouco preocupado, porque se o jogador não for persistente, sentirá que o game está sendo injusto, podendo desistir do jogo. Adoraria que o estúdio lançasse uma atualização que corrigisse isso.
Outro ponto negativo são os loadings, que são um pouco compridos. Eu fazia de tudo para não morrer, para não ter que olhar para a tela de loading.
Vale a pena?
Mesmo escorregando em alguns pontos, eu recomendo o jogo. Eu curti toda a jornada do espadachim Taishi Zhao. Por conta do tempo, eu não completei todas as missões secundárias, mas as que fiz foram suficientemente interessantes para querer voltar ao game e concluir as demais.
Um outro ponto que chamou a minha atenção foi o conteúdo. No meu principal temos acesso ao modo história, ao desafio da torre e ao jogo de tabuleiro.
No caso da torre, temos que vencer o máximo de inimigos com uma barra de energia apenas e sem as posturas. Já o tabuleiro, que nos é apresentado no game em uma das missões secundárias, é uma espécie de trilha. É um game muito interessante, que me prendeu por algumas horas.
Por tudo que o título representa e oferece, recomendo fortemente que o joguem. Hoje (30/09) o game está disponível na Microsoft Store por R$184,95. Para mim, o preço está um pouco alto, aguarde uma promoção e seja feliz com esse fantástico game.
Esta análise só foi possível graças a EasAsiaSoft, que gentilmente nos disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento pela confiança. O jogo já está disponível para Xbox One e Xbox Series X|S e pode ser adquirido por meio do nosso link afiliado no final desta análise.