Análise – Torchlight III

Lançamento
13/06/2020
Desenvolvido por
Echtra Games
Publicado por
Perfect World Entertainment

Recentemente conheci o mangá, corrigindo, o manhwa Solo Leving. Uma obra coreana sobre um rapaz que é considero por todos como o caçador mais fraco do mundo. Na história os caçadores sobrevivem realizando missões em dungeons, que são acessíveis através de portais espalhados pelo país.

A cada missão, uma nova oportunidade de coletar tesouros e fama. O personagem principal, depois de alguns eventos, ganha a habilidade de subir de nível. Algo, até então, raro naquele mundo. Estou tão empolgado com o manhwa, que fiquei feliz com a oportunidade de analisar o jogo Torchlight III.

Claro que ele não tem nenhuma relação com a obra do autor coreano Chugong, mas a questão de dungeons, batalha contra monstros, coleta de itens e outras coisas mais, me deixaram com muita vontade de jogar algo que tivesse essas coisas.

Um pouco de contexto

O estilo ARPG (Action Role Playing Game) possui uma legião de fãs espalhados pelo mundo. Quando um novo título desse segmento é lançado, cria-se um certo burburinho em torno dele. Agora, quando uma sequência de uma franquia já estabelecida está prestes a sair, a comunidade dedicada a ele fica em polvorosa, desejosos por colocar as mãos na nova versão.

A franquia Torchlight nasceu em 2009 nos PCs, posteriormente uma versão foi lançada para o Xbox 360. O game fez um relativo sucesso na época, sendo muito bem recebido pela crítica especializada. Era inevitável a chegada de uma continuação e em 2012 Torchlight 2 foi lançado. Hoje ele é considerado como um dos melhores ARPGs já feitos e possui uma comunidade muito ativa ao redor dele.

Torchlight II

Quando a Runic Games confirmou que um novo jogo da franquia estava em desenvolvimento, os fãs ficaram empolgados novamente. Mas com o passar do tempo, perceberam que na verdade o próximo jogo seria uma espécie de spin-off da franquia, nomeado de Torchlight Frontiers. Um jogo free to play com uma dinâmica um tanto diferente. 

O jogo entrou na fase alpha e os desenvolvedores perceberam que os jogadores não estavam contentes com o que estava acontecendo. A Perfect World Games, agora dona da Runic Games, que posteriormente deixaria de existir, parou o desenvolvimento do Frontiers transformando-o no Torchlight III. Um jogo nos moldes dos anteriores, pelo menos em teoria. O estúdio que tocaria o projeto a partir de agora seria a Echtra Games, que teria como missão principal tornar o jogo um grande sucesso. Infelizmente uma boa parte dos integrantes da Runic foram embora, ficando poucos para dar continuidade no desenvolvimento do game.

Será que a quest de tornar o Torchlight III um grande sucesso foi concluída? Pretendo responder isso nos próximos parágrafos.

Preparando-se para a aventura

Lá estava eu, navegando por águas agitadas, um estranho no meio de tantos outros, destinado, segundo alguns, a salvar a terra de Novastraia. Eu não tive contato com nenhum dos jogos anteriores, portanto iniciei a minha jornada de coração aberto, pronto para aprender e colocar em prática o que o jogo tinha para me ensinar.

Minha primeira tarefa era escolher a classe, a qual eu faria parte. As alternativas disponíveis eram: Forjado, Atirador de Elite, Mestre de Ferrovia e Mago Crepuscular. Analisando cada uma das minhas opções e levando em consideração as minhas limitadas habilidades, pois não tinha a mínima ideia do que eu iria enfrentar, escolhi Atirador de Elite.

Seleção de classes.

Depois disso, o jogo me deu a opção de customizar alguns aspectos da minha aparência, tais como: cor do cabelo, nome, gênero, etc. Em seguida fui conduzido a uma parte do barco, para a seleção de mascotes. Uma criatura que me auxiliará na jornada, tanto no combate, como no carregamento dos itens encontrados pelo caminho. Como um bom fã de Harry Potter que sou, escolhi a coruja e dei o nome dela de Edwiges.

Por fim, chegou o momento de selecionar uma relíquia. Eu selecionei a Flaming Destroyer que me dará acesso a habilidades especiais relacionadas ao fogo. Existem outras opções, cada uma com características únicas. E aqui vai a minha primeira reclamação: ao selecionar uma relíquia, não conseguiremos trocar por outra durante o gameplay. Isso só será possível se criarmos um personagem do zero e iniciarmos uma nova aventura. Ao meu ver, isso é ruim, pois não permitirá que o jogador experimente, para só depois decidir qual a que mais lhe agrada.

O início da jornada

Assim que o barco atracou no entreposto, me foi confiado uma missão importante: lutar contra um grupo de goblins saqueadores, liderados por Matraca, um dos capangas do goblin chefe Carga Pesada. Essa missão introdutória é simples e suficiente para nos acostumarmos com os comandos do jogo. Mas não existe nenhum tipo de tutorial explicando os comandos. Resta ao jogador ir testando na medida que avança.

Enquanto no PC temos o mouse, que agiliza a nossa movimentação e o teclado que nos auxilia de uma forma rápida a acessar determinadas habilidades. No console temos o controle, que ao meu ver, foi muito bem mapeado para suprir a ausência desses dois periféricos.

Lutei contra uma dezenas de inimigos e de repente me vi de frente com o primeiro chefe do jogo. Matraca montado em uma criatura, teimava em querer me derrotar. Mesmo sem muita experiência, consegui derrotá-lo e suprimi o ataque ao entreposto. Não demorou muito e fui incumbido de uma nova missão.

Nesse ponto percebi que o jogo não pararia mais de me dar quests, particularmente eu não me importo com isso. Mas o que começou a me incomodar, foi a falta de tutoriais. Existem algumas informações, muito básicas por sinal, no menu de ajuda. Ao meu ver, uma escolha ruim para os jogadores iniciantes, como eu.

As informações relacionadas as quests ficam no canto superior direito, logo abaixo do mapa. Há a opção de deixá-las ocultas, tanto o mapa, como o guia de missões. Fica a critério do jogador escolher isso através do analógico direito.

Um mundo gigante e vazio

A princípio o mundo do jogo parece ser vasto e incrível. Há uma estátua gigante na entrada do entreposto, disposta em uma posição de defesa, muito bem feita por sinal. Mais a frente, há uma outra caída, dentro de um lugar que lembra uma cisterna. Essa sensação de novidade me tomava a cada nova quest, mas isso não durou muito tempo.

Estátua estilosa.

Assim que nos aventuramos fora do entreposto, local onde receberemos as nossas missões e uma pincelada do que está rolando na história, percebemos que os lugares são simples e iguais na maioria das vezes. Basicamente o mapa está dividido de duas maneiras: masmorras/cavernas na parte subterrânea e missões básicas na parte superior. Tudo isso, conectado através de um labirinto limitado, que depois de algumas horas, começa a se tornar extremamente irritante.

A vegetação e algumas construções tentam dar um toque diferente ao lugar, mas a estrutura simplista e básica está ali, dando um ar de eu acho que já passei por aqui. Isso acontece também na parte subterrânea. No início é empolgante, mas o erro de cima, se repete na parte inferior. Tornando algumas missões extremamente enfadonhas.

O jogo é dividido basicamente em três grandes atos, sendo o primeiro a Floresta dos Goblins. Assim que terminei esse ato, imaginei que o próximo teria um estilo de vegetação diferente, mas não demora muito para percebermos que o local se assemelha demais ao anterior. Combinado a um level design com pouca criatividade o meu animo com o jogo foi diminuindo.

Muitos equipamentos e pouca história

Se tem uma coisa que não podemos reclamar é a quantidade de coisas que conseguimos na medida que derrotamos os inimigos. Ao meu ver é tanto, que o uso do mascote para o envio dos equipamentos para o forte se torna mais que obrigatório.

O Forte é a morada do nosso personagem, onde poderemos guardar as nossas coisas, melhorar equipamentos, desaprender habilidades, decorar o local, etc. A principio pareceu interessante, mas com o passar do tempo, eu só lembrava desse lugar para pegar algumas coisas, antes de sair em missão.

Outra coisa que me deixou frustrado com o game foi o uso dos itens que conquistamos. Eu me deparei com uma quantidade razoável de inimigos de elite, fora os chefes e em nenhum desses casos me vi obrigado a montar uma build adequada para derrotá-los.

Personagem estiloso.

O que eu quero dizer com isso? Que não adianta você ter muitos itens no inventário, basta pegar o que tem o melhor nível, colocar no personagem e sair para o combate. O game não me estimulou a experimentar, trocar ou algo do tipo. Tudo parecia ser extremamente limitado.

Outro ponto que me desapontou foi a história. Ela não precisa ser uma epopeia, mas também não precisa ser um rascunho de história escrita por um aluno da primeira série. Ao meu ver, parece que a história foi colocada no jogo, porque era necessário, simples assim.

Além disso, alguns diálogos, que ao meu ver acrescentariam algo a mais na “história” estão em inglês, sem legenda nenhuma. Mesmo o jogo estando, em teoria, localizado no nosso idioma. Friso em “teoria” porque há algumas informações nos menus de habilidade que estão metade em português, metade em inglês.

Perdendo o controle da situação

Com relação aos controles, eles respondem muito bem aos comandos e o mapeamento dos botões é digno de elogios. Já os menus, com as informações das habilidades e itens, ao meu ver, deixou um pouco a desejar. Além de conter uma quantidade razoável de texto para descrever o item, por exemplo, há casos de sobreposição dos menus, inviabilizando a visualização de certas informações.

Esse problema não ocorre somente no menu principal, mas peguei alguns casos em diálogos com os NPCs, principalmente quanto eu ia receber a minha recompensa por ter completado determinada quest.

Menus, um sobre os outros, inglês com português.

Além disso, temos um pequeno problema com a localização. Algumas partes do menu permanecem em inglês e não há legendas para os áudios/vídeos. Tudo bem que podemos nos virar nos 30 usando um tradutor, mas se há um trabalho de localização, ele tem que ser feito da melhor maneira possível, e parece que não é o caso do Torchlight III.

Com relação aos gráficos, ele é bom em alguns aspectos, mas em outros deixa a desejar. Quando há uma quantidade considerável de inimigos na tela, a taxa de frames cai absurdamente, tirando um pouco da imersão do jogo. Fora isso, tive problemas com itens que eram apresentados no menu, mas que teimavam em permanecer na tela, mesmo com o menu fechado.

Como senão bastasse, a música simplesmente para de tocar do nada. Ficando apenas os efeitos sonoros e o som ambiente. Isso aconteceu comigo várias vezes. Tudo bem que as músicas não são memoráveis, mas o modo mudo, ativado do nada, me tirou da imersão várias vezes.

O nível de dificuldade é outra coisa que parece estar fora do controle. Eu iniciei o game no nível normal. Depois de algumas horas jogando, me senti o melhor jogador do mundo. Achei estranho e fui dar uma fuçada na internet sobre o assunto. Em todos os lugares a galera recomendava jogar o game na dificuldade máxima, porque na normal não teríamos nenhum tipo de desafio. Fiz isso imediatamente e continuei me sentindo o melhor jogador do mundo. As recompensas melhoraram, a quantidade de inimigos aumentou consideravelmente, mas a mesmice continuou no mesmo nível.

Veredito

Eu queria muito gostar do Torchligth III, infelizmente eu não curti o jogo. Há coisas boas nele, como por exemplo as árvores de habilidades, mas isso não foi o suficiente para me conectar ao game. Para que você, caro leitor, tenha a dimensão do meu desapontamento, eu tive que terminar o primeiro ato, para só no final dele enfrentar um chefe com ataques criativos. Pois os demais, todos praticamente, usavam ataques semelhantes, sendo o mais comum o uso da habilidade de jogar rochas do céu.

Depois da minha primeira jornada, eu tentei jogar com uma outra classe, no caso o Forjado, que ao meu ver, é mais interessante que o Atirador. Mas as repetições sem fim e o level design pouco inspirado me fizeram desistir dessa nova empreitada rapidamente.

Volto a dizer, eu não tenho nenhuma experiência com a franquia, mas a falta de tutoriais para iniciantes, a falta de criatividade das quests, a ausência de uma história que tivesse a capacidade de conduzir o jogador ao longo da jornada, tornaram a minha experiência com o game extremamente frustrante. Fora os problemas técnicos que foram constantes durante o gameplay.

Esta análise só foi possível graças a Perfect World Games que gentilmente nos disponibilizou uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso agradecimento e confiança.

Análise - Torchlight III
Conclusão
Torchlight é uma franquia de sucesso e muito amada pelos fãs. Infelizmente a forma como o projeto começou, não contribuiu para o resultado final. Tornando-o um jogo chato e repetitivo.
Gráficos
7.1
Jogabilidade
4
Som
4
Diversão
3
Prós
O mapeamento dos botões foi feito de uma forma muito competente.
As árvores de habilidade, com ótimas opções.
Contras
Bugs nos gráficos e nas músicas.
Level Design limitado.
História simples e sem criatividade.
Personagens esquecíveis.
Níveis de dificuldade, sem dificuldade.
Batalha contra chefes desepcionantes.
4.5
Sem graça
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