O pai tá on!
É isso mesmo! Se você não entendeu, saiba que a franquia Wasteland existe desde a década de 80.
Mas como assim o pai tá on? Pois é, Wasteland serviu como uma inspiração para nada mais nada menos que Fallout!
Inclusive a equipe que desenvolveu os Fallout originais fazia, em sua maioria, parte da equipe de desenvolvimento de Wasteland!
Agora, a franquia volta com força total, trazendo lore rica, mecânicas robustas e talvez tenhamos uma grande franquia sob os braços da Xbox Game Studios no futuro.
A IMPORTÂNCIA DE WASTELAND PARA A INDÚSTRIA
A título de ilustração, vamos aos detalhes. O primeiro jogo da franquia Wasteland foi lançado em 02 de janeiro de 1988, para Commodore 64, Apple II e DOS.
O título foi desenvolvido na época pela Interplay Productions e publicado pela Eletronic Arts (EA), sendo muito inspirado no filme Mad Max (1984). Apesar do sucesso de críticas na época, questões de decisões internas impediram o desenvolvimento de uma sequência.
Em 1997 foi lançado Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game (ou se preferir, apenas Fallout), e quem desenvolveu este primeiro Fallout? Sim, Interplay Productions, sendo considerado um sucessor espiritual da série Wasteland, que também foi um sucesso crítico e financeiro.
A partir daí, a série Fallout deslanchou, sendo lançado a sua sequência em 1998.
Apesar disso a Interplay Productions teve sérios problemas financeiros o que fez vender a IP Fallout para ninguém mais ninguém menos que Bethesda! E o resto vocês já conhecem.
Mas e Wasteland? Pois é, a série ficou parada todo este tempo enquanto seu “filho” Fallout estava cada vez mais entrando para o mainstream.
Foi a partir da fundação da InXile Entertainment em 2002 que tudo mudou. A empresa através de seu fundador, Brian Fargo (que estava na Interplay e trabalhou a frente de Wasteland e Fallout), conseguiu arrecadar quase 5 milhões de dólares em financiamento coletivo (recorde na época) para produzir Wasteland 2.
O game foi lançado em 2014 e foi bem elogiado, se atendo às raízes de seu antecessor em questão de jogablidade ou seja, mantendo a visão isométrica.
Em 2018, A Microsoft anunciou a compra da InXile Entertainment, que na época já estava em desenvolvimento do Wasteland 3. A injeção de ânimo (dinheiro) na equipe foi enorme e finalmente, em 28 de agosto de 2020, foi lançado Wasteland 3.
Sim, o pai de Fallout, e sim, o pai tá on! Isso te lembra algo?
SOBRE WASTELAND 3
Antes de mais nada, vale ressaltar que eu mal joguei os games antigos (1988 eu nem era nascido cara!). Tentei jogar o remaster do original e o 2 recentemente, mas não consegui ficar preso no jogo (me arrependo).
Wasteland 3 se passa por volta 5 anos após os eventos de Wasteland 2. Mais uma vez você faz parte do grupo Desert Rangers (uma espécie de xerifes) que estão passando por dificuldades em sua sede em Arizona.
Sob as ordens do General Wade Woodson, os Rangers viajam até Colorado (com muita neve) para buscar enorme quantidade de suprimentos com Patriarch (Patriarca), um líder local. Ocorre que você faz parte de uma segunda equipe, pois a primeira equipe enviada, liderada pela Ranger Angela Deth sumiu e não há notícias.
Sua missão é descobrir o que houve com a primeira equipe enviada e assegurar que os mantimentos sejam enviados à Arizona, só que nada é tão simples assim.
Ao chegar em Colorado, a Team November (sua equipe), acaba sendo emboscada pelos Dorseys, uma “gangue” local. É aí que o game começa.
A CUSTOMIZAÇÃO DO PERSONAGEM
Como todo bom e velho RPG, logo no início você criará seu personagem. O jogo traz algumas opções prontas com background dos personagens interessante, mas você pode também dar espaço para a sua criatividade e cria-los.
Sim, no plural, pois é necessário que você crie dois personagens principais. Ali, você escolhe a aparência, personalidade, atributos, classe e muito mais.
No início a impressão que dá é que a customização é pobre, ocorre que ao longo do jogo você estará sempre mexendo e customizando os personagens mais e mais! Olha, vou ser sincero que a personalização no geral me surpreendeu bastante!
Durante o jogo você controlará até 6 membros no seu esquadrão, e o importante é que cada um seja diferente entre si.
A variedade de armas e armaduras são imensas. Ao longo de TODO o game você vai achando novos equipamentos que mudam não só os status dos personagens, mas também a aparência deles (e muda bastante).
Pra não deixar de lado a comparação com seu “filho” Fallout, nesse jogo, se você é fã, encontrará inúmeras semelhanças. Já vou adiantando que tem Power Armor, como na imagem abaixo:
E não podemos esquecer dos veículos! Nas explorações você usa uma espécie de tanque de guerra, que é bem customizável também, podendo mudar armas, armaduras, inteligência artificial , aparência e até a BOZINA!
AS ESCOLHAS AQUI REALMENTE IMPORTAM
Não dá para falar de escolhas sem falar em Quests. As Quests são um ponto muito forte em Wasteland 3, pois a dificuldade do jogo te mantém sempre ligado nos recursos que a cada combate “torram”.
O melhor jeito de conseguir Loots é por meio dessas missões ou quests, além disso você toma decisões que a princípio pode não mudar a curto prazo, mas a longo prazo sim.
As quests são organizadas por nível e logo no início do jogo você recebe basicamente três missões principais. A primeira missão é recomendada que você e seu esquadrão tenha nível 9, depois 17 e por último 19.
Esse espaço te obriga a fazer várias side quests presentes no jogo, e por sorte, são bem interessantes, (caso fossem ruins, seria um grande problema). Mas não, no geral as quests são muito bem escritas e com desfechos muito bons e ótimas (e necessárias) recompensas.
Eu fiquei impressionado de na cutscene final do jogo, muita coisa que fiz lá atrás tiveram de fato um desfecho apresentado, isso é muito interessante pois as escolhas que fiz ao longo do jogo foram muitas, dando a possibilidade de inúmeros finais!
AS MECÂNICAS FAZEM PARTE DO JOGO DE FORMA ORGÂNICA
Aqui é onde o jogo brilha. Tudo, eu disse TUDO que você faz de ações ao longo do game é baseado na ficha do seu personagem, alguns exemplos:
– Você vê uma armadilha e para desarmá-la você precisa ter 3 pontos em Sneak ou Explosives dependendo do caso.
– Caso você veja um baú trancado, você precisa de certo nível de Lockpick.
E não é só isso, além de ser necessário certo nível de habilidades, o jogo te oferece outros meios de conseguir passar por aquele obstáculo. Porta trancada e não tem habilidade? Arromba! Bau trancada? Quebra tudo! As possibilidades são bem grandes.
Todo o jogo gira em torno do conjunto de habilidades que seus personagens tem, inclusive isso também se reflete nos diálogos. Certas opções de diálogos só aparecem caso você cumpra o requisito de certa habilidade.
Você pode encontrar uma pessoa ferida e por ter determinados pontos em First Aid (primeiros socorros) e com isso você tem a opção de ajudar esta pessoa, podendo liberar eventualmente novas Quests ou Loots.
O COMBATE ENGRENA AOS POUCOS
Se você é fã de RPGs como Divinity ou de jogos em turnos como XCOM, você está feito!
O combate (em turnos) a princípio parece ser simples, mas logo quando você vai evoluindo os seus personagens e adquirindo os perks de habilidades, o combate começa a brilhar.
A possibilidade de usar o ambiente no combate dá um tempero estratégico ainda maior, equipamentos como granadas (de vários tipos), metralhadoras posicionáveis, armadilhas e outros tantos adiciona ainda mais sabor neste combate.
A IA não é boba, se você pisar na bola ela acaba com você, ainda mais quando se trata de acertos críticos. É importante falar que o jogo no normal (Wastelander salvo engano) tem uma dificuldade bem justa, mas as vezes tem um pico de dificuldade que não dá para entender.
Sem contar que aqui temos outra semelhança com Fallout, lembra do VATS? Aqui o personagem possui uma habilidade, uma espécie de Ultimate que faz com que você mire especificamente em uma parte do corpo do inimigo, podendo causar efeitos variados e estratégicos.
A TRILHA SONORA VAI SURPREENDER
Curte as trilhas sonoras de Red Dead Redemption? São nessa linha, algumas até remetem a série Peaky Blinders.
A trilha sonora é bem enxuta, sendo em sua maioria músicas ambientes que variam bastante indo de um country até eletrônicas, mas em momentos chave (combate com algum boss), trilhas como Battle Hymn of the Republic e Blood of the Lamb vão te empolgar!
GRÁFICOS BEM TRABALHADOS
Wasteland 3 é um jogo que se passa em Colorado, com uma neve sem fim, por isso, a InXile se deu o trabalho de caprichar!
Você não vai ver outro ambiente senão neve, neve e mais neve, mas isso não quer dizer que o jogo não seja bonito. Apesar de não ter tanta variação os modelos são bem trabalhados, luzes e sombras muito bem feitos e talvez seja um dos RPGs ao estilo isométrico mais bonito até o momento. Isso vale também paras os consoles base como Xbox One e PS4.
A DUBLAGEM TRAZ VIDA
Se não fosse a dublagem nesse game, muito da experiência entregue estaria faltando. As atuações de vozes são impecáveis e a qualidade de áudio é muito boa.
Certamente em algum momento você vai se emocionar com bonequinhos parados conversando. Mas só pelo fato dos atores que estão ali dublando e passando essas emoções com uma intensidade e qualidade tão boas, é que define bem a essência do RPG, histórias bem contadas.
FEITO PARA DURAR HORAS, DEZENAS
O game é longo, aproximadamente 50 horas, podendo até ser mais. Uma pena o App do Xbox Game Pass de Pc não mostrar as horas jogadas (necessita urgentemente), mas acredito que terminei nesse tempo.
Isso se deve à necessidade de que seus personagens estejam em determinado nível para começar as quests, você pode até fazer no nível mais baixo (boa sorte), mas o ideal é estar pelo menos 1 nível abaixo do recomendado.
Somando a personalização, escolhas e mecânicas que não são nem de longe exploradas em sua totalidade, o fator replay é muito importante, fazendo com que na próxima vez que for jogar, lhe traga uma experiência totalmente nova.
NEM TUDO SÃO FLORES
Pois é, nenhum jogo é perfeito, e Wasteland 3 está longe de chegar perto. Loading são estupidamente longos (joguei em um PC com SSD NVMe e mesmo assim são demorados), bugs são críticos ao ponto de quebrar seu save e por ai vai.
Tive uma experiência bem frustrante com um crash de jogo que deu em uma das missões finais e por mera SORTE eu tinha um save de 3 – 4 horas atrás e fiz load. Tive que fazer escolhas totalmente diferentes somente para conseguir passar daquela parte. Inclusive tive que diminuir a dificuldade para o mais fácil para conseguir passar sem maiores problemas, pois caso eu tentasse resolver a quest do jeito que queria o jogo iria crashar.
O suporte do jogo tem sido bem atencioso, patches já foram lançados mas os bugs continuam, e são bugs bem intensos.
Caso você não entenda inglês, terá que esperar para legendas, pois até momento desta análise não tem legendas em português. Mas a InXile já confirmou que teremos legendas em português ainda em 2020. Para um jogo com uma lore rica, vale a espera.
A dificuldade, como já falado, tem picos e oscila bastante. Uma hora você consegue lidar com todos ou inimigos com uma dificuldade adequada, na outra, antes mesmo de chegar no seu turno você já pode ter perdido 4 de 6 membros do seu esquadrão.